Ano: 2009
Gravadora: IllSevenz
Produtor: Illastrate (todas as faixas)
Participações: Boog Brown (faixas 1 e 12), Dynas (5 e 11), Dolo (6), Dev Huskey (7), Mojo Swagger (9), Small Eyes (12), No Joke (14).
Como dito por um blogueiro americano, é impressionante como todo ano surge um monte de álbuns aparentemente do nada, com artistas relativamente desconhecidos, e que acabam fazendo bastante barulho. Outra teoria, essa deste humilde escriba, é de que o rap nos EUA é que nem o samba ou o futebol no Brasil. Há qualidade em profusão, mesmo que ninguém nunca vá conhecer aquele seu vizinho camisa nove que barraria facilmente o Obina. Assim, provavelmente você nunca conheceria a dupla Black Noise, formada pelo emcee Aarophat e o beatmaker Illastrate. Mas acredite: eles barrariam sem maiores problemas muitos "medalhões" do rap. E "Black Noise", o disco, é a prova disso.
Illastrate talvez seja mais conhecido, por já ter contribuído com produções para outros nomes alternativos - a ótima Tiye Phoenix, por exemplo -, enquanto Aarophat foi descoberto por Rasco, dos Cali Agents. Segundo reza a lenda (e o release dos caras), tanto emcee quanto produtor se encontraram apenas 14 horas antes de começarem a gravar o disco. Se isso for verdade, então a química dos dois é realmente perfeita, tipo almas gêmeas feitas uma para a outra.
Tudo isso porque as rimas diversificadas e o flow agressivo e confiante de Aarophat casam perfeitamente com os instrumentais imaculados do pequeno monstro que atende pelo nome de Illastrate. Após ouvir a primeira faixa do álbum, você terá a certeza: nenhum disco neste ano, quiçá nos últimos anos, foi abençoado com baterias tão boas. Não à toa, o carro-chefe da produção de Illa são as chamadas "dirty drumz", ou seja, "baterias sujas". Aliás, é clara a proeminência de caixa e bumbo no mapa dos instrumentais; os samples são relegados a segundo plano, apenas complementam o espetáculo da batida. Acredite: há muito tempo você não balançava a cabeça para um beat do jeito que irá balançar para os presentes em "Black Noise".
Assim, sob o comando das caixas de Illastrate, Aarophat tem um grande desafio: um emcee apenas correto manteria o nível alto, mas um cara inspirado faria do álbum um clássico. Infelizmente, mas de forma compreensiva, o pobre rapper fica no meio do caminho. Com voz e levada bem parecidas com a de Sean Price, Aaro ainda não atingiu a mesma igualdade em termos de letras. Ainda assim, ele brilha em faixas como "Midwestkids", a carta de apresentação da dupla, com uma linha de baixo densa e um refrão cantado pelo emcee com facilidade incrível; "Watchagunnado", uma levada reggae que se apoia nas rimas intricadas de Aaro; e "Ghetto2Ghetto", a já tradicional canção tratando das agruras das classes baixas.
Outros destaques incluem o pancadão supremo do disco, "Chips". As caixas são tão pesadas que sua reprodução em sistemas de som poderosos deve ser ministrada com parcimônia. "In The Trunk" é uma pororoca no meio das costas leste e oeste. O batidão pesado nova-iorquino dialoga com os sintetizadores G-Funk de uma forma impossível de se imaginar na época de Tupac Shakur e Christopher Wallace. Ah, e torça para que o refrão não grude na sua cabeça por alguns dias.
Enfim, "Black Noise" é um álbum que não pode ser desprezado. O trabalho de Illastrate na produção é realmente impecável, dada a direção que ele escolheu dar e a forma como ele conseguiu executá-la perfeitamente. Não é exagero dizer que a estrela do disco é a bateria de todos os beats; todo o resto gira ao redor disso. Ainda assim, o projeto acaba não tendo nenhum single de destaque, sendo recomendado, pois, que se ouça as 14 faixas em sequência. Porém, diferente do último álbum resenhado no blog, este não é para ser apreciado enquanto relaxa. Tente coisas com mais adrenalina, como um basquete na rua, uma sessão de espancamento no irmão menor, uma corrida da polícia.
Aarophat & Illastrate as Black Noise - Black NoiseGravadora: IllSevenz
Produtor: Illastrate (todas as faixas)
Participações: Boog Brown (faixas 1 e 12), Dynas (5 e 11), Dolo (6), Dev Huskey (7), Mojo Swagger (9), Small Eyes (12), No Joke (14).
