Ano: 2010
Gravadora: Viper Records
Produtor: Engineer (todas as faixas)
Participações: Immortal Technique (faixa 2), Deadly Hunta (3 e 14), John Otto (3), Ill Bill (6), Vinnie Paz (10), Nate Augustus (12), Canibus (13), Smooth da Hustla (18), Kool G Rap (18) e Graph (18).
Diabolic é um emcee nova-iorquino que começou a carreira no circuito de batalhas de freestyle da cidade, onde ficou bastante conhecido. Esse reconhecimento o levou a participar do projeto de estreia de Immortal Technique, "Revolutionary Volume 1", no qual ele contribuiu com um verso escondido após a clássica faixa "Dance with the Devil". Depois disso, o cara começou a correr atrás de sua carreira solo e ainda voltaria a aparecer junto com Tech na famosa "Peruvian Cocaine" - do segundo álbum do rapper peruano, "Revolutionary Volume 2" -, na qual ele interpretava o governante de um país do Terceiro Mundo. Anos depois, 'Bolic lança seu álbum de estreia, "Liar & a Thief", com participações de nomes como Ill Bill, Canibus, Vinnie Paz e, claro, seu antigo parceiro Immortal Technique.
Os dois últimos nomes citados, aliás, dizem bastante a respeito do conteúdo de "Liar & a Thief". Os fãs dos trabalhos do gordinho do Jedi Mind Tricks e do homem de frente da Viper Records certamente estarão familiarizados com o estilo de Diabolic. O cara tem características em comum com ambos os rappers. Vejamos: rimas tendencialmente violentas, um flerte bem discreto com o horrorcore e toda uma atitude meio white trash, todas perceptíveis em qualquer disco do JMT, estão presentes no trabalho de 'Bolic, assim como um forte cunho político e uma veia para teorias de conspiração tão presentes nas rimas de Immortal Technique.
Mesmo a produção tem sua influência clara. O canadense Engineer é o responsável por todos os beats do álbum, e provavelmente ouviu muito o trabalho de Stoupe antes de juntar seus primeiros bumbos e caixas. Como resultado, vemos um estilo de batidas bastante reminiscente do Jedi Mind Tricks - ouça a faixa bônus "Cursed" caso tenha alguma dúvida -, embora mais cru, diferente da exuberância de samples presente em Stoupe. Outra diferença marcante é a maior variedade de fontes onde Engineer busca as peças para confeccionar seu quebra-cabeças musical. "Riot" é uma faixa que exemplifica bem o leque de opções do cara: uma guitarra roqueira pontua o beat e um refrão ragga sintetiza as rimas políticas de Diabolic. No final das contas, é inegável que o trabalho do jovem canadense encaixou perfeitamente com o estilo do rapper.
Apesar da boa performance de Engineer, o ponto álbum do disco são as rimas certeiras de Diabolic. Absolutamente faminto, o cara não tem um único verso ruim durante o álbum inteiro. Para começo de conversa, ele é um emcee extremamente técnico, daqueles capazes de construir cadeias gigantescas de rimas multissilábicas como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Não bastasse a atenção nas estruturas, Diabolic tem punchlines para dar e vender. É impressionante a facilidade dele em fazer jogos de palavras e a capacidade de atrair a atenção do ouvinte. Para completar o pacote de emcee completo, o nova-iorquino transita tanto pelos tradicionais raps de batalha, com uma tranquilidade típica de quem passou anos se dedicando à arte, quanto por faixas mais conceituais ou com temas políticos. Não podemos esquecer também de uma forte dose de passagens introspectivas. Enfim, Diabolic tem tudo o que você precisa em termos de mensagem.
Em meio a tanta variedade, algumas faixas se destacam. A já citada "Riot" combina bem os elementos violência e política do arsenal de Diabolic com rimas como: "Eu tenho um sonho, e nele policiais sujos são baleados e jogados na prisão / e há uma bala na cabeça de cada político corrupto / (...) porque as pessoas não deveriam temer o governo, este é o problema / o governo que deveria temer o direito do povo de portar pistolas". Não satisfeito? Então conheça "Truth Pt. 2", na qual teorias de conspiração tomam conta dos versos do emcee, atacando desde o já desgastado George Bush até a maçonaria, passando pela CIA, pela FEMA até faculdades tradicionais norte-americanas, como Yale e Harvard. Ou então limite-se a balançar a cabeça enquanto 'Bolic e Vinnie Paz trocam versos carregados de braggadocio e rimas de batalha sobre a batida épica de "Not Again".
