sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Black Milk: Tronic

Depois de lançar um álbum em parceria com o amigo Fat Ray no começo do ano e produzir um dos melhores discos do ano para Elzhi, finalmente chegou a hora de Black Milk brilhar sozinho. Tronic, seu segundo álbum solo, mostra a versatilidade do produtor de Detroit, que, além de, obviamente, produzir os instrumentais, ainda encontra tempo para cuspir algumas rimas. Segundo Milk, este disco mostra uma evolução no seu trabalho, com maior uso de instrumentos e busca por um som mais futurista.

Na verdade, o que podemos constatar em Tronic é um misto entre evolução e respeito ao próprio som. Sem dúvida, existem sons com toques mais futuristas, mas ainda estão lá as caixas fortes e bumbos marcantes que caracterizam os beats de Milk. Além disso, ele explora uma infinitude de samples, além da já citada instrumentação. Outro ponto favorável é a consistência do álbum: tente achar uma única batida ruim e você não conseguirá. Enfim, a idéia de trazer um elemento futurista conseguiu somar ainda mais ao catálogo de Milk, que pôde criar sons mais experimentais com isso. A viajante Hell Yeah, cheia de barulhos eletrônicos e com uma bateria quebrada, é um dos melhores resultados desta experimentação, além das guitarras progressivas de Overdose, a suingada Hold It Down e, por fim, The Matrix, que poderia até tocar em alguma rádio se o refrão de scratches de Premier fosse substituído por algum vocal meloso, graças ao loop futurista contagiante.

Na parte lírica do álbum, Milk prova ser tão talentoso quanto no beatmaking. Ele foca principalmente em battle raps e temas mais cotidianos, embora sua força esteja mesmo no flow tranqüilo e sem esforço. Para ajudá-lo nas rimas, ele tem ainda a ajuda de caras como Sean Price, Pharoahe Monch e Royce Da 5'9. Este último, por sinal, prova estar em grande fase, ao roubar o show - assim como fez com Elzhi - em Losing Out, um beat mais tradicional, com um sample vocal muito bem sacado que se integra às rimas. Outros destaques do álbum são a ode aos bateristas, em Give The Drummer Sum, que, não por acaso, tem uma sessão de bateria espetacular, além da faixa de abertura, Long Story Short, com strings meio futuristas e, novamente, uma bateria impecável, pulsante, acelerada, uma espécie de upgrade do clássico break Synthetic Substitution. Nesta faixa, Milk dá o segredo dos seus beats: "Ouvindo Pete Rock, Premo e Dilla direto / tentando deixar meu som tão bom quanto o deles".

A influência das três lendas acaba tornando-se evidente no disco. De Pete Rock, a atenção especial às caixas, além do expediente de usar pequenas batidas para introduzir/concluir alguma faixa; de Dilla, a elegância nos beats e, de Premier, além da experimentação, a presença do próprio fazendo scratches em The Matrix. É assim, combinando velha escola com nova escola, experimentando, buscando novos sons, que o moleque lança mais um trabalho de grande qualidade e consolida-se definitivamente no rol dos grandes beatmakers da cena atual.

Black Milk - Tronic
1. Long Story Short2. Bounce
3. Give the Drummer Sum
4. Without U ft. Colin Munroe
5. Hold it Down
6. Losing Out ft. Royce 5'9
7. Hell Yeah
8. Overdose
9. Reppin for U ft. AB
10. The Matrix ft. Pharoahe Monch, Sean Price, Dj Premier
11. Try
12. Tronic Summer
13. Bond 4 Life (Music) ft. Melanie Rutherford
14. Elec (Outro)

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2 comentários:

Maia Produções disse...

Losing out...pra mim a melhor do album...lógico,não desvalorizando as outras,mas esse tipo de produção eu sou fã incondicional...meu objetivo é chegar a esse nével.

Anônimo disse...

losing out e give the drummer sum sao as melhores..myriam maputo-mocambique