sábado, 31 de janeiro de 2009

Cabes: Todo Dia É Assim (Single)

Este é o single do disco do curitibano Cabes, que se chamará Todo Dia É Assim. O álbum terá participações de nomes como Ant, Belkis e Cris Mora, riscos de DJ Sonik, DJ Morenno e DJ Soares, além de produções de Nave, Dario, Shaolinbeats, DJ Caíque e do próprio Cabes.

O single conta com duas faixas: Risco na Galáxia, com produção de Nave, e a suingada Essa É a Jornada, produzida por Cilho e com participação de Cris Mora, na qual Cabes disserta sobre sua vida e suas convicções.

O álbum já está a venda em Curitiba nas lojas abaixo. Para o resto do Brasil, o contato é pelo email: cabescwb@gmail.com.

Encore (Rua Alfredo Bufren, 61)
Canforal (Rua Emiliano Perneta, 30)
Tattooholic (R. Marechal FLoriano Peixoto, 740)


Cabes - Todo Dia É Assim
01 - Intro part. Dj Morenno (Produção por Cabes)
02 - Diga sim part. Dj Morenno (Produção por Cabes)
03 - Que que tá pegando part. Dj Sonik (Produção por Cabes)
04 - Isso é part. Belkis & Dj Sonik (Produção por Cabes)
05 - Cidadão part. Dj Morenno (Produção por Dj Caique)
06 - Mais um passo (Produção por ShaolinBeats)
07 - Decidi fazer o meu (Produção por Cabes, Dario & Dj Soares)
08 - Hora do rolê part. Dj Morenno (Produção por Cabes)
09 - Sempre irá se lembrar part. Dj Morenno (Produção por Cabes)
10 - Batuque (Scratchs Dj Morenno)
11 - Risco na galáxia part. Dj Sonik (Produção por Nave)
12 - Naturalmente part. Ant (Produção por Dario)
13 - Essa é a jornada part. Cris Mora (Produção por Cilho)
14 - Todo dia é assim part. Cris Mora (Produção por Dario)

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Contatos:
www.trackcheio.blogspot.com
trackcheio@gmail.com

Sete Cruzes: Fraternidad Oculta

Sete Cruzes é um grupo de João Pessoa, na Paraíba, formado pelo emcee Índio, o percussionista Alderir Santos e o baixista Góes. Como dá para perceber, é uma banda voltada pra o hip hop. Fraternidad Oculta é o segundo disco dos caras, que já haviam lançado Hipnose Coletiva, em 2003.

A sonoridade deste novo trabalho é bastante puxada também para o rock e o ragga, com letras de temática bem próxima do tradicional brasileiro - crítica social, relatos sobre o cotidiano da periferia -, mas com uma abordagem um pouco mais "obscura". O vocalista, Índio, também usa e abusa da voz para passear entre os estilos referenciados acima e também para dar o clima dark quando preciso.

O álbum acaba sendo uma mistura interessante entre vários ritmos - não é rap puro, embora ele tenha uma boa parte na equação -, com letras contundentes e instrumentais caprichados. Também é válido pela experiência de faze rap com banda no Brasil, algo que ainda engatinha.

Sete Cruzes - Fraternidad Oculta
1. Fraternidad Oculta
2. Anjo Negro
3. To Por Fora
4. Mente Cortante
5. Cons-Piração
6. Submundo
7. Fobia Social
8. Executor de Carmas
9. Sete Cachoeiras
10. Anti-Herói
11. Lycanthropos
12. Escravos do Mito
13. Delirium Tremens
14. Quando O Mundo Era Mais Inocente
15. Sob A Luz de um Lampião
16. Mestres

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cradle Orchestra: Velvet Ballads


O que acontece quando você junta um super time de emcees, englobando caras consagrados a grandes promessas, e entrega seus versos a um coletivo de produção extremamente talentoso? Bom, uma das respostas positivas pode ser o disco novo do grupo Cradle Orchestra, um time de produtores japoneses, que resolveu pagar para ver como sairia um álbum assim.

Desde "Attitude", o primeiro disco dos caras, muita coisa mudou. Na época, a turma era, na verdade, uma dupla: os DJs Chika e Tomoki Seto. De lá pra cá, eles incluíram o baixista Michitaro, a violinista Mochizuki Asuka, a flautista Aya Ishii e o pianista Anri. O que era um grupo calcado nos samples ganhou também o reforço da instrumentação. O resultado é espetacular.

