Gravadora: Shaman Works
Produtor: GODlee Barnes.
Participação: Co$ (faixa 12).
Quando Blu explodiu em 2007 com seu álbum de estreia "Below The Heavens", muitos trataram o moleque como uma das grandes promessas do rap para os anos subsequentes. Poucos imaginavam que o cara iria corresponder tanto às expectativas. Depois da sua estreia, ele esteve presente em outros dois álbuns e manteve a qualidade. Não satisfeito, John Barnes resolveu começar a produzir seus próprios beats. Lançou uma mixtape, duas beat tapes e encontrou no nativo do Brooklyn Sene o companheiro ideal para sua primeira aventura a sério. O resultado disso é "A Day Late & A Dollar Short", primeiro disco de Sene e do produtor GODlee Barnes, a alcunha adotada para a versão beatmaker de Blu.
O projeto, coincidência ou não, lembra bastante a estreia de Blu em vários aspectos. O primeiro é o formato: tal qual os clássicos produzidos nos anos 90, a divisão de tarefas é clara. Um emcee rimando, com eventuais mas raros convidados, e um produtor...produzindo. Simples, rasteiro e eficiente. Longe das tracklists com os beatmakers mais quentes do momento e uma coleção de rappers convidados que fazem discos parecerem um guia "Quem é Quem" para novatos do rap. Afastado desta orgia rapeira, "A Day Late..." dá o espaço ideal para GODlee Barnes pôr seus talentos à prova. A pressão, por outro lado, é grande: será que o moleque que impressionou a todos rimando poderia fazer isso desta vez com MPCs?
A resposta é sim. Blu tem uma estética bem própria e consegue transferir isso para o disco. A timbragem é suja, as caixas têm um feeling old school, embora não sejam necessariamente pesadas. Os samples são oriundos principalmente do jazz, mesmo que o álbum tenha saído bem menos jazzy do que se supunha depois de ouvir os primeiros beats de Blu. Ainda assim, o maior mérito do cara é ter mesclado consistência e variedade de forma satisfatória, de forma a conseguir manter o nível de qualidade durante toda a audição do álbum. No fim das contas, espere pianos à vontade, teclados, vocais femininos passeando ao fundo e um climão tranquilo permeando todo o trabalho.
Sene, por sua vez, responde aos vários outros aspectos que remetem "A Day Late..." a "Below The Heavens". À parte o flow e a voz parecidos, o moleque - outra semelhança com o Blu de dois anos atrás - toca basicamente nos mesmos temas. A aposta, embora não tão confiante e proeminente, é em relatos pessoais capazes de fazer qualquer um entre 18 e 30 anos se identificar. Um exemplo é o single "QuarterWaterSupporter", uma viagem nostálgica até o Brooklyn da infância do emcee, rememorando todas aquelas situações que nós guardamos com carinho da nossa criação.
A performance de Sene, num geral, é satisfatória. Excetuando alguns refrãos irritantes e eventuais "desaparecimentos" perante o microfone, o moleque mostra que é excelente tecnicamente. No leque de temas dos quais ele trata, destacam-se o excelente conceito de "EveryDejaVu", outra vez um golpe certeiro no jovem comum das cidades: as rimas falam das rotinas repetitivas e de como as coisas passam rápido; "WonLover", um jogo de palavras no melhor estilo "I Used to Love H.E.R."; e "Ain't No Justice", cuja argumentação do título se dá através de um storytelling bem executado. Entretanto, nem tudo é sério. O loop de um piano despreocupado em "WhyBother?" dá a sugestão do conteúdo dos versos. Falando em sugestão, "JusASuggestion" fecha o disco de maneira espetacular. Na possivelmente melhor faixa do álbum, tudo funciona à perfeição: a bateria quebrada, os samples vocais ocasionais, a guitarra cortada, o teclado...A mensagem, cheia de motivação, também é ótima.
No geral, "A Day Late & A Dollar Short" é um álbum que atinge o seu limite. Blu faz um bom trabalho como produtor e, se continuar a se desenvolver, pode equiparar seus dotes de beatmaker aos de emcee num já aguardadíssimo disco solo. Sene, por sua vez, faz o que é possível, mas escorrega em altos e baixos naturais para uma estreia. Pesa contra ele a comparação com o seu agora produtor, mas às vezes fica a sensação de que ele mesmo tomou este caminho.
