Ano: 2009
Gravadora: Pau-de-dá-em-doido
Produtores: DJ Nato_PK (todas as faixas, exceto as citadas), Sagat (faixa 1), , Silvera (4), Bruno Cabrero (14), Heron Beats (8).
Participações: Enézimo (faixas 2, 8 e 16), Silvera (4), Filiph Neo (4), Sorry Drummer (4), Bruno Cabrero (6), Sagat (6), Paola Evangelista (10), Max Musicamente (12), Preto R (12), Dantas (12), Carlus Avonts (13), Emicida (13), Márcio Sabiá (14), Stefanie (16), Nenê Candeeiro (17), Murilo Mendes (17), DJ Nato_PK (1, 3, 8, 9, 16 e 19), DJ RM (13), DJ Erick Jay (13), DJ Spaiq (18).
Confesso que pouco ou nada sabia sobre Arnaldo Tifu antes de ouvir o seu primeiro single, no fim do ano passado. Na época, o emcee paulista já anunciava um disco para o fim do ano e deixara muito boa impressão com seu "Pra Cascá". Fast-foward para o início de 2010 e, com uma cópia de "A Rima Não Para" nas mãos, deixei-me surpreender novamente por ele. Cria do selo Pau-de-dá-em-doido e com produção majoritária do DJ Nato_PK, Tifu é o responsável por mais um bom álbum de rap nacional, sem recorrer a fórmulas nem a tendências.
Tifu não é um gangsta, nem um backpacker sem objetividade. Na verdade, é através de uma pitada de cada coisa que ele cria seu estilo de rimar: versos sem muitos floreios, indo direto ao ponto da mensagem proposta, no caso, temas mais positivos. Claro, às vezes ele sucumbe a alguns clichês do rap nacional, como mais uma faixa inteiramente dedicada aos falsos, invejosos, bico sujo, zé povinho etc etc etc, temática obrigatória em nove entre dez discos nacionais. Com Tifu, o alvo é o "Fofoqueiro".
Entretanto, para cada "Fofoqueiro", Tifu brinda os ouvintes com rimas e conceitos originais, como "Trá-lá-lá", direcionada às crianças, citando brincadeiras e doces infantis capazes de fazer qualquer marmanjo barbado voltar 15 anos no tempo e desejar nunca sair daquela época, mas sem deixar de mostrar que são os pentelhos de hoje a força motora do país amanhã. Aliás, a criançada é um algo recorrente pelas faixas do álbum. Em sua proposta de positividade, Tifu sempre menciona as crianças como uma forma de melhorar as coisas. Em "Pra Cascá" e "Quero" podemos encontrar versos desta natureza.
"Quero", por sinal, é um dos destaques do álbum. Auxiliado por Silvera no refrão e no beat, Tifu fala sobre desejos, formas para alcançar aquilo que quer, com rimas capazes de pintar na mente as cenas que ele descreve. A batida é uma quebra no monopólio de batidões pesados no disco; ao contrário, recorre a um baixo suingado e poderoso, a um clima mais intimista e orgânico, que, junto ao backing vocal de Silvera e o refrão suave, transporte qualquer ouvinte para um salão esfumaçado, pequeno e não muito cheio, com nosso emcee dominando o palco e falando diretamente para seus espectadores.
Outro ponto forte que Tifu demonstra no disco é seu carisma. O cara não é uma virtuose em termos líricos - embora "Sei Quem Soul" seja espetacular e digna de transcrição no blog -, mas o flow poderia ser reconhecido nas primeiras palavras. E isso conta bastante para transformar faixas que seriam comuns em algo a mais. Quando utilizado no seu potencial total, esse carisma transforma boas faixas em hits, como é o caso de "Pra Cascá". Cá entre nós, além do batidão de DJ Nato, como resistir à empolgação e vibração de Tifu em cada palavra que ele pronuncia? Parte desta característica pode ser vista também em "Verdadeiro Malandro", um samba no meio de um álbum de rap que não parece nem um pouco deslocado - ao contrário, parece complementar o estilo do emcee-, graças a Tifu.
