Quem acompanha o rap underground americano há algum tempo já conhece o trabalho do DJ Exile, desde sua parceria com Aloe Blacc no grupo Emanom até a dupla dinâmica que formou com o até então novato Blu para lançar um dos melhores álbuns de 2007. Neste meio tempo, ele também lançou um álbum solo, em 2006, chamado Dirty Science, no qual produzia e chamva amigos para cantar sobre os beats. Em 2009, porém, Exile resolveu embarcar em algo diferente, mais desafiador. E então surgiu Radio.
Este é um álbum conceitual, no qual todos os samples usados por Exile foram extraídos das frequências radiofônicas, inclusive de estações AM. Partindo deste princípio, pode-se encontrar de tudo durante o álbum: vozes robóticas, ruídos, discursos, locuções, etc, tudo misturado numa forma totalmente não-convencional de se fazer rap. À parte o fato de o álbum ser todo instrumental, os beats não atendem às estruturas normais do gênero. Esqueça o boom-bap nova iorquino, o dirty south, os sintetizadores de L.A. ou as batidas soul de Detroit: em Radio, quem domina o álbum é exatamente o rádio, em suas mais variadas formas, servindo como base para que os beats ganhem vida.
Na verdade, a última afirmação precisa ser invertida. A sensação é de que, através das batidas meticulosamente construídas, o rádio retorna à vida num mundo dominado por MP3 players. Seus ruídos intrínsecos ganham outra dimensão e importância. Imagine o aparelho que propaga música tornar-se a música, e mais: protestar, falar dos assuntos que deseja - por meio dos samples usados por Exile, claro. É esse nível de viagem que você pode esperar de Radio.
Ainda que o disco seja uma completa doideira, ainda tem uma estrutura básica. O som é apoiado bastante no soul e funk dos anos 70, como pode ser percebido nos poucos samples vocais. Há também samples de grupos de rap pioneiros, como o Public Enemy, em apresentações no próprio rádio. Como todo bom disco conceitual, Radio é muito mais arrebatador ouvido de uma forma completa do que pescando apenas alguns destaques. Ainda assim, algumas músicas chamam a atenção, como a metamórfica It's Coming Down, cheia de samples vocais que invocam o soul antigo, que ainda mistura locuções de rádio e uma mudança brusca na metade da faixa, ou a estonteante Watch Out! False Prophet, abençoada por um sample vocal feminino que está no meio da fronteira entre o emocionante e o sombrio. The Sound is God, com strings e vocais épicos que depois dá lugar a um piano, sempre entrecortados por locuções, também é outra que merece destaque.
Entretanto, a melhor forma de apreciar Radio é ouvi-lo do começo ao fim, sem interrupções, com atenção. No final das contas, o que Exile conseguiu com este álbum foi fazer um disco de rap em que parece que o próprio tema fez de tudo. Assim, não se espante se você se pegar pensando que, neste projeto, o próprio rádio é o emcee, o produtor, o cantor. Até o b-boy ele pode ser, se você der cordas para a viagem.
Exile - RadioEste é um álbum conceitual, no qual todos os samples usados por Exile foram extraídos das frequências radiofônicas, inclusive de estações AM. Partindo deste princípio, pode-se encontrar de tudo durante o álbum: vozes robóticas, ruídos, discursos, locuções, etc, tudo misturado numa forma totalmente não-convencional de se fazer rap. À parte o fato de o álbum ser todo instrumental, os beats não atendem às estruturas normais do gênero. Esqueça o boom-bap nova iorquino, o dirty south, os sintetizadores de L.A. ou as batidas soul de Detroit: em Radio, quem domina o álbum é exatamente o rádio, em suas mais variadas formas, servindo como base para que os beats ganhem vida.
Na verdade, a última afirmação precisa ser invertida. A sensação é de que, através das batidas meticulosamente construídas, o rádio retorna à vida num mundo dominado por MP3 players. Seus ruídos intrínsecos ganham outra dimensão e importância. Imagine o aparelho que propaga música tornar-se a música, e mais: protestar, falar dos assuntos que deseja - por meio dos samples usados por Exile, claro. É esse nível de viagem que você pode esperar de Radio.
Ainda que o disco seja uma completa doideira, ainda tem uma estrutura básica. O som é apoiado bastante no soul e funk dos anos 70, como pode ser percebido nos poucos samples vocais. Há também samples de grupos de rap pioneiros, como o Public Enemy, em apresentações no próprio rádio. Como todo bom disco conceitual, Radio é muito mais arrebatador ouvido de uma forma completa do que pescando apenas alguns destaques. Ainda assim, algumas músicas chamam a atenção, como a metamórfica It's Coming Down, cheia de samples vocais que invocam o soul antigo, que ainda mistura locuções de rádio e uma mudança brusca na metade da faixa, ou a estonteante Watch Out! False Prophet, abençoada por um sample vocal feminino que está no meio da fronteira entre o emocionante e o sombrio. The Sound is God, com strings e vocais épicos que depois dá lugar a um piano, sempre entrecortados por locuções, também é outra que merece destaque.
Entretanto, a melhor forma de apreciar Radio é ouvi-lo do começo ao fim, sem interrupções, com atenção. No final das contas, o que Exile conseguiu com este álbum foi fazer um disco de rap em que parece que o próprio tema fez de tudo. Assim, não se espante se você se pegar pensando que, neste projeto, o próprio rádio é o emcee, o produtor, o cantor. Até o b-boy ele pode ser, se você der cordas para a viagem.
01. Frequency Modulation
02. Population Control
03. We’re All In Power
04. Watch Out! False Prophet
05. The Machine
06. It’s Coming Down
07. So We Can Move
08. The Sound Is God
09. Your Summer Song
10. Mega Mix
11. In Tune Static
12. San Pedro Cactus
13. Love Line
14. Stay Tuned (here)
15. In Love
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2 comentários:
Psicodelia Sonora...Gostei pra caralho!
mt bom, bastante diferente, é pra viajar msm. vlw o post!
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