sábado, 29 de março de 2008

Letra Traduzida: RZA - Drama

Tradução de Drama, uma das músicas que vazaram na net e supostamente estarão no novo álbum do RZA, chamado Digi Snax. Na verdade, a faixa é um remake da canção de mesmo nome que está no primeiro álbum do GZA, tanto que no começo o RZA cita o nome do primo. Nesta nova versão, participam Monk, trocando versos, e Thea, no refrão, para mim o destaque do álbum, com um timbre bem peculiar de voz.

Artista: RZA f/ Monk, Thea
Album: Digi Snax
Faixa: Drama - DRAMA

[ Intro : RZA ]
Eu quero dedicar essa música para o jovem Kareem
The Genius...Digi...
Cante para eles bem rápido, ae

[ Refrão: Thea ]
Eu gostaria de manter minha cabeça erguida ao céu
e perguntar a mim mesmo por que tem de ser deste jeito
eu gostaria de viver minha vida em paz
e não ter nada com o que se preocupar
eu não posso suportar todo esse drama
porque nós lutamos contra a luxúria
e tentamos alimentar nossas famílias
parece sempre que alguém atravessa nosso caminho
eu gostaria de viver minha vida em paz
e não ter nada com o que se preocupar
eu não posso suportar todo esse drama

[ RZA ] (Monk)
Eu encontrei com um jovem irmão, cerca de 28 anos
que parecia inteligente e bastante correto
eu encarei ele, e comecei uma conversa
para ver se o jovem tinha alguma auto-motivação
paz irmão, qual seu nome? como você está?
(Eu sou o Rugged Monk, e só quero saber da grana)
você quer dizer, ganhar dinheiro?
(Sim, como o meu irmão que tem uma cobertura, e a divide com a mina dele você sabe que uma cobertura é muito melhor que o meu apartamento sem luz, sem gás e aluguel atrasado sem água quente nem aquecimento, infestado de vários ratos que se bobear acabam devorando o gato mais comum) Eu falei para ele, merda mano, isso é pobreza, e ele falou
(sem dúvida mano, isso me incomoda além disso, eu to pra ser pai, mano) nós precisamos amadurecer e mudar a política do bairro

[ Refrão ]

[ RZA ] (Monk) {ambos}
Ae, por que você teme o demônio, se já é um homem amadurecido?
por que você não está lá fora tentando fazer seu próprio plano?
veja, nós somos vítimas de uma situação
ondeu um homem cruel separou a nação
e nos fez matar uns aos outros
negros matando negros, irmãos matando irmãos
está ficando quente, mais quente que Julho
veja, a taxa de assassinatos e crimes está crescendo até o céu
(por exemplo, na minha vizinhança é tão quente que eu sempre acordo com o barulho de tiros, então eu fico pensando) a sua vizinhança é uma armadilha?
{será que é o lugar com o X marcado no mapa?}
(e eu estou marcado como um alvo numa galeria de tiros então eu preciso lutar para conseguir um salário melhor para que eu possa escapar de onde? desta área de vida do gueto {porque a cada dia está ficando mais assustador}

[ Refrão ]

terça-feira, 25 de março de 2008

AZ: Undeniable

Novo álbum de um dos emcees mais subestimados de toda a história do rap. AZ é de Nova Iorque e ficou famoso por participar do clássico Illmatic, de seu parceiro Nas. Embora não tenha conseguido o sucesso comercial do antigo amigo, AZ continuou fazendo música no underground, tendo lançado álbuns muito bons durante cerca de 15 anos. Sua habilidade lírica e flow impecável são marcas registradas e provas da sua qualidade como emcee.

Em Undeniable, o flow perfeito continua lá. Entretanto, a maior "fraqueza" de AZ também está evidente: a fraca seleção de beats. Depois de ter trabalhado com nomes como Pete Rock e DJ Premier, AZ apostou, neste novo disco, em produtores menos conhecidos, e obteve resultados apenas medianos. Quando embarca em um som mais comercial, em faixas como Go Getta, Undeniable e Superstar, nem sua levada consegue salvar a experiência. Porém, quando o beat é mais soul, o emcee produz ótimos resultados, como é o caso de Fire e Life On The Line. Outros bons destaques do álbum são What You Would Do e Parking Lot Pimpin'.

