sábado, 24 de maio de 2008

9th Wonder & Jean Grae: Jeanius

O famoso álbum de 9th Wonder e Jean Grae, que há muito tempo vazou na net e logo foi considerado um clássico, finalmente será lançado oficialmente. Segundo consta, existem algumas modificações em certas faixas, além de estas estarem devidamente mixadas e masterizadas. O disco virá com quatro capas diferentes, todas homenageando algum disco clássico do rap:Dead Serious, do Das EFX, It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back, do Public Enemy, Only Built 4 Cuban Linx, do Raekwon, e A Wolf In Sheep's Clothing, do Black Sheep.

Este álbum foi feito em 2004, época em que 9th Wonder estava começando a ficar conhecido no meio do rap, graças ao sucesso do álbum de estréia do Little Brother. Em Jeanius, é facilmente perceptível o estilo de produzir do cara, abusando de excertos de soul e samples vocais, o que passa aquele clima tranqüilo característico. Em algumas músicas, a fórmula acaba tornando-se um pouco repetitiva, e alguns beats não impressionam. Porém, quando 9th acerta a mão, a satisfação é garantida: Don't Rush Me é minimalista, um sample vocal discreto no fundo e alguns elementos esparsos se alternando; em Think About It, as caixas ficam mais pesadas e os metais soam mais agressivos, dando o ritmo da faixa; por fim, American Pimp tem um loop simples, mas muito bom, e conta com boa participação de Median.

Embora seja considerada uma das grandes emcees femininas, sinceramente Jean Grae não me impressionou tanto neste álbum. A voz dela não tem tanta distinção, não transmite muita emoção, embora seja inegável que ela tenha um flow muito bom, embora meio "técnico" demais. Quando os beats são um pouco abaixo da média, o resultado é algo um tanto monótono. Ela definitivamente tem talento, mas acho que ainda precisa evoluir em alguns aspectos. No mais, Jeanius é um álbum agradável, com algumas boas músicas, mas não tão bom quanto eu achava antes de escutá-lo com atenção. Ainda assim, na cena atual, está acima da média.

9th Wonder & Jean Grae - Jeanius
1. Intro
2. 2-32s
3. Don't Rush Me
4. My Story
5. The Time Is Now
6. Billy Killer
7. Think About It
8. #8
9. American Pimp
10. This World
11. Love Thirst
12. Desperada
13. Smashmouth

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Vídeo da faixa Love Thirst:

segunda-feira, 19 de maio de 2008

J-Live: Then What Happened

Outro artista bem conhecido no underground com disco novo saindo. J-Live é um professor/emcee/dj/produtor, ou seja, o cara é bastante versátil. Autor de alguns clássicos do rap, como The Best Part e The Hear After, ele acaba de lançar Then What Happened, com produções de beatmakers respeitados como DJ Jazzy Jeff, Evil Dee, Nicolay, Oddisee, DJ Spinna e DJ Nu-Mark.

O disco é muito bem produzido, com uma variedade de "atmosferas" bastante consistente. As faixas mais calmas do disco estão em mesma proporção às mais aceleradas, criando uma transição interessante. Com um ótimo time de produtores por trás do álbum, não é de se espantar a qualidade dos beats, mas é bastante elogiável a forma como J-Live orquestrou e organizou as músicas no trabalho. Destaque para The Upgrade, uma mistura de samples vocais cheios de soul e solos jazzísticos, cortesia de Oddisee; The Understanding segue a linha relax e ainda conta com o próprio J-Live nos scratches; The Last Third retoma o jazz do disco, com um ótimo sample de sax. No final do disco, somos brindados por The Zone, uma faixa cheia de suíngue produzida pelo DJ Nu-Mark, e We Are!, um batidão pesado guiado por outro sample vocal, feito sob medida pelo parceiro de longa data do emcee, DJ Spinna. Para finalizar o disco em grande estilo, Nicolay deixa a bateria menos pesada para o clima nostálgico de You Out There.

Nas rimas, J-Live continua relevante. Além dos assuntos variados, o que mais chama atenção nele é a criatividade nos versos, na forma como os estrutura, sempre com métricas diferentes. Junte isso a um flow super natural e uma voz agradável, e temos um grande emcee. Como boas rimas não são nada sem um significado, o cara aproveita o talento para dar conselhos diretamente à juventude em What You Holdin'?. Ele ainda disserta sobre o hip hop em It Don't Stop e The Zone, declara guerra às gravadoras em One to 31 e, por fim, torna-se mais introspectivo em The Last Third, em que conta o fim do seu relacionamento com a ex-mulher, e You Out There, uma coletânea de pensamentos que vai desde o seu status no rap até como cuidar dos filhos.