Com nomes como Talib Kweli, CL Smooth, O.C. e Black Thought dividindo espaço a Nieve, Need Not Worry e Asheru, o lado poesia do disco alcança tanta qualidade quanto o ritmo. Kweli e Thought, especialmente, oferecem algumas das melhores performances do disco, enquanto a talentosa cantora Jean Curley rouba a cena no primeiro single, Talk It Out, e ainda acha espaço para uma faixa solo.

Porém, é a sonoridade sofisticada que chama a atenção de qualquer ouvinte. Com sons bastante tranquilos, beirando o que se convencionou chamar mellow no Japão, o coletivo alcança um outro nível em seus beats. São músicas puxadas para o jazz e o soul mais melancólico, e que funcionam muito bem. "Talk It Out", por exemplo, reveste a mensagem positiva de Nieve com um belo piano e intervenções certeiras do violino de Asuka.

Outros destaques ficam por conta do refrão contagiante de CL Smooth em "All I Want In This World", na bateria sensacional de "Live Forever", com Black Thought - que deve ter achado até que era o parceiro ?uestlove nas baquetas - e na relax "So Fresh", intercalando violino, flauta e até violão no mix. O clima jazzy de "Food for Thought" e nostalgia de "The World Outside In" são outros bons momentos do disco.

Se o número de produtores japoneses lançando bons álbuns pode confundir, um nome precisa ser destacado e seguido de perto, e este é o Cradle Orchestra. Uma banda que conseguiu dominar tanto a técnica de samplear quanto a instrumentação para criar grande música, com um nível de maturidade e consistência que não deixa a desejar para nenhum outro produtor no mundo.

Cradle Orchestra - Velvet Ballads:

01. Talk it Out feat. Nieve & Jean Curley
02. All I Want In This World feat. CL Smooth
03. Mountain Top feat. Aloe Blacc
04. Live Forever feat. Black Thought (of The Roots)
05. Bubbles feat. Jean Curley
06. So Fresh feat. Talib Kweli
07. Nothin For Nothin feat. CL
08. Only One feat. Need Not Worry
09. Jag Jam Jazz
10. The World Outside In feat. Othello
11. Cheers feat. Asheru
12. Food For Thoughts feat. O.C.
13. Yin Stacks feat. Rakaa (of Dilated Peoples)
14. Velvet Ballads

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Vídeo da faixa "Talk It Out":

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dr. Caligari: É o Terror

Um deputado federal qualquer está em sua sala em Brasília quando vê um sonâmbulo adentrar o recinto. Antes mesmo de esboçar qualquer surpresa ou reação, o velho é morto rapidamente. Atentado político? Sabotagem? Vingança? Não, apenas a volta de um indivíduo que aterrorizou muitas pessoas nos anos 20. Trata-se do Dr. Caligari, médico que usava sonâmbulos para matar pessoas em um filme alemão. Desta vez, ele retorna no mundo do rap através das rimas de DJ Caíque, conhecido anteriormente como um talentoso produtor, e que resolveu dar asas à criatividade para criar um disco forte, agressivo. "É o Terror", o nome do trabalho, se propõe exatamente ao que o título indica: aterrorizar através de beats e rimas.

Como não poderia deixar de ser, os instrumentais são pesados, sombrios, recheado por pianos sinistros e strings sombrias, tudo digno de um clássico filme de terror. As caixas são graves e o andamento urgente, nervoso. Até os três skits do álbum contribuem para o clima ameaçador do projeto. O primeiro, que serve também como introdução, traz uma voz perturbadora sobre um beat caprichado. Dá até para imaginar a noite, as corujas, os morcegos, zumbis, e toda e qualquer figura potencialmente assustadora, enquanto cada beat vai passando.