Em mais uma tentativa de capitalizar em cima do status que possui no underground e também atingir a audiência mainstream, AZ acaba falhando. A grande baixa do álbum realmente é a produção, uma vez que o emcee continua impecável, tanto nas letras quanto na levada. A impressão que fica é que ele precisa decidir qual o rumo de sua carreira: usar seu talento para se consagrar como uma lenda underground, com álbuns de qualidade e pouco sucesso comercial, ou mais um rapper mainstream, com ótimo flow, mas produção e letras de gosto duvidoso.

AZ - Undeniable
01. The Game Don't Stop
02. Superstar
03. Life On The Line
04. Fire
05. What Would You Do (feat. Jay Rush)
06. Dead End
07. Parking Lot Pimpin'
08. Undeniable
09. Go Getta (feat. Ray J)
10. Now I Know
11. A. Game
12. The Hardest (Video Mix) (feat. Styles P)

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Vídeo da faixa Go Getta:


Vídeo da faixa Undeniable:


Vídeo da faixa The Hardest:

C.R.A.C. Knuckles: The Piece Talks

C.R.A.C. Knuckles é a dupla formada pelos emcees Blu e Ta'Raach. Blu alcançou reconhecimento no rap depois do sensacional Below The Heavens, álbum que lançou junto com o DJ Exile, no ano passado. Já Ta'Raach é de Detroit e, além de rimar, também produz beats, embora ainda não tenha estourado na cena como seu parceiro. A amizade dos dois acabou levando à produção de um álbum sob o curioso nome citado acima.

The Piece Talks é um álbum diferente. Inteiramente produzido por Ta'Raach, ele abriga tanto instrumentais quanto músicas com os dois rimando, passando por faixas de spoken word e outras em que Ta'Raach fica simplesmente falando ao fundo. Apesar dessa "loucura", a sonoridade é bastante agradável, uma mistura de funk e um soul mais meloso que acaba funcionando. Blu, embora não tão estelar quanto em seu debut, continua afiado, enquanto Ta'Raach não compromete. Os destaques do álbum vão para Buy Me Lunch, um funk acelerado, com uma mulher cantando e Ta'Raach filosofando ao fundo; Pop Dem Boyz, talvez a música mais rap do disco, com instrumental sensacional e ótimo refrão; e Love Don't, um beat mais psicodélico, com os emcees mostrando um flow mais acelerado.

Embora Blu seja o mais conhecido do grupo, ele fica um pouco de lado diante da produção carismática de Ta'Raach, o que é uma pena, visto que o cara é um dos maiores expoentes da nova safra de emcees. No fim das contas, The Piece Talks é um álbum muito mais para se dançar, escutar em alto volume, do que algo mais reflexivo. Em outras palavras, não é um álbum para destacar as letras, e sim o groove, a sonoridade. Talvez por isso Blu não tenha aparecido tanto.

C.R.A.C. Knuckles - The Piece Talks
1. What Up (Part 2)
2. Buy Me Lunch (feat. Noni Limar)
3. Love Don't
4. Major Way
5. Activate Too
6. CRACHAUSE
7. Respect
8. Pop Dem Boyz
9. 2.16.05
10. Mr. Big Fizz
11. Chill
12. Hello!?
13. Go!
14. Activate...As Well
15. Bullet Through Me (feat. Shawn Jackson)
16. Cotton
17. Credits
18. Umm Yeah
19. Ready

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Guilty Simpson: Ode To The Ghetto

Guilty Simpson é mais um emcee da prolífica cena de Detroit, que ficou conhecido, a princípio, pelo seu trabalho junto com o falecido produtor J-Dilla. Dono de um flow tranqüilo e grande senso de humor, o cara é uma das caras novas da Stones Throw, casa do superprodutor Madlib, e já fez músicas com nomes famosos como Black Milk, Percee P e Jaylib. Depois de tantas participações, a maioria bastante elogiadas, ele finalmente lançou seu álbum de estréia.

