sexta-feira, 25 de abril de 2008

Letra Traduzida: Nas - Be A Nigger Too

Tradução do primeiro single do novo álbum do Nas, chamado Nigger. Como já devem saber, este álbum vem criando grande polêmica nos EUA, devido ao uso da palavra nigger, que é uma forma pejorativa de se referir aos negros, embora os próprios se tratem assim.

A princípio, eu achei a música mediana. Mas, depois que li a letra, percebi que, embora a sua seleção de beats não seja das melhores, Nas ainda é um dos maiores poetas do rap. Em Be A Nigger Too, ele faz várias referências relacionadas aos negros, fala inclusive de como eles próprios contribuem para o estereótipo. É uma música carregada de ironia, talvez a parte mais gritante seja o refrão, em que ele chama várias outras etnias pelo nome pejorativo, assim como fazem com a raça dele. Ele ainda ironiza as pessoas que não dão valor à NAACP e estão mais preocupadas em comprar carrões, além de fechar com chave de ouro falando sobre o KKK.

Letra sensacional do Nas. Acredito que todo mundo que ouviu o single e não achou muito bom, ao ler a tradução vai escutar de outra maneira a faixa. Recomendo que leiam também as explicações de algumas das referências que ele faz: elas estão marcadas no texto e a explanação está no final da letra.

Artista: Nas
Álbum: Nigger
Música: Be a Nigger Too - Seja Um Negro Também

[ Nas ]

Aumentem seus rádios
vocês agora estão permitidos a ouvir o rádio
os negros VERDADEIROS estão de volta ao rádio

[ Verso 1 ]
Uh, sem preguiça, sem implorar, sem pedir, sem correria
sem desrespeito ao Islã, ao Iman1, ou aos pastores
sem respostas para as perguntas que a mídia faz
por que nós lutamos entre nós em público, na frente desses fascistas arrogantes?
E eles adoram
colocando os negros antigos contra os mais novos
a maioria dos nossos anciões falharam conosco, como poderiam nos julgar? Negros
existem livros publicados por negros, produzidos por negros
negros genuínos, então eu dou um salve para os meus manos
não fico puto porque o Eminem disse "nigga", porque ele é meu mano
branco querendo ser negro2, amigo cracker3- todos nós somos negros por dentro, okay?
Todos nós somos africanos, okay
mas alguns africanos não gostam de nós de jeito nenhum
uma matança aconteceu em Johannesburg, ontem
mataram um artista chamado Lucky Dube4, foi sequestrado
alguns dizem que a NAACP5 enrola a gente
mas eu não compro a idéia deles, eu compro um Aston Martins6
carros mais rápidos que os da NASA, fumando enquanto to de rolê
críticos, chupem um pau! Jornalistas, vejam, estou rico
com essa história de N-word, eu só to começando, otário!

[ Refrão ]
Eu sou um nigger, ele é um nigger, ela é uma nigger, nós somos uns niggers
Você não gostaria de ser um nigger também?
Para todos os meus manos kike7, meus manos spic8, manos guinea9, manos chink10
Tudo certo, todos vocês também são meus manos
Eu sou um nigger, ele é um nigger, ela é uma nigger, nós somos uns niggers
Você não gostaria de ser um nigger também?
Eles gostam de estrangular os negros, culpar os negros, atirar nos negros, enforcar os negros
Você ainda quer ser um negro também?

[ Verso II ]
Acordo de manhã, balanço a minha terceira perna11 no banheiro
Uzi na cabine de vigia, eu sou o cara com quem você vai pra guerra
não o cara contra quem você guerreia, paciência, eu vou te pegar
se isso significa que eu não vou dormir por um ano inteiro, eu te pego mesmo assim
eu sou oficial, não rimo A-Tisket ou A-Tasket12
eu vou colocar você no caixão, com a pistola ou o revólver
eles fumam hibiscus, plantas ou árvores, maconha de primeira
não nos abandonem, vocês são todos sangues falsos como maquiagem de filme
meu flow é tão apertado quanto o aparelho da Tootie13
quem nós odiamos? nós mesmos
eu vou ficar algemado no ponto de ônibus se minha arma disparar
porque vocês são todos uns cagüetas, o oposto de judeus
eu sou o cara por um bom tempo, minha banca ainda tem gangstas verdadeiros de Queensbridge
eles andam juntos, unidos como maçons
então, se eu estiver sendo seguido pela lei, tem lojas14 por todas as nações
Nas está pronto para o plano, para segurar a cabeça do Grand Dragon15
na minha mão, venha me pegar, aqui estou eu