Porém, não tema, nem trema, ouvinte. O terror trazido por Caligari tem endereço certo: a sociedade opressora, os políticos, os falsos. Pode até sobrar para você, trabalhador comum, caso você não esteja disposto a abrir os olhos para o que o emcee diz. E, combinando com as habilidades mostradas como produtor, Caligari mostra-se também um ótimo versador. “É o terror”, a primeira faixa do disco, não é homônima de um clássico do poeta GOG à toa. Enquanto a base traz as já mencionadas strings aterrorizantes, a letra trata das injustiças brasileiras e faz uma inteligente comparação entre a pizza – tão comum em Brasília – e a política nacional:

“Não dá pra acabar com toda essa pizza no jantar
Prepara a receita porque agora a chapa vai esquentar
A massa é o imposto que a gente tem que pagar
O molho é o sangue do trabalho pra te alimentar
O recheio é o salário, difícil de aumentar
Pronta a pizza da impunidade, pode devorar”

Outro exemplo de qualidade lírica está na ótima “Cinema em casa”. A idéia de rimar usando, majoritariamente, nomes de filmes de terror para descrever o cotidiano brasileiro é original e muito bem executada. O flow agressivo funciona como um complemento perfeito para a faixa. Por ironia do destino, porém, a melhor punchline não envolve nenhum horror movie: “Que é isso companheiro? Filme brasileiro. Filhos de Francisco tem no país inteiro”.

Não bastasse a boa performance de Caligari, as participações do disco são pontuais e certeiras. Ogi, do Contra-Fluxo, rouba a cena em "Nossa Hora", com um flow melódico, no beat mais tranqüilo do álbum, com mais influências jazzy do que de terror. Navegando traz um tempero meio épico, meio melancólico, graças ao ótimo refrão cantado de Jeffe e às rimas de Nocivo. Por fim, ainda é obrigatório citar a contundente “Querem me corromper” e a pesadíssima “Casabranca”, um ataque impiedoso ao ex-presidente americano George Bush.

Quase 90 anos depois de surgir, o doutor Caligari volta revigorado, ressuscitado graças a instrumentais turvos e rimas ofensivas. E ele volta com bastante trabalho a fazer, vide o novo discurso. A diferença, dessa vez, é que os sonâmbulos não serão aliados. Devem ser os primeiros a ser atacados.

Dr. Caligari - É o Terror
01. Noite 1
02. É O Terror
03. Não Aguento Mais Part. Doncesão & Renan Samam
04. Eu Quero Mais Part. Roko
05. Noite 2
06. Navegando Part. Nocivo & Jeffe
07. Cinema Em Casa
08. Medo
09. A Nossa Hora Part. OGI
10. Querem Me Corromper
11. Casa Branca Part. Doncesão & Raul
12. Ganhando Ponto Part. IDE, Critical & Alucard
13. Noite 3
14. Enigma Da Vida Part. Hurakán
15. Reflexão
16. Realidade

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Para quem se interessar, ainda tem uma entrevista que eu fiz com o DJ Caíque/Dr. Caligari para o Bocada Forte. Confira!

Vídeo da faixa "Cinema em Casa":

sábado, 24 de janeiro de 2009

Panacea: The Re Route

A cada lançamento, parece que o Panacea - grupo que já teve dois álbuns postados aqui - conquista cada vez mais espaço no underground americano. Depois de três álbuns bastante elogiados, um time de produtores renomados resolveu remixar o segundo disco da dupla, The Scenic Route. Assim, nomes como DJ Spinna, Nicolay e DJ Nu-Mark reviraram o álbum antigo para criar The Re Route.

O mais interessante do projeto é que as músicas realmente ganharam uma roupagem nova, mas ainda assim mantiveram a essência, o que significa que eles continuam funcionando bem como um todo, da mesma forma que no álbum original, em vez de soarem como uma coleção de remixes desconexos reunidos num disco. Assim, os samples esparsos e as batidas graves e aceleradas continuam na linha de frente da sonoridade do álbum.

Between Earth and Sky é um bom exemplo disso. Se no disco original era um batidão acelerado, o remix de Joe Beats abdica do loop funky para algo mais discreto, mas mantém a bateria urgente. Já Epiphany ganha uma versão mais "potente", com metais explodindo no instrumental, ao contrário do clima relax da original. Outro fator curioso é que algumas músicas que não se destacavam tanto ganham outra dimensão em seus remixes. É o caso de Walk In The Park, que vira um boom bap reminiscente da Nova Iorque dos anos 90, cortesia do ótimo produtor Damu, e Aim High, cujo loop eletrônico é contagiante e casa perfeitamente com a bateria frenética, criando uma faixa dançante sem ser apelativa.