Ode To The Ghetto é produzido por nomes de respeito, como Madlib, Black Milk, Oh No e Mr. Porter, além de uma contribuição única de J-Dilla. Entretanto, o toque soul esperado não é tão presente assim. Talvez devido às próprias características de Simpson, os beats acabam indo para uma direção mais eletrônica, acelerada, leve. Entretanto, isso não significa que a sonoridade seja algo parecido ao mainstream americano. Um bom exemplo é Pigs, produzida por Madlib, cuja versão instrumental já tinha aparecido em um dos volumes do Beat Konducta. O beat tem influências indianas, é meio diferente, mas ainda assim Simpson lida perfeitamente com ele. Get Bitches também tem um som mais dançante, enquanto Run e a autobiográfica The Real Me representam a parte suja do álbum.

No geral, o álbum decepciona um pouco. Devido à qualidade dos produtores e às recentes aparições de Guilty Simpson, esperava-se mais do álbum. Existem momentos de brilho, é claro, mas em outros a coisa fica um pouco monótona, devido em parte ao flow lento e à voz grave de Guilty. De qualquer forma, é um álbum controverso, uma vez que existem resenhas totalmente favoráveis e outras reticentes. Isso significa que Ode To The Ghetto tem uma peculiar capacidade de chegar a cada ouvinte de maneira diferente. Alguns gostam, outros se decepcionam. Mas é inegável o talento e potencial da mais nova figura de Detroit.

Guilty Simpson - Ode To The Ghetto
01. The American Dream
02. Robbery
03. She Won't Stay At Home
04. Footwork
05. Ode To The Ghetto
06. Get Bitches
07. I Must Love You
08. The Future (feat. MED)
09. Pigs
10. My Moment
11. Run (feat. Sean Price & Black Milk)
12. Kinda Live
13. Yikes
14. The Real Me
15. Kill 'Em
16. Almighty Dreadnaughtz

OBS: Link para download consertado.

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Vídeo da música Get Bitches:

quarta-feira, 19 de março de 2008

Supa Koopa and Outkome: Almost Nameless

Este é mais um duo que segue a clássica formação produtor/emcee que já rendeu vários clássicos no rap. No caso, Outkome é o emcee, enquanto Supa Koopa é o arquiteto do som da dupla, que tem como endereço a costa Oeste norte-americana. Ambos são pouco conhecidos até mesmo no underground americano, mas lançaram, neste ano, um ótimo álbum.

Ao que tudo indica, Almost Nameless é apenas uma introdução do grupo. De qualquer forma, é um bom disco. Outkome é um emcee simples, não exagera nas firulas ao escrever, e tem um flow decente, enquanto Supa Koopa cria um som que abusa das caixas pesadas, mas não dispensa um clima soul, com vários samples vocais, embora experimente um som mais eletrônico nas duas últimas faixas. No final das contas, os destaques são Fame, que usa o mesmo sample de Hollow Bones, do terceiro álbum do Wu-Tang Clan; e My Eyes Are Open, que mostra a combinação mencionada de bateria pesada e sample vocal, além de ótima performance de Outkome.

Enfim, uma dupla que se torna uma boa "revelação" de 2008, com um som simples, sem muitas firulas, mas com qualidade de sobra. Nem sempre o que é mais complexo é necessariamente melhor, e Almost Nameless é um álbum que ilustra bem essa idéia.

Outkome and Supa Koopa -Almost Nameless
1. Nameless Intro
2. Fame
3. Brains Over Beats
4. Lifestyle
5. My Eyes Are Open
6. I Close My Eyes
7. Brains Over Streets
8. Almost...
9. Hope
10. Nemeless Outro

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Break Mechanics: Break Mechanics

Break Mechanics, de Denver, é mais uma banda de rap, bem ao estilo The Roots. O grupo é formado pelos emcees Paas, Q-Burse e Lo, além do baterista Darren Hahn, o tecladista Greg Raymond e o baixista Casey Sidwell. Depois de conquistarem certa reputação local, os caras finalmente lançaram seu álbum de estréia, intitulado com o mesmo nome do grupo.