[ Refrão ]

1- Iman é o termo usado pelos muçulmanos para designar Fé
2- Nas diz wigger, que significa um branco que se veste e age como um negro
3- cracker é uma palavra usada para se referir pejorativamente aos brancos, assim como nigga é para os negros. Esta palavra vem do barulho(crack) que vinha do açoitamento dos escravos, geralmente feito por um branco.
4- Lucky Dube é um artista de reggae da África do Sul, morto em Johannesburg, capital do país, supostamente por ladrões de carro.
5-NAACP é a sigla para National Association for the Advancement of Colored People, ou seja, Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, uma organização de direitos civis bastante influente nos EUA.
6- Aston Martin é uma marca de carro.
7- Kike é um termo usado para se referir pejorativamente aos judeus.
8- Spic é um termo usado para se referir pejorativamente às pessoas que falam espanhol(latinos, principalmente).
9- Guinea é um termo usado para se referir pejorativamente aos italianos.
10- Chink é um termo usado para se referir pejorativamente aos chineses.
11- Nas fala Third Leg, ou terceira perna, uma referência à vantagem genética que os negros têm em termos de tamanho do pênis.
12- A-Tisket e A-Tasket é uma rima infantil, da cultura popular norte-americana.
13-Tootie é uma personagem do seriado The Facts of Life(Vivendo e Aprendendo, aqui no Brasil). Era uma menina negra de um colégio, e usava aparelhos. A rima pode parecer estranha, mas tight é um termo que pode se referir tanto a apertado quanto a algo bom, legal. Nas fez um jogo de palavras com os dois significados.
14- Lojas, ou Lodgers em inglês, são a menor unidade dos maçons, a menor célula na qual eles se reúnem.
15- Grand Dragon é o termo do cargo mais alto na hierarquia dos KKK, uma organização que era contra os negros.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

The Roots: Rising Down

Outro álbum de um grupo importante que acabou de vazar. Rising Down é o décimo álbum da The Roots, banda de rap mais famosa e elogiada da história, liderada pelo emcee Black Thought e o baterista ?uestlove. Segundo o baterista, o álbum tem um som que eles nunca procuraram fazer antes, tentando mudar um pouco os instrumentos, buscando novas sonoridades. Perguntando sobre o tema do álbum, ele afirmou ainda: "Junte aos altos níveis de criminalidade e evasão escolar da Filadélfia com estar com seus trinta e poucos anos, trabalhar 300 noites por ano, além de ser um ano de eleições presidenciais. Este álbum é sobre tudo isso".

O disco conta ainda com várias participações. Os convidados mais expressivos são Mos Def, Styles P, DJ Jazzy Jeff, Saigon, Talib Kweli, Common e Chrissete Michelle. Além destes, ainda estão no álbum Dice Raw, Malik B e Peedi Crakk, caras que já têm uma história de trabalhos anteriores com a banda.

Juntando o fato de o álbum ter temas bem políticos e ser o décimo da carreira da banda, é fácil perceber o quão madura é a música dos caras. Musicalmente, ?uestlove é o protagonista, mais uma vez impecável na bateria. Os beats em Rising Down estão muito mais sombrios e minimalistas, deixando de lado o jazz que marcou o início da carreira do grupo. Exemplos disso são as faixas Rising Down, com uma guitarra seguindo o ritmo puxado por ?uest; Get Busy, ainda mais pesada, remetendo ao boom-bap nova-iorquino dos anos 90; e Black's Reconstruction, guiada por uma linha de baixo nervosa. Os momentos mais calmos do disco também merecem menção, como em Criminal, um clima mais nostálgico, embora as caixas continuem pesadas; e Rising Up, um batidão estilo anos 70, acentuado com a bela voz de Chrissete Michelle no refrão.