Sene & Blu - A Day Late & A Dollar ShortO projeto, coincidência ou não, lembra bastante a estreia de Blu em vários aspectos. O primeiro é o formato: tal qual os clássicos produzidos nos anos 90, a divisão de tarefas é clara. Um emcee rimando, com eventuais mas raros convidados, e um produtor...produzindo. Simples, rasteiro e eficiente. Longe das tracklists com os beatmakers mais quentes do momento e uma coleção de rappers convidados que fazem discos parecerem um guia "Quem é Quem" para novatos do rap. Afastado desta orgia rapeira, "A Day Late..." dá o espaço ideal para GODlee Barnes pôr seus talentos à prova. A pressão, por outro lado, é grande: será que o moleque que impressionou a todos rimando poderia fazer isso desta vez com MPCs?
A resposta é sim. Blu tem uma estética bem própria e consegue transferir isso para o disco. A timbragem é suja, as caixas têm um feeling old school, embora não sejam necessariamente pesadas. Os samples são oriundos principalmente do jazz, mesmo que o álbum tenha saído bem menos jazzy do que se supunha depois de ouvir os primeiros beats de Blu. Ainda assim, o maior mérito do cara é ter mesclado consistência e variedade de forma satisfatória, de forma a conseguir manter o nível de qualidade durante toda a audição do álbum. No fim das contas, espere pianos à vontade, teclados, vocais femininos passeando ao fundo e um climão tranquilo permeando todo o trabalho.
Sene, por sua vez, responde aos vários outros aspectos que remetem "A Day Late..." a "Below The Heavens". À parte o flow e a voz parecidos, o moleque - outra semelhança com o Blu de dois anos atrás - toca basicamente nos mesmos temas. A aposta, embora não tão confiante e proeminente, é em relatos pessoais capazes de fazer qualquer um entre 18 e 30 anos se identificar. Um exemplo é o single "QuarterWaterSupporter", uma viagem nostálgica até o Brooklyn da infância do emcee, rememorando todas aquelas situações que nós guardamos com carinho da nossa criação.
A performance de Sene, num geral, é satisfatória. Excetuando alguns refrãos irritantes e eventuais "desaparecimentos" perante o microfone, o moleque mostra que é excelente tecnicamente. No leque de temas dos quais ele trata, destacam-se o excelente conceito de "EveryDejaVu", outra vez um golpe certeiro no jovem comum das cidades: as rimas falam das rotinas repetitivas e de como as coisas passam rápido; "WonLover", um jogo de palavras no melhor estilo "I Used to Love H.E.R."; e "Ain't No Justice", cuja argumentação do título se dá através de um storytelling bem executado. Entretanto, nem tudo é sério. O loop de um piano despreocupado em "WhyBother?" dá a sugestão do conteúdo dos versos. Falando em sugestão, "JusASuggestion" fecha o disco de maneira espetacular. Na possivelmente melhor faixa do álbum, tudo funciona à perfeição: a bateria quebrada, os samples vocais ocasionais, a guitarra cortada, o teclado...A mensagem, cheia de motivação, também é ótima.
No geral, "A Day Late & A Dollar Short" é um álbum que atinge o seu limite. Blu faz um bom trabalho como produtor e, se continuar a se desenvolver, pode equiparar seus dotes de beatmaker aos de emcee num já aguardadíssimo disco solo. Sene, por sua vez, faz o que é possível, mas escorrega em altos e baixos naturais para uma estreia. Pesa contra ele a comparação com o seu agora produtor, mas às vezes fica a sensação de que ele mesmo tomou este caminho.
01. PressPause
02. WonLover
03. QuarterWaterSupporter
04. WhyBother?
05. WonThousandGirls
06. SmokeRosebudsOnAshyAvenue
07. TheWonderers
08. CloudClimbers
09. EyeCry - TheBefore
10. OwlThruGotham
11. EveryDejaVu
12. Ain'tNoJustice
13. EyesDry - TheAfter
14. JusASuggestion
Vídeo de "WonLover":