Ao contrário do Artofficial, outra banda de rap postada recentemente no blog, o álbum dá atenção igual tanto aos emcees quanto os instrumentistas, principalmente o tecladista Raymond. O resultado é uma grande quantidade de solos do cara, tudo sob um clima altamente relaxante, com grande influência jazzística. É realmente difícil escolher algum destaque para o álbum, uma vez que o álbum é bastante coeso, às vezes dando a sensação que estamos ouvindo uma grande jam session de jazz. De qualquer forma, é preciso mencionar Sun Still Rise, talvez o melhor retrato do som do grupo.

Para quem baixou o disco do Artofficial e gostou, Break Mechanics é bastante indicado, embora hajam algumas diferenças. Se, no primeiro, o som é bem mais específico, totalmente jazz e mais uptempo, na banda de Denver o som é mais lento, mais complexo de ser definido, com maior proeminência do teclado, ao contrário do saxofone dominante no outro grupo. O melhor mesmo é baixar os dois e apreciar boa música, um filão que o The Roots inaugurou e que agora parece estar sendo melhor explorado, para o bem dos amantes do rap.

Break Mechanics - Break Mechanics
  1. Serious Inquiries
  2. Calling All Cars
  3. Sun Still Rise
  4. Nanzenji
  5. The Hit
  6. Interlude
  7. Listen
  8. Bow To This(Possum Kingdom)
  9. Just Like Chocolate
  10. Zen Zen
  11. 3 MC's
  12. Flirt
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senha: www.rapidfind.org

domingo, 16 de março de 2008

RZA: Digi Snax

Ao que tudo indica, RZA está preparando o lançamento de um novo álbum, intitulado Digi Snax, que deve ser lançado no meio do ano. Para começar a chamar a atenção dos fãs, o cara já vazou duas faixas, que provavelmente estarão no álbum.

You Can't Stop Me Now, com a participação de Inspectah Deck, é uma faixa que a princípio estaria no último álbum do Wu-Tang Clan. Com um refrão sampleado bem sacado, e um sample simples, mas efetivo, durante a faixa. RZA faz uma espécie de retrospectiva desde os tempos em que o Wu apareceu, e decreta que nada pode pará-los, talvez numa referência às seguidas brigas internas e a expectativa de um possível desmantelamento. Já Rebel INS é ainda mais específico, falando da sua vida, com boas doses de sabedoria das ruas.

Drama é a segunda faixa, e conta com a participação de Monk e da cantora Thea, que rouba a cena com um belo refrão, e a voz com um timbre que lembra um pouco a Macy Gray. O beat é tranqüilo, com um sample de piano pontuando toda a faixa, enquanto RZA e Monk trocam versos como se tivessem conversando. O tema da conversa é basicamente a vida no gueto e todo o drama que eles enfrentam, tentando melhorar de vida. A curiosidade da faixa é que a letra da música é igual a uma faixa de mesmo nome do GZA, que está no primeiro álbum dele, chamado Words of the Genius.

De cara, são duas faixas muito boas, superiores inclusive a algumas do último álbum do Wu. O som de RZA, tão criticado em 8 Diagrams, parece estar mais voltado para o som clássico que fez o grupo tão querido e RZA tão respeitado. A princípio, Digi Snax promete ser um bom álbum. Resta saber se o mentor do império Wu-Tang vai manter o nível.


You Can't Stop Me Now(feat. Inspectah Deck)
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Drama(feat. Monk & Thea)
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PS: Qualquer que seja a capa, se depender dela pra vender, vai ser platina!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ankh Amen Ra: Face The Day, Come What May

Ankh Amen Ra é um emcee novo, que atraiu a atenção do mundo do rap recentemente graças à música Darfur, na qual ele fala sobre o conflito ocorrendo no Sudão, que caminha para gerar resultados tão catastróficos quanto os dos genocídios africanos da década de 90. Depois de tanto buzz e entrevistas para vários sites, o cara lançou um EP grátis na Internet, chamado Face The Day, Come What May.

É claro que o grande carro-chefe do álbum é Darfur, uma mistura de letra política e beat sombrio, que funciona muito bem e desde já é candidata a uma das melhores músicas do ano. Ankh Amen Ra não tem um flow tão bem elaborado, mas compensa com uma abordagem política bastante contundente, que é levada ao máximo também em The New Movement. Musicalmente, os beats chamam a atenção por misturarem um pouco o estilo Dirty South(digamos que a estrutura do beat) a samples muito bem escolhidos. O resultado é uma música que pode atrair a nova geração do rap, mas com a diferença de ter uma mensagem importante nas letras.

Entretanto, nenhuma música consegue chegar perto de Darfur. O grande ponto do álbum é chamar a atenção para um conflito muito sério e que não vem recebendo tanto destaque na mídia. Para quem já assitiu a filmes como Hotel Ruanda e O Último Rei da Escócia, fica uma noção do que está ocorrendo no Sudão. Ankh Amen Ra pode não ser o melhor emcee no jogo, mas já ganhou bastante respeito ao tocar em um assunto tão importante.

Ankh Amen Ra - Darfur
1. The Philharmonic
2. Darfur
3. Future Freshness
4. The New Movement
5. Worried Man
6. I'm Going In
7. Pain & Appreciation
8. The Royal Family
9. Sometimes
10. The Eulogy

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Saiba mais sobre o conflito em Darfur aqui e aqui

Artofficial: Stranger EP

Artofficial é um grupo de Miami, que junta um coletivo de jazz com dois emcees, para fazer a fusão entre o jazz e o rap. Seus membros são Danny Perez(teclado), Manny Patino(bateria), Ralf Valencia(baixo) e Keith Cooper(saxofone), além de Newsense e Logics no microfone. O som dos caras é refinadíssimo, uma clima bem relax, com dois emcees de alto nível. Infelizmente, eu só achei esse EP deles na internet, não tenho muita informação sobre eles, acredito que seja o único trabalho lançado pelo grupo.

Stranger é composto de apenas cinco faixas, mas ainda assim é bastante superior a muitos álbuns no mercado. Todas as músicas são muito boas e possuem uma consistência entre si, o que torna o disco realmente bastante agradável de ouvir. Big City Bright Lights é bastante relax, com destaque para o sax de Cooper. Gone tem uma clima meio bossa nova em algumas partes; Clockwork é sensacional, uma performance muito boa dos emcees, com flow e letras de qualidade; Eyes of Stranger também é bem tranqüila, o pouco que entendi da letra me chamou bastante atenção; Remember The Day fecha o disco com uma clima mais "alegre", mais acelerado.

Para os amantes do jazz-rap, este álbum é obrigatório. Musicalmente refinado, com emcees muito bons, Artofficial é um grupo bastante promissor. Agora, resta torcer para que o álbum cheio da banda não demore muito para sair.

Artofficial - Stranger EP
01. Big City Bright Lights
02. Gone
03. Clockwork
04. Eyes of A Stranger
05. Remember The Day

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Vídeo de Big City Bright Lights:

sábado, 8 de março de 2008

Del The Funky Homosapien: Eleventh Hour

Del The Funky Homosapien é um emcee de Oakland, na costa Oeste dos Estados Unidos, fundador da crew Hieroglyphics e primo do famoso rapper Ice Cube. Del alcançou grande notoriedade no underground com o lançamento de seus dois primeiros álbuns, I Wish My Brother George Was Here, bastante influenciado pelo som de Cube, e No Need For Alarm, completamente diferente do primeiro, bem mais voltado para o estilo da costa leste. Del também alcançou notoriedade ao participar do primeiro álbum da banda Gorillaz, aparecendo inclusive nos dois singles do projeto.

Depois de um longo período sem lançar álbuns, Del volta com Eleventh Hour, um álbum quase completamente produzido por ele, que usou e abusou tanto do funk quanto de elementos mais "futurísticos", fazendo uma mistura interessante e diferente, como podemos notar em faixas de destaque como Bubble Pop, o primeiro single, sampleando Bob James, Situations, com uma guitarra funkeada, e Naked Fonk, esta mais eletrônica, com um sample vocal bem discreto. Liricamente, eu não posso falar muito, uma vez que ainda nã li as letras, mas é inegável que o flow de Del continua afiadíssimo, principalmente em faixas como Hold You Hand e Foot Down.

Entretanto, o grande chamariz deste álbum é a produção, que toma um outro caminho, com uma mistura diferente, o que acaba por posicionar Eleventh Hour à parte dos álbuns lançados atualmente. Del continua afiadíssimo, e prova também estar muito bem nos beats. Uma mistura de funk com sons mais eletrônicos, algo difícil de se encontrar, assim como a belíssima capa do disco, que também merece uma menção honrosa.

Del The Funky Homosapien - Eleventh Hour
1- Raw Sewage
2- Bubble Pop
3- Back in the Chamber
4- Slam Dunk
5- Situations
6- Naked Fonk
7- Hold Your Hand
8- Foot Down
9- I'll Tell You
10- Workin' It
11- Last Hurrah
12- Str8t Up and Down
13- I Got You
14- Funkyhomosapien

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quinta-feira, 6 de março de 2008

Cannibal Ox: The Cold Vein


Cannibal Ox é uma dupla de rap de Nova Iorque, formada pelos emcees Vast Aire e Vordul Mega. Em 2001, eles lançaram The Cold Vein, inteiramente produzido por El-P, e rapidamente viram o trabalho ser bastante elogiado, graças ao estilo inovador do grupo. Alguns críticos chegaram a comparar o álbum ao disco de estréia do Wu-Tang, nem tanto pela sonoridade, mas pela forma como ambos quebraram com a tendência no rap e procuraram expandir as fronteiras do rap. Infelizmente, o grupo não lançou mais nenhum álbum, devido a alguns problemas com a gravadora, Def Jux, e também a uma suposta depressão crônica de Vordul.

Voltando ao álbum, é uma experiência totalmente nova ouví-lo. El-P realmente traz um estilo diferente, alcançando uma sonoridade que varia entre o futurismo e psicodelismo, com grandes doses de eletrônica, mas ainda mantendo um quê da sujeira dos raps antigos. Sim, definir a sonoridade do álbum é mesmo complicado quanto a última frase. Talvez as primeiras audições sejam um pouco "difíceis", mas assim que "entendemos" o disco, ele fica cada vez melhor. Para ilustrar melhor a produção de El-P, vamos a alguns dos destaques: Iron Galaxy é talvez o resumo do álbum, um beat com samples meio futuristas aliados a uma bateria suja. Em ATOM, os samples ficam mais eletrônicos, principalmente um agudíssimo que vai pontuando o beat por toda a faixa; A B-Boy's Alpha é talvez o beat mais acelerado do disco, um bate-cabeça com um piano discreto no fundo e intervenções eletrônicas esporádicas. Este é talvez o beat mais "normal" do álbum, junto com a jazzy Painkillers e a suingada Scream Phoenix. Em compensação, faixas como Raspberry Fields, F-Word e Vein mostram bem o lado "diferente" do álbum.

Se a produção é diferente, os emcees seguem o mesmo caminho. Vast Aire é o mais carismático, com um flow lento e letras complexas. Vordul Mega é mais lírico, usa e abusa de rimas internas, embora se perca às vezes em meio à própria complexidade. Quanto aos temas, é algo meio difícil definir, devido à já citada escrita rebuscada dos caras, embora haja exceções: em A B-Boy's Alpha, Vast Aire conta sua infância e como ele se apaixonou pelo Hip Hop; em F-Word, ele fala sobre ser rejeitado por uma amiga pela qual é apaixonado; em Real Earth, a coisa fica mais abstrata e resulta em linhas aparentemente sem significado como "Roma não foi construída em um dia, mas caiu em um" ou "o inferno é vertical, haha, eu te enganei, você pensou que estava embaixo de você"; em Vein, eles apostam num tema mais típico e falam sobre as ruas de Nova Iorque, enquanto Iron Galaxy repete o esquema abstrato de Real Earth, com Vordul implacável no flow e nas rimas.

Enfim, The Cold Vein é um álbum inovador e traz várias novas possibilidades para o rap. Os beats de El-P estão, segundo ele mesmo, entre os melhores que ele já produziu, enquanto Vast Aire e Vordul Mega se revelam uma dupla bastante entrosada e que se completa com o flow e carisma do primeiro aliados à técnica do segundo, o que resulta num rap futurista, complexo e cheio de personalidade, que só pode ser "explicado" com um texto enorme como este.

Cannibal Ox - The Cold Vein
1. Iron Galaxy
2. Ox Out the Cage
3. Atom (feat Alaska & Cryptic Of Atoms)
4. A B-Boys Alpha
5. Raspberry Fields
6. Straight Off The D.I.C.
7. Vein
8. The F-Word
9. Stress Rap
10. Battle For Asgard (feat L.I.F.E. Long & C-Rayz Walz Of Stronghold)
11. Real Earth
12. Ridiculoid (feat el-P)
13. Painkillers
14. Pigeon
15. Scream Phoenix

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Vídeo da faixa Painkillers:

Cannibal Ox: The Cold Vein

domingo, 2 de março de 2008

Common Market: Common Market

Common Market é uma dupla de rap de Seattle, formada pelo DJ Sabzi - de origem iraniana e também membro do grupo Blue Scholars - e o emcee RA Scion. O grupo é novo, só tem um álbum lançado, mas é de uma qualidade imensa, representando bem a cena de Seattle, que vem crescendo bastante, graças também a outros grupos como o Blue Scholars, Boom Bap Project, etc.

Quanto a este grupo, o grande destaque é a abordagem dos caras, com letras políticas e espirituais, bastante influencidas pela religião persa Baha'í, descoberta por RA Scion em suas andanças pelo mundo: o cara passou por vários países, como Zâmbia e Grécia, e credita a isso seu desenvolvimento musical. Sabzi, por sua vez, até por causa de sua origem, já tinha contato com a fé Baha'í.

Algo que salta aos olhos(ou aos ouvidos, no caso) é a excelente produção do álbum. Sabzi prova ser um produtor de bom gosto, misturando a seus beats samples vocais e metais funkeados, alternando velocidades que vão desde a tranqüila Crossblow até a frenética Trinity. Outra característica elogiável é a capacidade do DJ de manter os beats simples, sem grandes frescuras, e ainda assim bem compostos e interessantes. O estilo de produção do iraniano remete à velha escola, embora também mostre sofisticação. É difícil escolher destaques entre os beats do álbum, mas faixas como o boom-bap Connect For, a "relax" Poison e a funkeada Re Fresh merecem ser mencionadas.

Agora, o emcee. RA Scion tem um grande diferencial, que é a sua experiência no exterior, conhecendo novas culturas. Seu maior acerto é conseguir trazer essas experiências para a sua escrita, o que automaticamente o afasta dos clichês norte-americanos, tanto o do super-bandido, quanto o do nerd pseudo-inteligente. Scion combina um flow impecável - de timing perfeito e voz confiante - a rimas extremamente inteligentes. Crossblow discute as contradições do Catolicismo, com linhas fortes como "Eles receberam a sabedoria de Salomão e escolheram trocá-la por ouro". Scion ainda encontra tempo para ir mais fundo na espiritualidade e misturá-la com filosofia em Re Fresh. Já Connect For é um clamor por mais união não só no rap, como também nas comunidades. Enfim, Scion traz toda uma nova abordagem às letras, com temas inteligentes e criativos, além de uma técnica afiada.

Outra coisa a ser destacada é a preocupação dos caras com quem se interessa pela música deles. No site deles, existe um grande número de informações, desde a agenda deles até a biografia, passando por algo muito importante: todas as letras do grupo, além de contarem como foi o processo de criação de cada música. Eu até hoje não sei o porquê de muitos grupos, bem conhecidos até, não fornecerem esses serviços básicos em seus sites, algo que torna muito mais fácil a compreensão da mensagem deles. Enfim, para aqueles procurando algo novo no rap norte-americano, Common Market é uma ótima opção. Beats bem elaborados e rimas inteligentes nunca são demais.

Common Market - Common Market
  1. Re-Fresh (3:43)
  2. Push (3:23)
  3. G'Dang Diggy (4:15)
  4. Connect For (3:17)
  5. Crossbow (3:29)
  6. Every Last One (2:41)
  7. Poison (4:13)
  8. Trinity (4:46)
  9. Kampo (1:57)
  10. Love One (3:24)
  11. Succor MC's (2:45)
  12. My Pathology (3:13)
  13. Keep Track (3:19)
  14. Doors (4:57)
Download Parte 1
Download Parte 2

Site Oficial - Common Market