Quanto às letras, Black Thought dá um show de versatilidade. Como prometido antes, os temas são sérios e inteligentes. Em Rising Down, ele, Mos Def e Styles P falam sobre a situação da sociedade atual, sob três perspectivas diferentes; a situação dos negros é explorada em I Will Not Apologize; o emcee rima ainda sobre problemas sociais em Criminal e Lost Desire, mas não esquece dos tradicionais battle raps, em Get Busy e Black's Reconstruction, esta última uma seqüência de 75 linhas gravadas de uma só vez.

Como sempre, a banda acaba não decepcionando. A mescla de um som mais turvo com conceitos criativos e conscientes se mostrou bastante acertada. ?uestlove continua um monstro na bateria, e Black Thought, no microfone. Mais um álbum que poderia ser classificado como Hip Hop adulto, como diria Buckshot. Talvez esteja nascendo uma nova vertente no rap. A julgar pelos álbuns saindo com esta proposta, é possível que esteja aí o caminho para a renovação do gênero.

The Roots - Rising Down
1. The Pow Wow
2. Rising Down (Hum Drum) (featuring Mos Def, Styles P & Dice Raw)
3. Get Busy (featuring Dice Raw, Peedi Crakk & DJ Jazzy Jeff)
4. @ 15
5. 75 Bars (Black's Reconstruction) (featuring Tuba Gooding Jr.)
6. Becoming Unwritten
7. Criminal (featuring Truck North & Saigon)
8. I Will Not Apologize (featuring Porn, Dice Raw, & Talib Kweli)
9. I Can’t Help It (featuring Malik B & Porn)
10. Singing Man (featuring Porn & Truck North)
11. Up There (Unwritten) (featuring Mercedes Martinez)
12. Lost Desire (featuring Malik B & Talib Kweli)
13. The Show (featuring Common)
14. Rising Up (featuring Wale & Chrisette Michelle)
15. Live at WPFW, 1994 (Hidden Track)

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Vídeo da faixa 75 Bars(Black's Reconstruction):


Vídeo da faixa Get Busy:


Vídeo da faixa Rising Up:


Vídeo da faixa Birthday Girl:

Singles: Nas e Achozen

Nos últimos dias, dois importantes singles vazaram na internet. O primeiro é do controverso álbum Nigger, do Nas, que vem gerando bastante polêmica nos EUA por causa do nome. A faixa se chama Be A Nigger Too, talvez uma resposta irônica do Nas a toda essa discussão, já que ele fala no refrão: "Eu sou um nigga, ele é um nigga, ela é uma nigga, você também não quer ser um nigga?". E ainda aproveita para arrematar: "Críticos, vão chupar um pau". Nesta faixa, Nas ainda mostra o flow impecável de sempre, sobre uma batida simples, mas efetiva. No geral, um bom single, embora não forte o suficiente para ser o carro-chefe de um álbum cercado de tantas expectativas.

Quem leu o título do post pode não estar conhecendo o nome Achozen. Este é o novo grupo do RZA, que é formado ainda pelo baixista Shavo, do System of a Down, e os emcees Beretta 9 e Reverend Burke. Ontem, a banda lançou o primeiro single do álbum, que, segundo os integrantes, "não será rap-metal, e sim hip hop pesado". O nome da faixa é Deuces, e conta com RZA cantando o refrão e um verso curto de Beretta. O instrumental é bom, lembra um pouco o bate-cabeça do começo do Wu-Tang, com o toque rock de Shavo, que não ficou muito exagerado. A única reclamação sobre a faixa está no fato de o refrão - embora muito bom - ser repetido muitas vezes, enquanto o rap mesmo tem pouco espaço. Ainda assim, é uma ótima música.















Nas -Be A Nigger Too
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Achozen - Deuces
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domingo, 20 de abril de 2008

9th Wonder & Buckshot: The Formula

Dois grandes nomes do rap atual dando seqüência ao trabalho iniciado com o álbum Chemistry. Dessa vez, o ex-produtor do Little Brother, 9th Wonder, e o cabeça do Black Moon e da gravadora Duck Down, Buckshot, se reúnem para trazer aos fãs The Formula.

Este disco novo confirma que a dupla realmente tem uma química muito boa e encontraram a fórmula certa para fazer boa música. 9th Wonder está absolutamente impecável no álbum, com o tradicional arsenal de samples vocais, caixas e bumbos pesados e um clima totalmente soul. Já Buckshot também mantém seu estilo, mas soa aqui muito mais interessado no projeto: seu flow continua preciso e a voz mais empolgada.