O fator pessoal nas rimas de Diabolic pode ser encontrado em faixas como a sugestivamente intitulada "Reasons", na qual o emcee rima sobre suas, adivinhem, razões para estar rimando ao mesmo tempo em que critica a indústria musical. "I Don't Wanna Rhyme" é outra canção que investe no lado mais introspectivo do rapper. Por fim, "12 Shots", que até apareceu no último Boom Bap Jams, representa a parte conceitual do disco. Na faixa, uma das melhores do disco, Diabolic narra em primeira pessoa a história de um homem que vai para o bar e começa a se embebedar, para, no final, se matar com um tiro. A abordagem de Diabolic é muito interessante, com momentos em que ele parece estar falando dele mesmo misturados a rimas muito detalhadas, descrevendo perfeitamente o estado mental do personagem. A batida de Engineer complementa perfeitamente o tema, como sempre, com um violão picotado guiando a batida, enquanto refrão cantado é bem emocionante.
Entretanto, nem tudo é digno de elogios. Às vezes, Diabolic exagera na dose de agressividade que tenta passar para o ouvinte. "Order & Chaos", por exemplo, começa com Ill Bill contando a história de um conhecido de infância super inteligente, requisitado pela Nasa, e que acaba recrutado pela CIA, só para dizer que armou para que Diabolic o matasse, sem motivo aparente. Os policiais também acabam sendo assunto excedente nas rimas de 'Bolic, talvez até mais que num disco do N.W.A. Por fim, soou muito forçada a conclusão do disco, em que o emcee diz para ninguém comprar o álbum - sério mesmo, cara? - e, se alguém adquirir, é melhor "matar a família com ele ou quebrá-lo e cortar os pulsos com ele". Se fosse realmente assim, por
Sobressaltos e exageros à parte, depois de pouco mais de uma hora de rimas complexas, flow agressivo e batidas no ponto, "Liar & a Thief" entra para o acervo de 2010 como um trabalho muito bem executado por um emcee extremamente talentoso e versátil. Diabolic provavelmente nunca sairá do underground, mas tem tudo o que é preciso para se tornar um fenômeno da cena, assim como seus parceiros Vinnie Paz e Immortal Technique. Até agora, a primeira aventura solo do rapper é o que de melhor o ano nos oferece em termos líricos.
Gravadora: Viper Records
Produtor: Engineer (todas as faixas)
Participações: Immortal Technique (faixa 2), Deadly Hunta (3 e 14), John Otto (3), Ill Bill (6), Vinnie Paz (10), Nate Augustus (12), Canibus (13), Smooth da Hustla (18), Kool G Rap (18) e Graph (18).
Diabolic é um emcee nova-iorquino que começou a carreira no circuito de batalhas de freestyle da cidade, onde ficou bastante conhecido. Esse reconhecimento o levou a participar do projeto de estreia de Immortal Technique, "Revolutionary Volume 1", no qual ele contribuiu com um verso escondido após a clássica faixa "Dance with the Devil". Depois disso, o cara começou a correr atrás de sua carreira solo e ainda voltaria a aparecer junto com Tech na famosa "Peruvian Cocaine" - do segundo álbum do rapper peruano, "Revolutionary Volume 2" -, na qual ele interpretava o governante de um país do Terceiro Mundo. Anos depois, 'Bolic lança seu álbum de estreia, "Liar & a Thief", com participações de nomes como Ill Bill, Canibus, Vinnie Paz e, claro, seu antigo parceiro Immortal Technique.
Os dois últimos nomes citados, aliás, dizem bastante a respeito do conteúdo de "Liar & a Thief". Os fãs dos trabalhos do gordinho do Jedi Mind Tricks e do homem de frente da Viper Records certamente estarão familiarizados com o estilo de Diabolic. O cara tem características em comum com ambos os rappers. Vejamos: rimas tendencialmente violentas, um flerte bem discreto com o horrorcore e toda uma atitude meio white trash, todas perceptíveis em qualquer disco do JMT, estão presentes no trabalho de 'Bolic, assim como um forte cunho político e uma veia para teorias de conspiração tão presentes nas rimas de Immortal Technique.
Mesmo a produção tem sua influência clara. O canadense Engineer é o responsável por todos os beats do álbum, e provavelmente ouviu muito o trabalho de Stoupe antes de juntar seus primeiros bumbos e caixas. Como resultado, vemos um estilo de batidas bastante reminiscente do Jedi Mind Tricks - ouça a faixa bônus "Cursed" caso tenha alguma dúvida -, embora mais cru, diferente da exuberância de samples presente em Stoupe. Outra diferença marcante é a maior variedade de fontes onde Engineer busca as peças para confeccionar seu quebra-cabeças musical. "Riot" é uma faixa que exemplifica bem o leque de opções do cara: uma guitarra roqueira pontua o beat e um refrão ragga sintetiza as rimas políticas de Diabolic. No final das contas, é inegável que o trabalho do jovem canadense encaixou perfeitamente com o estilo do rapper.
Apesar da boa performance de Engineer, o ponto álbum do disco são as rimas certeiras de Diabolic. Absolutamente faminto, o cara não tem um único verso ruim durante o álbum inteiro. Para começo de conversa, ele é um emcee extremamente técnico, daqueles capazes de construir cadeias gigantescas de rimas multissilábicas como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Não bastasse a atenção nas estruturas, Diabolic tem punchlines para dar e vender. É impressionante a facilidade dele em fazer jogos de palavras e a capacidade de atrair a atenção do ouvinte. Para completar o pacote de emcee completo, o nova-iorquino transita tanto pelos tradicionais raps de batalha, com uma tranquilidade típica de quem passou anos se dedicando à arte, quanto por faixas mais conceituais ou com temas políticos. Não podemos esquecer também de uma forte dose de passagens introspectivas. Enfim, Diabolic tem tudo o que você precisa em termos de mensagem.
Em meio a tanta variedade, algumas faixas se destacam. A já citada "Riot" combina bem os elementos violência e política do arsenal de Diabolic com rimas como: "Eu tenho um sonho, e nele policiais sujos são baleados e jogados na prisão / e há uma bala na cabeça de cada político corrupto / (...) porque as pessoas não deveriam temer o governo, este é o problema / o governo que deveria temer o direito do povo de portar pistolas". Não satisfeito? Então conheça "Truth Pt. 2", na qual teorias de conspiração tomam conta dos versos do emcee, atacando desde o já desgastado George Bush até a maçonaria, passando pela CIA, pela FEMA até faculdades tradicionais norte-americanas, como Yale e Harvard. Ou então limite-se a balançar a cabeça enquanto 'Bolic e Vinnie Paz trocam versos carregados de braggadocio e rimas de batalha sobre a batida épica de "Not Again".
O fator pessoal nas rimas de Diabolic pode ser encontrado em faixas como a sugestivamente intitulada "Reasons", na qual o emcee rima sobre suas, adivinhem, razões para estar rimando ao mesmo tempo em que critica a indústria musical. "I Don't Wanna Rhyme" é outra canção que investe no lado mais introspectivo do rapper. Por fim, "12 Shots", que até apareceu no último Boom Bap Jams, representa a parte conceitual do disco. Na faixa, uma das melhores do disco, Diabolic narra em primeira pessoa a história de um homem que vai para o bar e começa a se embebedar, para, no final, se matar com um tiro. A abordagem de Diabolic é muito interessante, com momentos em que ele parece estar falando dele mesmo misturados a rimas muito detalhadas, descrevendo perfeitamente o estado mental do personagem. A batida de Engineer complementa perfeitamente o tema, como sempre, com um violão picotado guiando a batida, enquanto refrão cantado é bem emocionante.
Entretanto, nem tudo é digno de elogios. Às vezes, Diabolic exagera na dose de agressividade que tenta passar para o ouvinte. "Order & Chaos", por exemplo, começa com Ill Bill contando a história de um conhecido de infância super inteligente, requisitado pela Nasa, e que acaba recrutado pela CIA, só para dizer que armou para que Diabolic o matasse, sem motivo aparente. Os policiais também acabam sendo assunto excedente nas rimas de 'Bolic, talvez até mais que num disco do N.W.A. Por fim, soou muito forçada a conclusão do disco, em que o emcee diz para ninguém comprar o álbum - sério mesmo, cara? - e, se alguém adquirir, é melhor "matar a família com ele ou quebrá-lo e cortar os pulsos com ele". Se fosse realmente assim, por
Sobressaltos e exageros à parte, depois de pouco mais de uma hora de rimas complexas, flow agressivo e batidas no ponto, "Liar & a Thief" entra para o acervo de 2010 como um trabalho muito bem executado por um emcee extremamente talentoso e versátil. Diabolic provavelmente nunca sairá do underground, mas tem tudo o que é preciso para se tornar um fenômeno da cena, assim como seus parceiros Vinnie Paz e Immortal Technique. Até agora, a primeira aventura solo do rapper é o que de melhor o ano nos oferece em termos líricos.
Diabolic - Liar & a Thief
01 Stand By
02 Frontlines
03 Riot
04 Reasons
05 Soldier's Logic
06 Order & Chaos
07 I Don't Wanna Rhyme
08 Truth Part 2
09 Nikolas Ros to the Goul (Interlude)
10 Not Again
11 Loose Cannon
12 12 Shots
13 In Common
14 Modern Day Future
15 Behind Bars
16 Right Here
17 Self Destruction (Outro)
18 Cursed
Vídeo de "I Don't Wanna Rhyme":
Vídeo de "Frontlines":
4 comentários:
foda de mas esse review parabens ae mano , curto o som dele faz um tempo tanto q tenho ate a unica comu dele no orkut, porra Diabolic mnda d mas mano piro no som dele,
qem qiser participar da com ta ae
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=99216035
This is the first time hearing Diabolic, thanks for the vidz and the great review!
Diabolic is a fucking monster. New album coming soon...
Diabolic is a great music!
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