E, para complementar um cara cheio de energia, nada melhor que beats tão vibrantes quanto. A tarefa cabe, na esmagadora maioria das vezes, ao DJ Nato_Pk. O resultado são batidões permeando todo o álbum. Não é exagero: o vigor de caixas e bumbos não cai em momento algum, mesmo quando outros produtores aparecem. Por outro lado, os samples utilizados vão sendo trocados religiosamente. É como um mixer: de um lado a batida incessante, do outro o DJ só trocando os discos, cortando e colocando seus samples. Assim, encontramos metais funkeados, violão brasileiro, piano jazzy, strings diretamente do soul norte-americano, samples vocais acelerados. Tudo picotado nos mínimos detalhes para criar camadas ora tranquilas, ora agitadas. Além das faixas já citadas, destaque para a elegante "De Amor", o sample perfeitamente manipulado de "Flores" e "Sei Quem Soul", cortesia de Sagat, mas um beat ideal para abrir o disco, com samples esparsos, scratches e uma batida quebrada irresistível.
Em meio a gangstas de banda larga e ditos undergrounds, é difícil achar caras novas que apareçam já com um trabalho consistente, sem perder tempo com Myspaces da vida e, o mais importante, com sinceridade e estilo próprio. Arnaldo Tifu é um destes caras. Suas rimas são simples, mas passam com clareza suas ideias e sua seleção de beats é acima da média. Talvez mais importante que isso tudo é seu carisma, que pode catapultá-lo a um outro nível. Precisamos de mais figuras interessantes na cena, não apenas de bons rappers e produtores.
Gravadora: Pau-de-dá-em-doido
Produtores: DJ Nato_PK (todas as faixas, exceto as citadas), Sagat (faixa 1), , Silvera (4), Bruno Cabrero (14), Heron Beats (8).
Participações: Enézimo (faixas 2, 8 e 16), Silvera (4), Filiph Neo (4), Sorry Drummer (4), Bruno Cabrero (6), Sagat (6), Paola Evangelista (10), Max Musicamente (12), Preto R (12), Dantas (12), Carlus Avonts (13), Emicida (13), Márcio Sabiá (14), Stefanie (16), Nenê Candeeiro (17), Murilo Mendes (17), DJ Nato_PK (1, 3, 8, 9, 16 e 19), DJ RM (13), DJ Erick Jay (13), DJ Spaiq (18).
Confesso que pouco ou nada sabia sobre Arnaldo Tifu antes de ouvir o seu primeiro single, no fim do ano passado. Na época, o emcee paulista já anunciava um disco para o fim do ano e deixara muito boa impressão com seu "Pra Cascá". Fast-foward para o início de 2010 e, com uma cópia de "A Rima Não Para" nas mãos, deixei-me surpreender novamente por ele. Cria do selo Pau-de-dá-em-doido e com produção majoritária do DJ Nato_PK, Tifu é o responsável por mais um bom álbum de rap nacional, sem recorrer a fórmulas nem a tendências.
Tifu não é um gangsta, nem um backpacker sem objetividade. Na verdade, é através de uma pitada de cada coisa que ele cria seu estilo de rimar: versos sem muitos floreios, indo direto ao ponto da mensagem proposta, no caso, temas mais positivos. Claro, às vezes ele sucumbe a alguns clichês do rap nacional, como mais uma faixa inteiramente dedicada aos falsos, invejosos, bico sujo, zé povinho etc etc etc, temática obrigatória em nove entre dez discos nacionais. Com Tifu, o alvo é o "Fofoqueiro".
Entretanto, para cada "Fofoqueiro", Tifu brinda os ouvintes com rimas e conceitos originais, como "Trá-lá-lá", direcionada às crianças, citando brincadeiras e doces infantis capazes de fazer qualquer marmanjo barbado voltar 15 anos no tempo e desejar nunca sair daquela época, mas sem deixar de mostrar que são os pentelhos de hoje a força motora do país amanhã. Aliás, a criançada é um algo recorrente pelas faixas do álbum. Em sua proposta de positividade, Tifu sempre menciona as crianças como uma forma de melhorar as coisas. Em "Pra Cascá" e "Quero" podemos encontrar versos desta natureza.