Ready(Brand New Day) é o maior destaque do álbum, com um vocal acelerado e um loop bem tranqüilo, dando o clima da faixa, além do tradicional boom bap na bateria. Os dois singles - Go All Out e Hold It Down, este com Talib Kweli - também merecem menção: o primeiro tem um grande sample de sax e um quê jazzy, enquanto o segundo, mesmo com um refrão fraco, tem dois grandes emcees rimando sobre um beat mais acelerado e complexo. Shinin Yall é um dos melhores beats do disco, com um sample de strings cortado de forma perfeita por 9th Wonder, e grande participação de Yarafat Yates e Big Chops, dois desconhecidos para mim. Por fim, Man Listen recorre a samples vocais e de soul para fechar com chave de ouro o trabalho.

O disco, entretanto, não está livre de erros. Alguns refrões não funcionaram e alguns temas não casaram bem com a proposta de "Hip Hop adulto" da dupla, como por exemplo a faixa Just Display, falando sobre mulheres que são apenas para serem exibidas. Apesar desses pequenos deslizes, The Formula é um grande álbum, graças sobretudo aos instrumentais de 9th Wonder, que parece ter voltado à boa forma, depois da decepção de Dream Merchant. Juntando isso à performance sólida de Buckshot, temos a fórmula ideal para o bom rap.

9th Wonder & Buckshot - The Formula
1. Intro / The Formula f. The Formula Crew
2. Ready (Brand New Day)
3. Be Cool f. Swan
4. Go All Out (No Doubt!!!) f. Carlitta Durand
5. No Future
6. Hold It Down f. Talib Kweli & Tyler Woods
7. Whassup With U?
8. One For You (Big Lou)
9. Just Display
10. Here We Go
11. Throwin' Shade
12. Shinin' Yall f. Arafat Yates & Big Chops (of M1 Platoon)
13. Man Listen (Cause Ummm) f. Carlitta Durand

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Vídeo da faixa Go All Out:


Vídeo da faixa Hold It Down:

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Artofficial: Fist Fights and Foot Races

Este grupo já foi apresentado aqui no blog. Na época, eu postei o EP deles e elogiei bastante, principalmente pela forma como mesclam o jazz ao rap, com uma banda, levando ao extremo a proposta de grupos como o The Roots. Pelo que parece, o EP fez grande sucesso, e garantiu à banda o lançamento de álbum completo.

Fist Fights and Foot Races contém as músicas do primeiro disco, e confirma nas novas faixas o estilo do grupo. Com uma bateria sensacional e o saxofone onipresente, a banda é impecável na parte instrumental, enquanto os emcees tratam desde temas mais políticos a conceitos mais pessoais. Os destaques continuam os mesmos do primeiro disco, com Clockwork e Eyes of a Stranger ainda predominando. Entre as faixas inéditas, nenhuma com o mesmo poder das duas já citadas, mas ainda assim de uma exuberância musical pouco vista atualmente.

O lançamento deste álbum surpreendeu um pouco, já que o EP havia sido lançado no final do ano passado. Logo, eu esperava um álbum mais para o fim do ano. Não é nem preciso dizer que foi uma surpresa muito agradável. Artofficial é um dos nomes mais promissores do cenário do Rap, com uma mistura perfeita da elegância do jazz com a poesia crua das ruas. Recomendadíssimo.

Artofficial - Fist Fights and Foot Races
1- K33
2- Big City, Bright Lights
3- Skunk Ape
4- Eyes Of A Stranger
5- Too Nasty
6- Gone
7- Clockwork
8- Bottle Of Hope
9- Remember The Days
10- Rewind
11- Word Bending
12- Architect
13- Sound Check On Saturn
14- Big City Bright Lights (Shin Ski Remix)

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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Atmosphere: When Life Gives You Lemons, You Paint That Shit Gold

Álbum novo do Atmosphere, grupo norte-americano formando pelo produtor Ant e o emcee Slug. Os dois são bastante conceituados no underground, tendo lançado 5 álbuns e sempre recebendo elogios. Ant é também o produtor dos dois discos do Brother Ali, que também foram um grande sucesso de crítica. Já Slug é um emcee bastante elogiado, conhecido por suas rimas bastante introspectivas.