J-Live é daqueles artistas que dificilmente lança um trabalho abaixo do nível. Neste álbum novo, ele continua com flow e letras afiados, e conta com grandes produtores igualmente consistentes. O resultado é um álbum que, se não traz nada de novo, ainda é capaz de oferecer boa música, com rimas inteligentes e beats bem elaborados. Não é um clássico, mas certamente renderá boas músicas para o seu MP3 player por um bom tempo.

J-Live - Then What Happened
1. One To 31
2. Be No Slave
3. The Upgrade [feat. Oddisee & Posdanous]
4. It Don't Stop
5. The Understanding
6. The Last Third
7. Ole [feat. Oddy Gato]
8. What You Holdin'
9. Oowwee
10. The Zone [feat. Chali 2na]
11. We Are!
12. Simmer Down
13. You Out There

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Lone Catalysts: Square Binizz

Lone Catalysts é uma dupla de rap formada pelo emcee J. Sands e o produtor J. Rawls, famoso por ter sido um dos produtores do clássico álbum do Blackstar, formado por Mos Def e Talib Kweli. O grupo já lançou dois álbuns - Hip Hop e Good Music - bastante elogiados pelos críticos. Agora, a dupla lança Square Binizz, aparentemente um álbum novo. Eu não tenho muita certeza se este é um lançamento oficial, porque não teve nenhuma divulgação, nem no myspace dos caras. A única pista é que uma das músicas do disco está no myspace do J. Sands, como se fizesse parte realmente do álbum, embora estivesse indicado como sendo lançado apenas no Japão.

Dúvidas à parte, o álbum mantém a consistência da dupla, com produções muito bem elaboradas por Rawls, que é claramente a estrela do trabalho, embora J. Sands não seja um mau emcee. Como o trabalho tá bem "escondido", não dá para avaliar as letras dele, apenas o flow. Por isso, vou me focar mais na sonoridade do que no liricismo presentes no disco.

Como dito acima, J. Rawls continua produzindo trabalhos de bom nível. Os beats são simples, sem muitas invenções, mas ainda assim criativos e diversificados. O clima predominante do disco é aquele mais relaxado, para ouvir tranqüilo em casa. Apesar disso, ainda existem alguns sons mais "pra pista", como a suingada Pass The Moey e a acelerada Make It Better. Entretanto, é nos sons mais relax que está a força do disco, com faixas como Window Seal(sample vocal muito bom), Hit The Studio, a funky The Numbers, a estilo-dj-premier Cash Rules, além de How Long Will You Need Me - outra com um sample vocal sensacional.

Enfim, oficial ou não, este é outro álbum que vale a pena ter na coleção. J. Rawls é um dos grandes produtores do jogo, embora não tenha tanto "marketing" em cima. Com beats tão bons, Square Binizz é um álbum recomendadíssimo para ouvir em casa, relaxando, pensando na vida.

Lone Catalysts - Square Binizz
1 Window Seal feat. W. Ellington Felton
2 Ni**a Please
3 Good To Going
4 Act Like You Know Me
5 The Visual
6 Pass The Moey (The Afterparty)
7 Hit The Studio (Dead The Afterparty)
8 Red Black And Green
9 The Numbers
10 Make It Better
11 How Long Will You Need Me
12 Manhattan feat. Main Flow and Trav Dav
13 Lone Catalysts (Danny Breaks Remix)
14 The Cash Rules
15 Make It Better (DJ Mitsu The Beats Remix)

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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Killah Priest: Behind The Stained Glass

Álbum novo de Killah Priest, talvez o mais talentoso afiliado do Wu-Tang Clan, membro do grupo Sunz of Man, entre outros. O cara é considerado um dos mais talentosos emcees no jogo, embora isso não garanta a ele sucesso comercial. Seu último trabalho, The Offering, foi lançado ano passado e foi considerado aqui no blog um dos dez melhores do ano, graças às letras bem trabalhadas de Priest.

Behind The Stained Glass, como o próprio Priest afirmara, tem a mesma pegada do álbum anterior. As letras continuam complexas, espirituais. A única mudança significativa reside na produção do álbum. Com a maioria das faixas sendo produzida por DJ Whool, dá para perceber uma sonoridade mais sombria, com beats mais lentos, um uso maior de strings como sample. Profits of Man e 4 Tomorrow, o primeiro single, são os maiores exemplos deste estilo. O resultado final é muito bom, de grande consistência, talvez superior a The Offering, explicado talvez pela predominância de um produtor durante o álbum. Outros beats que se destacam são: I Am e The Beloved - as mais sombrias do disco - além de Jeshurun e Gods Time, cujo uso de samples de piano deixam o clima menos carregado. Fora o trabalho de Whool, Hood Nursery, de Magnetic, merece menção, devido à complexidade do beat, composto por strings e pianos muito bem compostos.

Se no último disco Killah Priest pisou em novos terrenos para suas letras, neste a equação se inverte. Ele mergulha fundo nos seus temas prediletos, tornando-se ainda mais complexo e profundo. Em 4 Tomorrow, ele mergulha fundo nas indagações sobre o futuro, relatando a morte da irmã; Redemption fala sobre a relação de Priest com sua fé, embora o "aleluia" no refrão seja dispensável; Profits of Man tem o emcee recontando sua carreira, refletindo sobre isso; Hood Nursery, entretanto, tem o conceito mais interessante, com Priest usando as rimas infantis para criar a letra, algo similar a um emcee brasileiro fazer uma música usando cantigas como "atirei o pau no gato" ou "batatinha quando nasce...". Obviamente, a infantilidade fica só nestas linhas.

Com este disco, Priest se afirma como um dos bons emcees do jogo, embora seu trabalho não seja tão visível fora da comunidade de fãs do Wu-Tang Clan. O tipo de música que ele faz também contribuiu: não existem músicas para rádio, apenas letras complexas falando sobre assuntos abstratos, com beats nem um pouco dançantes. Além disso, ele é um emcee completo: tem um flow impecável, uma escrita bem elaborada e estilo próprio. É uma pena que poucos prestem atenção nele.

Killah Priest - Behind The Stained Glass
01. I Believe (Prod. Kount FiF)
02. 4 Tomorrow (Prod. DJ Whool)
03. A Crying Heart (Prod. Thoro Tracks)
04. Hood Nursery (Prod. Magnetic)
05. Redemption ft. Jeni Fujita (Prod. DJ Whool)
06. Profits of Man ft. 60 Second Assassin (Prod. DJ Whool)
07. The World (Prod. C sik)
08. Vintage [Things We Share] (Prod. Dirty Needlez)
09. Looking Glass ft. Allah Sun [R.I.P.] (Prod. 4th Disciple)
10. I Am (Prod. DJ Whool)
11. The Beloved [The Messenger] (Prod. DJ Whool)
12. Jeshurun ft. Victorious (Prod. DJ Whool)
13. Gods Time (Prod. DJ Whool)
14. Born To Die ft. Victorious (Prod. DJ Whool)
15. O Emmanuel [Zoom] (Prod. DJ Whool)
16. The End Is Coming [Bonus] (Prod. DJ Whool)

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Vídeo da faixa 4 Tomorrow:

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Kidz In The Hall: The In Crowd

Segundo álbum da dupla formada pelo emcee Naledge e o produtor Double-O. Este é o primeiro a ser lançado pela Duck Down Records, mesma gravadora do Boot Camp Clik. O álbum de estréia do duo, postado aqui há pouco tempo, fez muito barulho nos EUA, o que rendeu aos caras este contrato com uma gravadora maior. Eles são considerados o novo Little Brother do rap americano. Dá para perceber a moral deles só pelas participações deste novo álbum: Phonte, Masta Ace, Black Milk, Guilty Simpson, Sean Price, Buckshot, Pusha T e Bun B, entre outros.

Mesmo com tantas boas participações, Double-O e Naledge ainda mantém-se como as estrelas do show. O produtor lança mão de uma variedade invejável de samples e batidas, com um toque soul de fazer inveja a nomes como 9th Wonder. A grande diferença é a habilidade para criar música um pouco mais voltada para o mainstream, como é o caso do single Drivin' Down The Block. Entretanto, é nos vocais sampleados, na seleção de metais e strings que está a força do grupo.

Black Out, a faixa de abertura, é totalmente funky e mostra o caminho que os moleques estão tomando; Middle of the Map Pt 1 & 2 são ambas pesadas e complexas, com ótima participação de Guilty Simpson; The Pledge é outro instrumental encharcado de soul, com um vocal sampleado e os anfitriões da Duck Down - Buckshot e Sean Price - quebrando tudo. Ainda há tempo para faixas mais aceleradas e mainstream, como Love Hangover, a tradicional faixa romântica, e The In Crowd, na qual Naledge absolutamente domina o beat. Para finalizar os (muitos) destaques do álbum, o emcee faz sua autobiografia em Inner Me, sobre um beat mas tranqüilo, que combina perfeitamente com o tema.

The In Crowd acaba por confirmar o amadurecimento dos moleques que surgiram relatando sua vida escolar e foram parar em uma das maiores gravadoras de rap. Com mais um álbum de qualidade, a dupla confirma sua consistência e qualidade. Se no álbum de estréia, os samples de jazz foram proeminentes, neste segundo trabalho a atmosfera dos anos 70 está presente e atualizada, segundo a visão das crianças de hoje.

Kidz In The Hall - The In Crowd
01. Black Out (feat. DJ G.I. Joe)
02. Paper Trail (feat. Phonte)
03. Drivin' Down The Block (Low End Theory) (feat. Masta Ace)
04. Lucifer's Joyride (feat. Travis McCoy)
05. Snob Hop (feat. Camp Lo)
06. Mr. Alladatsh*t (feat. Donnis & Chip Tha Ripper)
07. Love Hangover (feat. Estelle)
08. Let Your Hair Down (feat. SKyzoo & Lil' Eddie)
09. Middle Of The Map Pt. 1 (feat. Fooch)
10. Middle Of The Map Pt. 2 (feat. Black Milk & Guilty Simpson)
11. The In Crowd (feat. Tim William)
12. The Pledge (feat. Sean Price & Buckshot)
13. Inner Me
14. Drivin' Down The Block (Remix) (feat. Pusha T, Bun B & The Cool Kids)

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Vídeo da faixa Drivin' Down The Block:

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Letra Traduzida: Atmosphere - Yesterday

Esta é uma faixa do álbum novo do Atmosphere, chamado When Life Give You Lemons, You Paint That Shit Gold. É uma música que o Slug, emcee do grupo, fez para o seu pai. Na minha opinião, é a melhor do álbum: além da letra ser muito boa, o beat é muito bem feito, e casa certinho com o tema.

Artista: Atmosphere
Álbum: When Life Give You Lemons, You Paint That Shit Gold
Música: Yesterday - ONTEM

[ Verso I ]
Eu pensei que tivesse te visto ontem
mas eu não parei porque você estava andando na direção oposta
eu acho que eu poderia ter gritado seu nome
mas mesmo se fosse você, eu não saberia o que dizer
nós podemos sentar e se lembrar da velha escola
talvez dividir um cigarro, porque somos dois tolos
cortar tudo e comparar perspectivas
vida, amor, estresse e obstáculos
sim, você poderia me dizer como foi difícil conseguir vencer
e poderia me mostrar todas as cicatrizes por trás disso
e nós podemos analisar cada reclamação
esmiuçá-las e explicar todos os erros que eu cometo
eu gosto de emaranhar as cordas dos bonecos
mas você me conhece desde quando eu era criança
você viu Sean em todos os tipos de vida
e eu gostaria de te perguntar se estou fazendo tudo certo

[ Refrão ]
Ontem, aquele era você?
Parecia com você
coisas estranhas que minha imaginação pode fazer
respire fundo, reflita sobre tudo aquilo que nós passamos
ou eu estou apenas ficando maluco porque sinto sua falta?

[ Verso II ]
Eu estou com medo, eu sei
eu empurrei quando deveria ter puxado pra mim
pegar tudo de volta se pudesse, e colocar na minha alma
e eu faria um bom ouvinte acima da média
se você pudesse passar um tempo para ficar por aqui
desde que nós seguimos nossos caminhos separados
eu tenho saído com um monte de garotas
que me remetem ao passado
eu não posso fingir, eu estou me divertindo bastante
mas será uma merda se eu não tiver medo de quanto tempo isso vai durar
sentado aqui, desejando que nós pudéssemos conversar
dê-me suas opiniões, eu sinto falta das suas críticas
eu não quero ficar distante
faça uma visita
eu vou esperar e manter o café quente na cozinha
mas quem eu quero enganar com isso?
não há maneira de eu e você alguma vez reabrir isso
não importa, isso é mais do que amor
e talvez se eu tiver sorte, eu vou te ver em alguma esquina

[ Refrão ]

[ Verso III ]
E quando você foi embora, eu não vi nada chegando
eu acho que eu dormi, não foi como se você estivesse correndo
você chegou de mansinho na porta da frente
e eu estava tão absorto que nem mesmo soube
e na hora que eu olhei, foi meio apressado
coloquei tudo atrás de você, as coisas boas e ruins
uma casa inteira cheia de sonhos e missões
eu acho que você ficaria impressionado com os pedaços que guardei
você desapareceu, mas a história continua aqui
é por isso que eu tento não chorar quando sinto cheio de suor
eu nem mesmo posso ficar zangado porque você foi embora
ter me deixado foi provavelmente a melhor coisa que você já me ensinou
eu sinto muito, é oficial - eu fui um mão-de-vaca, não fiz as coisas simples
uma moeda no meu ombro, raiva nas minhas veias
tinha tanto ódio, que agora sinto vergonha
nunca pensei no mundo sem você
e eu prometo que eu nunca vou dizer outra coisa má sobre você
eu pensei que tivesse te visto ontem, mas eu sei que não foi você
porque você já se foi, pai

[ Refrão ]

sábado, 3 de maio de 2008

Lost Secret: Queens Hall of Science

Lost Secret é uma dupla de rap formada pelo veterano produtor G-Clef da Mad Komposa e o novato emcee Archangel Metatron. G-Clef é relativamente conhecido por alguns trabalhos com afiliados do Wu-Tang Clan e alguns remixes de músicas do grupo. Uma curiosidade sobre esta dupla é que ambos são maçons, o que se torna evidente em várias músicas deste álbum, que é o primeiro da dupla.

Queens Hall of Science segue a linha de grupos como o Sunz of Man, com letras inteligentes, tratando de temas históricos e religiosos, além de teorias de conspiração. Porém, o carro-chefe do álbum é a produção de G-Clef, sempre sombria, pesada, com samples criativos e bem usados. A influência do Wu se faz presente nos vários interlúdios de filmes - no caso do álbum, sobre maçons - antes das músicas.

O produtor ainda tem tempo para revisitar alguns clássicos, como é o caso de Arrest the Planet - remake de Arrest The President, do Tragedy Khadafi - e Here We Go Again, que usa o mesmo sample de Jah World, do Wu-Tang. Quando cria a partir do zero, G-Clef também faz bonito: Les Mysteres, a faixa de abertura, tem um refrão de colagens à la Premier e um piano no fundo; You Suck tem um sample de violino e traz um clima que poderia ser encontrado facilmente em qualquer álbum do Jedi Mind Tricks. Mas o ápice do clima sombrio aparece em Sixteen Crucified Messiahs, com strings sinistros; e Sicilian Combat, que remete ao clima mafioso de Only Built 4 Cuban Linx. Para finalizar, Requiem For The Fallen Soldier mantém o clima sinistro, dessa vez com um belo sample vocal do Audioslave, no refrão.

Líricamente, Metatron é um emcee bastante promissor. Tem um flow interessante e criatividade nas rimas, além de bons conceitos, mesmo se perdendo em algumas músicas. Entretanto, o que prejudica o álbum é quando G-Clef divide o microfone. Embora bom produtor, ele tem uma levada quebrada, perde o ritmo às vezes, além de falar coisas às vezes desconexas, como "todos os seres humanos precisam morrer". De qualquer forma, ainda existem boas rimas em faixas como Sixteen Crucified Messiahs, uma crítica feroz à Igreja; Requiem For The Fallen Soldier, um tributo ao falecido Weldon Irvine; a ode à Costa Leste em Wild Wild East; além da introdução ao mundo maçom em Les Mysteres.

Apesar de o emceeing do álbum não ser tão consistente quanto a produção, Queens Hall of Science ainda é valoroso, ainda mais para fãs do Wu-Tang Clan e seus afiliados: ele mantém o estilo turvo de produção, e fala de temas interessantes, diferentes do que geralmente ouvimos em outros grupos. Em suma, para quem busca batidas pesadas e letras diferentes, Lost Secret é um grupo altamente indicado. Os maçons estão chegando ao hip hop...

Lost Secret - Queens Hall of Science
01: Intro
02: Les Mysteres
03: You Suck
04: Sixteen Crucified Messiahs
05: What if God Was a Girl (feat. Jakineko)
06: Wild Wild East (feat. B.'.Yakin Allah)
07: The Biff Song (feat. Christbearer & Storm Da Ghetto Mutant)
08: Sicilian Kombat (feat. Storm Da Ghetto Mutant, Blakspik, Infamous Mr. Savage & Malik Kahaar Ali)
09: Godz & Masonz (feat. Blakspik & Buddha Monk)
10: Conspiracy Theory (feat. D the Dragon)
11: Lost Secret
12: Requiem for the Fallen (feat. Malik Kahaar Ali & Mowie Kei)
13: Mad Hatter
14: Delta Force 2007 (feat. Ced Gee)
15: Arrest the Planet (feat. Seoul Kid Mike)
16: March of the Damned
17: Here We Go Again (feat. Allah Real)
18: End of the Beginning (feat. Storm Da Ghetto Mutant)

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