Como dito por um blogueiro americano, é impressionante como todo ano surge um monte de álbuns aparentemente do nada, com artistas relativamente desconhecidos, e que acabam fazendo bastante barulho. Outra teoria, essa deste humilde escriba, é de que o rap nos EUA é que nem o samba ou o futebol no Brasil. Há qualidade em profusão, mesmo que ninguém nunca vá conhecer aquele seu vizinho camisa nove que barraria facilmente o Obina. Assim, provavelmente você nunca conheceria a dupla Black Noise, formada pelo emcee Aarophat e o beatmaker Illastrate. Mas acredite: eles barrariam sem maiores problemas muitos "medalhões" do rap. E "Black Noise", o disco, é a prova disso.
Illastrate talvez seja mais conhecido, por já ter contribuído com produções para outros nomes alternativos - a ótima Tiye Phoenix, por exemplo -, enquanto Aarophat foi descoberto por Rasco, dos Cali Agents. Segundo reza a lenda (e o release dos caras), tanto emcee quanto produtor se encontraram apenas 14 horas antes de começarem a gravar o disco. Se isso for verdade, então a química dos dois é realmente perfeita, tipo almas gêmeas feitas uma para a outra.
Tudo isso porque as rimas diversificadas e o flow agressivo e confiante de Aarophat casam perfeitamente com os instrumentais imaculados do pequeno monstro que atende pelo nome de Illastrate. Após ouvir a primeira faixa do álbum, você terá a certeza: nenhum disco neste ano, quiçá nos últimos anos, foi abençoado com baterias tão boas. Não à toa, o carro-chefe da produção de Illa são as chamadas "dirty drumz", ou seja, "baterias sujas". Aliás, é clara a proeminência de caixa e bumbo no mapa dos instrumentais; os samples são relegados a segundo plano, apenas complementam o espetáculo da batida. Acredite: há muito tempo você não balançava a cabeça para um beat do jeito que irá balançar para os presentes em "Black Noise".
Assim, sob o comando das caixas de Illastrate, Aarophat tem um grande desafio: um emcee apenas correto manteria o nível alto, mas um cara inspirado faria do álbum um clássico. Infelizmente, mas de forma compreensiva, o pobre rapper fica no meio do caminho. Com voz e levada bem parecidas com a de Sean Price, Aaro ainda não atingiu a mesma igualdade em termos de letras. Ainda assim, ele brilha em faixas como "Midwestkids", a carta de apresentação da dupla, com uma linha de baixo densa e um refrão cantado pelo emcee com facilidade incrível; "Watchagunnado", uma levada reggae que se apoia nas rimas intricadas de Aaro; e "Ghetto2Ghetto", a já tradicional canção tratando das agruras das classes baixas.
Outros destaques incluem o pancadão supremo do disco, "Chips". As caixas são tão pesadas que sua reprodução em sistemas de som poderosos deve ser ministrada com parcimônia. "In The Trunk" é uma pororoca no meio das costas leste e oeste. O batidão pesado nova-iorquino dialoga com os sintetizadores G-Funk de uma forma impossível de se imaginar na época de Tupac Shakur e Christopher Wallace. Ah, e torça para que o refrão não grude na sua cabeça por alguns dias.
Enfim, "Black Noise" é um álbum que não pode ser desprezado. O trabalho de Illastrate na produção é realmente impecável, dada a direção que ele escolheu dar e a forma como ele conseguiu executá-la perfeitamente. Não é exagero dizer que a estrela do disco é a bateria de todos os beats; todo o resto gira ao redor disso. Ainda assim, o projeto acaba não tendo nenhum single de destaque, sendo recomendado, pois, que se ouça as 14 faixas em sequência. Porém, diferente do último álbum resenhado no blog, este não é para ser apreciado enquanto relaxa. Tente coisas com mais adrenalina, como um basquete na rua, uma sessão de espancamento no irmão menor, uma corrida da polícia.
1 - Tape Deck Intro
2 - Midwestkids
3 - Ghetto2ghetto
4 - Y a M
5 - Lay It Down
6 - Whachagunnado
7 - Going Places
8 - Driftin
9 - Chips
10 - Higher (Revolution)
11 - Center Stage
12 - Midwestkids (Reprise)
13 - In the Trunk (Bonus)
14 - Lethal (Feat No Joke) (Bonus)
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