When Life Gives You... se diferencia imediatamente dos outros álbuns recém lançados pela incrível qualidade dos beats produzidos por Ant. Depois de grandes trabalhos, não só com o próprio Atmosphere, como também como Brother Ali, o produtor atinge um nível altíssimo nesse álbum novo. Aproveitando as costumeiras letras pessoais de Slug, ele solta beats igualmente introspectivos, que casam muito bem com o emcee. Faixas como Painting e Yesterday são um grande exemplo deste casamento. Mas não é só isso: Ant também aproveita para criar batidas mais eletrônicas/futuristas, como em The Skinny. Destaque ainda para as influências latinas em Me e Wild Wild Horses, na voz-violão Guarantees e na belíssima faixa de abertura Like The Rest Of Us.

Embora não seja possível uma avaliação sobre as letras de Slug, só a metade instrumental do álbum garante a qualidade. Não há uma só faixa com um beat "mais ou menos": todas são muito bem construídas. Com esse lançamento, o Atmosphere ratifica seu status no underground americano como um dos mais importantes grupos a fazer bom rap para os fãs.

Atmosphere - When Life Gives You Lemons, You Paint That Shit Gold
1. Like The Rest Of Us
2. Puppets
3. The Skinny
4. Dreamer
5. Shoulda Know
6. You
7. Painting
8. Your Glasshouse
9. Yesterday
10. Guarantees
11. Me
12. Wild Wild Horses
13. Can't Break
14. The Waitress
15. In Her Music Box

PS: Link consertado!

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terça-feira, 15 de abril de 2008

Wu-Tang Clan: The Heart Gently Weeps ( Vídeo)



Este é o segundo vídeo do álbum 8 Diagrams. Nele dá para perceber o grau de desunião e desorganização em que se encontra o grupo. Apenas dois integrantes aparecem no vídeo(Gza e Rza) - e nenhum dos dois canta na música. Isso sem contar a edição ruim e o conceito confuso do vídeo. É triste ver um grupo como o Wu nesta situação, mas isso é assunto para outro dia. Ainda me resta alguma esperança...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Kidz In The Hall: School Was My Hustle

Kidz In The Hall é um grupo formado pelo emcee Naledge e o produtor Double-O, considerado nos EUA como um dos grandes expoentes da nova escola do rap. Os caras foram apadrinhados pelo produtor Just Blaze, que resolveu ajudá-los como produtor executivo do álbum de estréia dos caras - School Was My Hustle - que recebeu quase que elogios unânimes.

De fato, o álbum rapidamente mostra que é diferente do que é atualmente produzido pelas novas caras do hip hop. Os beats feitos por Double-O têm um pé no jazz-rap, mas soam como se fosse uma atualização deste estilo, do que propriamente uma homenagem. O clima, entretanto, é o mesmo: músicas relax, calmas e bem construídas, com destaque para faixas como Wheelz Fall Of(que usa o mesmo sample da clássica 93 'Til Infinity, do Souls of Mischief), Dumbass Tales e Hypocrite , sendo a última destaque absoluto do álbum - totalmente jazzística, com samples cortados à la DJ Premier. O contraponto no clima relax fica por conta da faixa de abertura, Ritalin, uma explosão de energia, tanto no instrumental quanto nas rimas de Naledge, talvez para mostrar que os moleques não estavam ali de brincadeira.

Porém, nem só de instrumentais vive um bom álbum de rap. O que realmente levou o grupo a outro patamar de aclamação foi a sólida performance de Naledge. Ele tem tudo o que um bom emcee precisa: carisma, voz marcante, bom flow, letras bem escritas e bons conceitos. Neste álbum, em especial, Naledge rima sob a perspectiva de um estudante americano, o que não o impede de criar boas mensagens: Go Ill e Wheelz Fall Of são músicas introspectivas, quase autobiográficas; Dumbass Tales toca no problema da criminalidade infantil, em forma de storytelling; Don't Stop e Move On Up são mais políticas, com um discurso ácido; por fim, Hypocrite trata, como o nome diz, da hipocrisia, principalmente em relacionamentos.