"Quero", por sinal, é um dos destaques do álbum. Auxiliado por Silvera no refrão e no beat, Tifu fala sobre desejos, formas para alcançar aquilo que quer, com rimas capazes de pintar na mente as cenas que ele descreve. A batida é uma quebra no monopólio de batidões pesados no disco; ao contrário, recorre a um baixo suingado e poderoso, a um clima mais intimista e orgânico, que, junto ao backing vocal de Silvera e o refrão suave, transporte qualquer ouvinte para um salão esfumaçado, pequeno e não muito cheio, com nosso emcee dominando o palco e falando diretamente para seus espectadores.
Outro ponto forte que Tifu demonstra no disco é seu carisma. O cara não é uma virtuose em termos líricos - embora "Sei Quem Soul" seja espetacular e digna de transcrição no blog -, mas o flow poderia ser reconhecido nas primeiras palavras. E isso conta bastante para transformar faixas que seriam comuns em algo a mais. Quando utilizado no seu potencial total, esse carisma transforma boas faixas em hits, como é o caso de "Pra Cascá". Cá entre nós, além do batidão de DJ Nato, como resistir à empolgação e vibração de Tifu em cada palavra que ele pronuncia? Parte desta característica pode ser vista também em "Verdadeiro Malandro", um samba no meio de um álbum de rap que não parece nem um pouco deslocado - ao contrário, parece complementar o estilo do emcee-, graças a Tifu.
E, para complementar um cara cheio de energia, nada melhor que beats tão vibrantes quanto. A tarefa cabe, na esmagadora maioria das vezes, ao DJ Nato_Pk. O resultado são batidões permeando todo o álbum. Não é exagero: o vigor de caixas e bumbos não cai em momento algum, mesmo quando outros produtores aparecem. Por outro lado, os samples utilizados vão sendo trocados religiosamente. É como um mixer: de um lado a batida incessante, do outro o DJ só trocando os discos, cortando e colocando seus samples. Assim, encontramos metais funkeados, violão brasileiro, piano jazzy, strings diretamente do soul norte-americano, samples vocais acelerados. Tudo picotado nos mínimos detalhes para criar camadas ora tranquilas, ora agitadas. Além das faixas já citadas, destaque para a elegante "De Amor", o sample perfeitamente manipulado de "Flores" e "Sei Quem Soul", cortesia de Sagat, mas um beat ideal para abrir o disco, com samples esparsos, scratches e uma batida quebrada irresistível.
Em meio a gangstas de banda larga e ditos undergrounds, é difícil achar caras novas que apareçam já com um trabalho consistente, sem perder tempo com Myspaces da vida e, o mais importante, com sinceridade e estilo próprio. Arnaldo Tifu é um destes caras. Suas rimas são simples, mas passam com clareza suas ideias e sua seleção de beats é acima da média. Talvez mais importante que isso tudo é seu carisma, que pode catapultá-lo a um outro nível. Precisamos de mais figuras interessantes na cena, não apenas de bons rappers e produtores.
Arnaldo Tifu - A Rima Não Para
01 - Sei quem soul
02 - Tô em casa
03 - Flores
04 - Quero
05 - O coração domina
06 - Celebração
07 - Pra cascá
08 - Filosofia Cartola (Zica memo)
09 - Salve
10 - De amor
11 - O poder
12 - Rima na cara
13 - Meu Rap é assim
14 - Leva
15 - Trá-lá-lá
16 - Fofoqueiro
17 - Verdadeiro malandro
18 - Arma de resistência
19 - Rap da mamãe
Performance ao vivo de "Pra Cascá":
5 comentários:
Gostei muito do primeiro som do Arnaldo, o Pra Cascá.
Porém como muitos outros bons mc´s, o cd do Tifú não está fácil de achar.
Onde acho pra comprar em Sampa ?
/\
Entra no blog do Diamantee e deixa um comentário por lá. Mas creio que na Galeria deve ter!
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Bela resenha, Tifu promete bastante!
Valeu a dica man.
Salve!!
Valew Felipe pela resenha, sem palavras!!
Quanto a duvidas sobre como encontrar O Cd, ele esta a venda nas Lojas da Galeria 24 de maio em SP, ou pelo site: www.centralhh.com.br e também pelo E-mail: vendas.pdd@gmail.com
Abraço!!
opa valeu mais uma vez pelas palavras, me sinto muito grato e feliz .
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