Enfim, The Re Route é uma tentativa de recriar um disco que já era muito bom, e não decepciona. Obviamente, não ofusca o original, mas ainda assim oferece bons beats e dá a oportunidade para que produtores menos conhecidos mas igualmente talentosos mostrem seu trabalho. No fim das contas, quem ganha é o ouvinte: se já tinha uma rota, agora ganha um caminho alternativo.

Panacea - The Re Route
01 The Scenic Route (Doug Life Remix)
02 Flashback to Stardom (DJ Spinna Remix)
03 Pops Said (Nicolay Remix)
04 Epiphany (DJ Nu Mark Remix)
05 Between Earth And Sky (Joe Beats Remix)
06 Bubble (Stoerok Remix)
07 Square 1 (Cool Calm Pete Remix)
08 Blue Ice (Mekalek Remix)
09 Walk In The Park (Damu Remix)
10 Aim High (Newman Remix)
11 Katana (Aeon Remix)
12 One Shine (K Murdock Arturian Remix)
13 The Missing (Panacea Remix)

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

RZA presents: Afro Samurai Resurrection

Pouco menos de dois anos depois do primeiro volume, um álbum polêmico do Wu e um solo mediano, RZA volta à cena, com a seqûência do anime japonês Afro Samurai. Desta vez, o produtor/emcee repetiu a fórmula de misturar alguns nomes famosos do rap aos artistas com os quais ele trabalha. Assim, caras como Kool G Rap, Killah Priest, Rah Digga, Ghostface Killah e Inspectah Deck juntam-se a Rugged Monk, Reverand William Burks e Stone Mecca para lidar com os beats do Abbot.

Agindo como o denominador comum do projeto, RZA apresenta produções bastante variadas, ainda na linha dos seus últimos trabalhos. A exemplo deles, Afro Samurai Resurrection sofre de grande inconsistência: tem ótimas faixas e outras dignas de fast forward. O grande mérito do produtor aqui é testar novos horizontes: enquanto seus tempos áureos consistiram de beats esparsos, este novo projeto mostra uma atenção ao detalhe e uma complexidade elogiáveis. RZA apela para sonoridades mais obscuras e andamentos mais lentos, alcançando um efeito quase cinematográfico em algumas faixas.

Pelos emcees, o veterano Kool G Rap é o grande destaque, roubando a cena nas duas faixas em que participa, com as já tradicionas rimas multi-silábicas relatando o cotidiano urbano. Os únicos representantes do Wu-Tang, Ghostface e Inspectah Deck, colaboram com um verso cada, mas não chamam a atenção. Dentre as crias de RZA, a cantora holandesa Thea se sai bem em pequenas quantidades, mas falha em sua faixa solo, enquanto o emcee Reverand William Burks aproveita todas as chances no microfone.

No melhor estilo 8 ou 80, Afro Samurai Resurrection oferece algumas faixas bastante interessantes: Whar é um bom exemplo da minúcia de RZA, com uma linha de baixo destacada e zumbidos de abelhas passeando pelos canais estéreos ininterruptamente. Bloody Samurai tem um sample de violino espetacular, que, complementado por uma bateria simples e bem marcada, dá o clima perfeito para a faixa, a melhor do disco. Ainda há tempo para Shavo, do System of a Down, unir-se a RZA para dar mais uma prévia do grupo Achozen na pesada Dead Birds, dominada por guitarras e violinos, numa boa mistura., Brother's Keepers oferece um bom refrão por parte de Infinite e caixas graves irresistíveis, enquanto Take The Sword incorpora elementos de música japonesa no beat e Number One Samurai mostra a reunião do Abbot com seu irmão mais novo 9th Prince, na faixa mais reminiscente do som do Wu presente no álbum.

Apesar de todas as críticas dos fãs - e até de alguns membros do Wu -, RZA mantém seu foco no desenvolvimento de um novo som, e dá mais um passo à frente com Afro Samurai Resurrection. Embora a insistência com alguns nomes inexpressivos prejudique o lado "vocal" do álbum, alguns instrumentais estão entre os mais interessantes feitos pelo produtor nos últimos anos. De quebra, a música casa perfeitamente com a nova temporada do anime - o que é o mais importante, afinal esta é uma trilha sonora.

RZA presents Afro Samurai Resurrection
1. Combat (Afro Season II Open Theme)-The RZA & P. Dot
2. You Already Know-Kool G Rap, Inspectah Deck & Suga Bang
3. Blood Thicker Than Mud Family Affair-Reverend William Burks, Sly Stone & Stone Mecca
4. Whar-Kool G Rap, Ghostface Killah, Tash Mahogany & The RZA
5. Girl Samurai Lullaby-Rah Digga & Stone Mecca
6. Fight For You-Thea Van Seijen
7. Bitch Gonna Get Ya-Rah Digga
8. Bloody Days Bloody Nights- Prodigal Sunn &Thea Van Seijen
9. Kill Kill Kill-Rugged Monk
10. Nappy Afro-Boy Jones
11. Bloody Samurai-Black Knights, Dexter Wiggles & Thea Van Seijen
12. Dead Birds-Killa Priest, Prodigal Sunn & Shavo
13. Arch Nemesis-Ace & Moe Rock
14. Brother's Keeper-Reverend William Burks, The RZA & Infinite
15. Yellow Jackets-Ace & Moe Rock
16. Take The Sword Part III-60 Second Assassin, Leggezin, Crisis, Christ Bearer, Rugged Monk, Tre Irie, Kinetic, Reverend William Burks & Bobby Digital
17. Number One Samurai (Afro Season II Outro)-The RZA & 9th Prince

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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Exile: Radio

Quem acompanha o rap underground americano há algum tempo já conhece o trabalho do DJ Exile, desde sua parceria com Aloe Blacc no grupo Emanom até a dupla dinâmica que formou com o até então novato Blu para lançar um dos melhores álbuns de 2007. Neste meio tempo, ele também lançou um álbum solo, em 2006, chamado Dirty Science, no qual produzia e chamva amigos para cantar sobre os beats. Em 2009, porém, Exile resolveu embarcar em algo diferente, mais desafiador. E então surgiu Radio.

Este é um álbum conceitual, no qual todos os samples usados por Exile foram extraídos das frequências radiofônicas, inclusive de estações AM. Partindo deste princípio, pode-se encontrar de tudo durante o álbum: vozes robóticas, ruídos, discursos, locuções, etc, tudo misturado numa forma totalmente não-convencional de se fazer rap. À parte o fato de o álbum ser todo instrumental, os beats não atendem às estruturas normais do gênero. Esqueça o boom-bap nova iorquino, o dirty south, os sintetizadores de L.A. ou as batidas soul de Detroit: em Radio, quem domina o álbum é exatamente o rádio, em suas mais variadas formas, servindo como base para que os beats ganhem vida.

Na verdade, a última afirmação precisa ser invertida. A sensação é de que, através das batidas meticulosamente construídas, o rádio retorna à vida num mundo dominado por MP3 players. Seus ruídos intrínsecos ganham outra dimensão e importância. Imagine o aparelho que propaga música tornar-se a música, e mais: protestar, falar dos assuntos que deseja - por meio dos samples usados por Exile, claro. É esse nível de viagem que você pode esperar de Radio.

Ainda que o disco seja uma completa doideira, ainda tem uma estrutura básica. O som é apoiado bastante no soul e funk dos anos 70, como pode ser percebido nos poucos samples vocais. Há também samples de grupos de rap pioneiros, como o Public Enemy, em apresentações no próprio rádio. Como todo bom disco conceitual, Radio é muito mais arrebatador ouvido de uma forma completa do que pescando apenas alguns destaques. Ainda assim, algumas músicas chamam a atenção, como a metamórfica It's Coming Down, cheia de samples vocais que invocam o soul antigo, que ainda mistura locuções de rádio e uma mudança brusca na metade da faixa, ou a estonteante Watch Out! False Prophet, abençoada por um sample vocal feminino que está no meio da fronteira entre o emocionante e o sombrio. The Sound is God, com strings e vocais épicos que depois dá lugar a um piano, sempre entrecortados por locuções, também é outra que merece destaque.