Sem nenhum exagero, School Was My Hustle é um dos melhores álbuns lançados ultimamente, por uma dupla extremamente afiada e talentosa. Naledge tem letras muito boas e grande facilidade para tratar de vários assuntos(eu gostaria de citar vários exemplos, mas o texto ficaria grande demais). Double-O sabe mesclar bem suas influências, e cria instrumentais que se encaixam perfeitamente nas rimas de seu parceiro. Tanto talento não passou despercebido, e o grupo já foi contratado pela gravadora Duck Down - a mesma do Boot Camp Clik - onde planeja lançar seu novo álbum no próximo mês. Será o teste de fogo para eles: será que conseguirão manter o nível de excelência?

Kidz In The Hall - School Was My Hustle
1. Hustler's Intro
2. Ritalin
3. Wassup Jo'
4. Wheelz Fall Off ('06 Til)
5. Ms. Juanita
6. Cruise Control
7. Go Ill
8. Dumbass Tales
9. Don't Stop
10. Move on Up
11. Hypocrite
12. Day By Day

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Vídeo da faixa Wheel Fall Off('o6 Til):

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Flobots: Fight With Tools

Flobots é uma banda de rap de Denver, bastante elogiada na região por sua mistura de rap, rock e letras políticas, sendo comparada às vezes à Rage Against the Machine. O grupo é formado pelos emcees Johnny 5 e Brer Rabbit, a violinista Mackenzie Roberts, o guitarrista Andy Guerrero, o baixista Jesse Walker, o trompetista Joe Ferrone e o baterista Kenny Ortiz. Como dá para perceber pela formação, o som do grupo é bem complexo e difícil de ser definido, embora eles mesmos se considerem uma banda de rap, porque, segundo os próprios, "o Hip Hop é um gênero capaz de agregar os bons elementos de todos os outros gêneros, e é isso o que a nossa banda procura fazer".

Fight With Tools é o primeiro álbum da banda e, embora não tenha sido "descoberto" pela maioria dos fãs de rap, ganhou muitos elogios daqueles que ouviram. Com uma grande influência do rock(às vezes até exagerada), o grupo tem como grande diferencial, sem dúvida, o violino sempre pontual. Não à toa, as melhores faixas do disco são justamente aquelas que a violinista Roberts mais aparece, como por exemplo Stand Up, Mayday e Rise. Porém, isso não é regra, e Handlebars é uma faixa mais pontuada pelo trompete de Ferrone, e é talvez o destaque maior do álbum.

As letras do grupo também são um grande atrativo. Combinando metáforas, ironias e versos políticos, os emcees conseguem manter a atenção do ouvinte, mesmo com os belos instrumentais os apoiando. Em Handlebars, eles comparam os poderosos dos EUA a crianças se gabando umas com as outras, como nesta parte:

"Eu ando de bicicleta sem segurar no guidom
Eu posso guiar um míssil por satélite
Eu posso acertar um alvo com um telescópio
Eu posso acabar com o planeta em um holocausto"

ou então:

"Eu posso fazer qualquer um ir pra prisão
só pelo fato de eu não gostar da pessoa
eu posso fazer qualquer coisa, mesmo sem permissão
eu tenho tudo sob o meu comando"

Em Rise, o discurso político fica ainda mais evidente e direto. É uma letra dirigida ao povo, e os emcees avisam ao ouvinte que "juntos, nós crescemos". Não é à toa que a banda já abriu shows para grupos como o lendário Public Enemy.

Enfim, Flobots é mais uma banda seguindo os passos do The Roots: rap com banda. Mais importante ainda, fazendo um som muito bom, apesar dos excessos da guitarra, o que desvirtua um pouco o som do grupo(talvez seja cisma minha, que não curto rock). Porém, as rimas inteligentes dos emcees e o violino de Mackenzie Roberts vão garantir bons sons para qualquer fã de rap.

Flobots - Fight With Tools
1. There's a War Going On For Your Mind
2. Mayday!!!
3. Same Thing
4. Stand Up
5. Fight With Tools
6. Handlebars
7. Never Had It
8. Combat
9. The Rhythm Method
10. Anne Braden
11. We Are Winning
12. Rise

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Vídeo da faixa Handlebars: