sexta-feira, 26 de junho de 2009

Wu-Tang Clan: Chamber Music

Gravadora: E1 Music (antiga Koch Records)
Ano: 2009
Produtores: RZA e The Revelations (todas as faixas)
Participações: Masta Ace (faixa 3), Cormega (5), Sean Price (5), Havoc (7), Tre Williams, (9) M.O.P. (11), Kool G Rap (11), Sadat X (13).

Os últimos anos do legado do maior grupo de rap da história foram difíceis. Brigas, álbuns solos pouco inspirados, um retorno fracassado, críticas em relação à direção da produção de RZA, tudo conspirou contra o Wu-Tang Clan. 2009, porém, parece ser um álbum promissor para a legião de fãs da crew nova-iorquina. O retorno de Method Man, o primeiro disco decente de U-God, a esperadíssima sequência do clássico de Raekwon. O que ninguém esperava era um novo álbum sob a marca do grupo em meados do ano. Pois os generais do Wu surpreenderam mais uma vez, com Chamber Music, um trabalho que junta a maioria dos integrantes do bonde a outros emcees de Nova Iorque, rimando sobre instrumentais da banda do Brooklyn The Revelations.

Mesmo pouco divulgado e com pinta de projeto alternativo - no pior sentido da palavra, Chamber tem alguns atrativos. Primeiro, é a proposta de fazer um som reminiscente dos primeiros anos da dinastia do Wu, algo muito reinvindicado pelos fãs da turma. Mesmo sem GZA, Masta Killah e Cappadonna, o grupo mostra-se em grande forma, inspirado e extremamente confortável sobre os beats minimalistas projetados por RZA e executados pelos The Revelations. A ideia de juntar os caras a rappers do calibre de AZ, Sean Price, Cormega, Kool G Rap, Masta Ace, M.O.P. e Sadat X ainda dá uma camada a mais de golden age à atmosfera do álbum.

Bom, a proposta é interessante, e os convidados, animadores. Mas como se deu a execução do projeto? Um ponto que decepciona é que, na verdade, são poucas músicas, apesar das 17 faixas listadas. O problema é que cada canção é seguida por um interlúdio de RZA, o que resulta em apenas oito músicas na verdade. Quem for comprar realmente o álbum sem saber desta informação vai ficar bastante contrariado ao descobrir que gastou uma grana para que metade do álbum seja RZA falando.

Mesmo com este pequeno obstáculo, as oito faixas são realmente recompensadoras. A proposta de recriar o som tradicional do Wu é levada a cabo, com um quê de instrumental adicionado pela The Revelations, mas ainda conservando o clima turvo dos beats de RZA. Desde os batidões bate-cabeça de "Harbor Masters" até os samples de kung fu de "Kill Too Hard", a sensação é de se estar em Staten Island no início da década de 90 - o groove lento e ameaçador de "Ill Figures" vai fazer você se certificar disso. Outro ponto interessante é o cuidado em adequar o estilo das batidas aos emcees. Assim, "Radiant Jewels" parece uma faixa perdida de Only Built 4 Cuban Linx, com as strings cinematográficas fornecendo o combustível necessário para Raekwon brilhar. Da mesma forma, a fixação por R&B de Ghostface é saciada na melosa "I Wish You Were Here".

Apesar da forma como o projeto saiu, meio corrido, meio desleixado, "Chamber Music" é certamente um presente do Wu para seus fãs. Uma volta às velhas origens era algo que todos gostariam de ver, e a solução encontrada pareceu satisfatória tanto para quem defendia a nova fase instrumental de RZA quanto aqueles clamando pelos pancadões dos anos 90. A banda de soul The Revelations acabou sendo o fio condutor de tudo, equilibrando as duas tensões e proporcionando que uma legião de saudosos tenha boas noites de sono nos próximos dias. Se alguém esqueceu disso, o Wu não está morto, o Wu é para sempre.

Wu-Tang Clan - Chamber Music
01. Redemption
02. Kill Too Hard (featuring Inspectah Deck, U-God & Masta Ace)
03. The Abbott
04. Harbor Masters (featuring Ghostface Killah, AZ & Inspectah Deck)
05. Sheep State
06. Radiant Jewels (featuring Raekwon, Cormega & Sean Price)
07. Supreme Architecture
08. Evil Deeds (featuring Ghostface Killah, RZA & Havoc)
09. Wise Men
10. I Wish You Were Here (featuring Ghostface Killah & Tre Williams)
11. Fatal Hesitation
12. Ill Figures (featuring Raekwon, M.O.P. & Kool G Rap)
13. Free Like ODB
14. Sound The Horns (featuring Inspectah Deck, Sadat X & U-God)
15. Enlightened Statues
16. NYC Crack (featuring RZA)
17. One Last Question

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5 comentários:

Anônimo disse...

As participações foram bacanas. Sadat X então...

Mas quanto a esse negócio de 'bring back the golden age on the beats' não ficou muito clara pra mim, não. Parece que tentaram usar a fórmula certa, mas música é mais sentir do que formular, né? A Chamber Music precisa de, quem sabe, 36 anos a mais, pra voltar a ser The 36 Chambers, de 1993. Gosto da aprimoração do Rza de hoje em dia, assim como também gosto do Rza de 15 anos atrás. Ele só precisa se decidir.

C.R.E.A.M. disse...

aquele Wu-Tang do 36 Chambers só na nossa nostalgia, fazer um outro album como aquele é impossivel.
É inigualavel.

sergiodu.rep disse...

Wu Tang sempre será Wu Tang; mas aquela magia do "36 Chambers" e do "Forever" foram uma receita única que eles nunca mais farão igual ou melhor.Mesmo assim vale continuar acreditando que o Wu vale a pena ser acompanhado em cada lançamento.Afinal...
Wu Tang !
Wu Tang !
Wu Tang !!!

Phoenix disse...

Parabéns por mais uma bela resenha.
Gosto do Wu classic, mas nada é pra sempre e há de se valorizar a renovação...

Tenho vontade de ler uma resenha sua de bandas nacionais.

[]s

Rodone Dimbas disse...

álbum cabuloso e conceitual, em vez de ficar caçando motivo de comparação eu achi q as pessoas deviam ouvir e entender q a idéia foi muito bem executada...
o RZA sabe diversificar seu estilo desde o começo e quem não sacou isso é pq num acompanha o Wu-Tang...