Entretanto, a melhor forma de apreciar Radio é ouvi-lo do começo ao fim, sem interrupções, com atenção. No final das contas, o que Exile conseguiu com este álbum foi fazer um disco de rap em que parece que o próprio tema fez de tudo. Assim, não se espante se você se pegar pensando que, neste projeto, o próprio rádio é o emcee, o produtor, o cantor. Até o b-boy ele pode ser, se você der cordas para a viagem.

Exile - Radio
01. Frequency Modulation
02. Population Control
03. We’re All In Power
04. Watch Out! False Prophet
05. The Machine
06. It’s Coming Down
07. So We Can Move
08. The Sound Is God
09. Your Summer Song
10. Mega Mix
11. In Tune Static
12. San Pedro Cactus
13. Love Line
14. Stay Tuned (here)
15. In Love

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

MF Doom: Ballskin


Novo single do MF Doom, que está para lançar seu novo álbum, intitulado Born Like This, que contará com produções de J-Dilla e Danger Mouse - além de Doom, claro -, além das participações de Raekwon e Ghostface Killah. A data de lançamento é incerta, mas os primeiros boatos indicam março de 2009. Este é o primeiro álbum do Doom em quatro anos e chega num momento de baixa da carreira do cara, que vem sendo criticado por mandar outras pessoas mascaradas para fazer os shows em seu lugar.

Falando na música, Ballskin tem apenas 90 segundos e, por isso, muitos caras lá fora acham que é só um snippet. De qualquer forma, é um ótimo aperitivo para os fãs do emcee mascarado. A batida é interessante, com uma levada simples e caixas certeiras, com um sample picotado no fundo. Doom rima seguidamente durante toda a faixa, sem espaço para refrões. Entretanto, não tem a força necessária para ser o primeiro single de um aguardado álbum de um dos emcees mais aclamados dos EUA.

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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Poetic Republic: The Natural Progression of Things

A cidade de Cleveland, no Meio-Oeste americano, mesmo sem ser um pólo de talentos como Nova Iorque e Detroit, já ofereceu ao Hip Hop uma variedade de bons nomes, como o lendário grupo Bone Thugs N Harmony e, mais recentemente, promessas como Ill Poetic e Kid Cudi. Outra cria da cidade é a banda Poetic Republic, há cinco anos na cena, cujo currículo acumula um sem número de shows e dois discos. O último deles é The Natural Progression of Things, lançado ano passado.

Formada por dois emcees - Ahp Qwes e Rembrandt -, baixista (Angelo Huff), baterista (Asante Allison Jr.), DJ (Ceven) e tecladista (Frank "Soul" Lewis), o grupo mostra no novo álbum uma sonoridade identificada com o boom bap nova-iorquino aliada a letras políticas. O curioso do som dos caras é que, apesar de serem uma banda, os beats parecem ter sido feitos em baterias eletrônicas, de tão redonda que é a bateria, e também pela forma como são montados os arranjos. Não é raro ouvir samples durante o disco, o que prova que é possível fazer um som de qualidade aliando tecnologia e tradição.

Para quebrar de vez qualquer preconceito contra samples e afins, basta dizer que a melhor música do disco utiliza-se de um sample de violino excepcional, que, junto de uma bateria pulsante e rimas criticando o vazio humano, faz de Beautiful Nobodies uma faixa com vaga garantida em qualquer MP3 player. As letras afiadas continuam em Foolish Society, que critica o materialismo da sociedade sobre um som mais relax, com samples vocais e bela linha de baixo. As trocas de beats de Skillz, em meio a baterias funkeadas, metais urgentes e teclado discreto, são outro ponto alto do álbum, assim como Dirty Go Go, cheia de influências do Go-Go de Washington e toda cantada, em vez de rimada. A romântica Irreconcilable Differences também merece menção honrosa.

O que puxa o álbum para baixo é o número elevado de faixas - são 22, no total -, o que cansa um pouco o ouvinte. Ainda assim, The Natural Progression of Things é um ótimo álbum, uma grata surpresa. O Poetic Republic conseguiu casar muito bem instrumentação e samples, usando ambos sempre da forma mais adequada, além de contar com bons emcees, que passeiam por vários temas sem perder a coesão e desperdiçar seu tempo no microfone. Nem o deles, nem o nosso.

Poetic Republic - The Natural Progression of Things
1.Prologue
2.Move On
3.Progress
4.Skillz
5.Crushin’
6.Beautiful Nobodies
7.Wake Up
8.Blaque Musique
9.The Cold Hard
10.Foolish Society
11.Third
12.Eve
13.Dirty Go-Go
14. All The Girls
15.Pale Horse
16.The Goodness
17.The Conquering
18.Gypsy
19.What She Illustrates
20.The Anthem
21.Irreconcilable Differences
22.A Natural Ending?

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Super Smoky Soul: Cycling

Super Smoky Soul é um trio japonês de produtores, formado por Robert Green Jr., RSK e Imai Groove. O coletivo é mais um representante dessa leva de produtores calcados basicamente em fazer álbuns instrumentais, mas possuem uma diferença, por não serem tão influenciados pelo jazz na composição dos beats. Cycling, lançado em 2007, é o primeiro - e até agora - único álbum oficial do trio, e contém 20 beats que fariam babar qualquer emcee.

Uma das influências mais claras no trabalho dos caras, sem dúvida, é o falecido J-Dilla, principalmente no que concerne ao experimentalismo e aos beats tortos. Além disso, os caras juntam ao caldeirão musical deles texturas que vão desde o eletrônico ao soul. Outro ingrediente importante é a mistura entre samples (principalmente os vocais) e instrumentação que torna a sonoridade ainda mais complexa.

Tudo isso junto resulta num álbum denso, construído minuciosamente, alcançando um clima meio esfumaçado - não à toa o grupo tem um Smoky no nome -, mas ainda assim suingado e bem resolvido. Como no caso dos conterrâneos do Cradle, os beats acabam se tornando tão completos, que talvez a presença de um emcee soasse até deslocada no contexto do álbum - é como se os instrumentais ganhassem vida própria, independência, não precisassem de uma voz passeando sobre eles.

Entre os destaques do disco, estão a madlibiana Cassius Clay, com handclaps, intervenções futuristas e hihats apressados; Let's Smoke, com um sample vocal muito bem manipulado e caixas mais fortes, e Control, com um clima mais sossegado, uma linha de baixo proeminente e bateria um pocuo mais tradicional. Outra faixa que segue o lado mais lounge do disco é Body, que mistura no quebra-cabeça um sample vocal, um sample martelado ininterruptamente na MPC e teclado mais relax. Por fim, ainda tem as strings de Groove Ride, a romântica Monica, ideal para uma noite a dois, o belíssimo piano de Calm e a saída em grande estilo com Every, mostrando novamente a complexidade das composições do trio.

Como deu para ver, são vários beats espetaculares, todos bem únicos, mas ainda assim tendo uma identificação forte entre eles. Cycling acaba se revelando um trabalho bastante autoral, complexo e bem feito. É bom que os americanos se cuidem, pois cada vez mais surgem produtores japoneses lançando álbuns sensacionais.

Super Smoky Soul - Cycling
1. Intro
2. Cassius Clay
3. Let's Smoke
4. Smile
5. Geek Beat
6. Simply
7. Control
8. No Title
9. African Beat Idea
10. Humming
11. Body
12. Let's Make The Beat
13. Groove Ride
14. Monica
15. Jingle
16. Love
17. Calm
18. After Smoke
19. Every
20. Outro

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MC BGame: Quem Diria

Voltando aos trabalhos, 2009 começa com o EP do MC BGame, emcee de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, que já tinha lançado um single e agora dá mais um passo na carreira, com o lançamento deste trabalho. O cara disponibilizou o EP, chamado Quem Diria, para download, e falou um pouco sobre o projeto:

"O EP vem com produção do beatmaker revelação Green Alien, do meu parceiro Igor Bonacossa (BKC Records), DJ Tommaso e Oppitz (Lil Seven). Enfim, o EP ta aí pra vocês baixarem e curtirem, e vou seguir trampando por amor à boa musica acima de tudo."

MC BGame - Quem Diria
1- Sentido Oposto (prod. BKC. Records)
2- Dom part. (BKC Recordz)
3- Luz da Vida (prod. Green Alien)
4- Vivo ou Morto? (prod. DJ Tommaso)
5- Eu To no Jogo (prod. Green Alien)
6- Campo de Batalha part. Lil Seven (prod.Oppitz)

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Contato: brunobgame@hotmail.com
Myspace: www.myspace.com/mcbgame
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=60827265