Não aguenta mais o seu chefe? Brigou com a namorada? Está sobrando mês no fim do seu salário? A sua mãe reclama porque você não vai bem na escola e prefere jogar bola com os amigos? Você saiu de casa de casaco e fez um sol de 40 graus? Tá revoltado com a vida? Amigo, quando a situação se configura dessa forma, a música é uma forma de escape e oferece duas opções: recorra a discos mais tranquilos para relaxar, ou coloque um pancadão para desabafar e mandar o mundo àquele lugar. Se você escolher a segunda opção, a última novidade do mercado chama-se "Double Barrel", projeto lançado pela dupla formada pelo produtor canadense Marco Polo e o emcee nova-iorquino Torae.
Marco fez seu nome graças a produções para vários rappers e um álbum solo bastante elogiado. Já Torae é um veterano do underground de Nova Iorque, lançou ano passado seu álbum/mixtape Daily Conversation e desde então vem colhendo os louros do buzz que o projeto fez na rua. Ao se juntarem, os dois têm um objetivo básico: recriar o som pesado, hardcore, sujo, típico da produção da Costa Leste em meados dos anos 90. Basicamente, um retorno à golden age, como muitos outros tentam fazer nos dias atuais. Mas um retorno mais específico.
A introdução do álbum já deixa claro o caminho que o duo está tomando. Sobre um instrumental jazzy, o primeiro e único DJ Premier dá sua benção para a dupla. A partir daí, o que se segue é uma overdose de batidas pesadas, rimas furiosas, scratches, mais rimas furiosas, samples funkys e jazzísticos e mais caixas batendo fortíssimo. A fórmula é simples, a proposta é bem definida e a execução, dentro do esperado, atinge facilmente as expectativas. Não se pode esperar aqui versos cheios de significados ou muito filosóficos. O estilo de Torae é duro, direto ao ponto, e faz do emcee um dos melhores no battle rhyme atualmente.
Não por coincidência, os beats de Marco Polo complementam perfeitamente as rimas fortes de Torae. Como dito acima, Marco usa e abusa do boom bap agressivo, permeado por metais e pianos manipulados de forma a se integrarem sem sobressaltos no esqueleto sinistro programado pelo produtor. Embora este expediente revele-se um pouco cansativo ao longo do disco, algumas faixas sobressaem como os ápices do disco. "Double Barrel" é uma delas, com trombetas meio épicas, meio nostálgicas abrindo caminho entre os scratches, as rimas e as caixas graves. A funky "But Wait", com um naipe de metais arrebatador e um sample vocal bem eficiente, traz um pouco de suinge à sisudez geral do álbum. O sample vocal transformado em refrão de "Coney Island" também traz um sabor diferente para o registro.
Falando em novos sabores, as participações especiais são um grande acerto de Marco e Torae. Em um álbum tão pesado, seria natural que os convidados lidassem bem com este estilo de instrumentais. A escolha não poderia ser mais acertada: Lil'Fame, do M.O.P., a dupla do Heltah Skeltah, Rock e Sean Price, e o nativo de Detroit Guilty Simpson. Todos encaixam perfeitamente na proposta do disco e não fazem feio, às vezes até ofuscando o brilho do emcee residente. Até o veterano Masta Ace, não exatamente um rapper hardcore, parece em casa na maliciosa "Hold Up".
"Double Barrel" chega ao fim de sua audição como um projeto executado de forma correta, embora traga pouca diversidade ao longo das faixas, nem que seja uma pequena mudança de clima. Apesar disso, é coerente e não desvia seu foco em momento nenhum e traz aos ouvintes exatamente o que Marco Polo e Torae anunciaram. Portanto, se você estiver revoltado com a vida e quiser desabafar, pode colocar este disco no play sem problemas. Na metade do álbum, você já vai estar balançando a cabeça furiosamente ao som dos beats de Marco Polo e gritando palavras de guerra à la Torae para o seu vizinho que está ouvindo pagode.
Marco Polo & Torae - Double BarrelMarco fez seu nome graças a produções para vários rappers e um álbum solo bastante elogiado. Já Torae é um veterano do underground de Nova Iorque, lançou ano passado seu álbum/mixtape Daily Conversation e desde então vem colhendo os louros do buzz que o projeto fez na rua. Ao se juntarem, os dois têm um objetivo básico: recriar o som pesado, hardcore, sujo, típico da produção da Costa Leste em meados dos anos 90. Basicamente, um retorno à golden age, como muitos outros tentam fazer nos dias atuais. Mas um retorno mais específico.
A introdução do álbum já deixa claro o caminho que o duo está tomando. Sobre um instrumental jazzy, o primeiro e único DJ Premier dá sua benção para a dupla. A partir daí, o que se segue é uma overdose de batidas pesadas, rimas furiosas, scratches, mais rimas furiosas, samples funkys e jazzísticos e mais caixas batendo fortíssimo. A fórmula é simples, a proposta é bem definida e a execução, dentro do esperado, atinge facilmente as expectativas. Não se pode esperar aqui versos cheios de significados ou muito filosóficos. O estilo de Torae é duro, direto ao ponto, e faz do emcee um dos melhores no battle rhyme atualmente.
Não por coincidência, os beats de Marco Polo complementam perfeitamente as rimas fortes de Torae. Como dito acima, Marco usa e abusa do boom bap agressivo, permeado por metais e pianos manipulados de forma a se integrarem sem sobressaltos no esqueleto sinistro programado pelo produtor. Embora este expediente revele-se um pouco cansativo ao longo do disco, algumas faixas sobressaem como os ápices do disco. "Double Barrel" é uma delas, com trombetas meio épicas, meio nostálgicas abrindo caminho entre os scratches, as rimas e as caixas graves. A funky "But Wait", com um naipe de metais arrebatador e um sample vocal bem eficiente, traz um pouco de suinge à sisudez geral do álbum. O sample vocal transformado em refrão de "Coney Island" também traz um sabor diferente para o registro.
Falando em novos sabores, as participações especiais são um grande acerto de Marco e Torae. Em um álbum tão pesado, seria natural que os convidados lidassem bem com este estilo de instrumentais. A escolha não poderia ser mais acertada: Lil'Fame, do M.O.P., a dupla do Heltah Skeltah, Rock e Sean Price, e o nativo de Detroit Guilty Simpson. Todos encaixam perfeitamente na proposta do disco e não fazem feio, às vezes até ofuscando o brilho do emcee residente. Até o veterano Masta Ace, não exatamente um rapper hardcore, parece em casa na maliciosa "Hold Up".
"Double Barrel" chega ao fim de sua audição como um projeto executado de forma correta, embora traga pouca diversidade ao longo das faixas, nem que seja uma pequena mudança de clima. Apesar disso, é coerente e não desvia seu foco em momento nenhum e traz aos ouvintes exatamente o que Marco Polo e Torae anunciaram. Portanto, se você estiver revoltado com a vida e quiser desabafar, pode colocar este disco no play sem problemas. Na metade do álbum, você já vai estar balançando a cabeça furiosamente ao som dos beats de Marco Polo e gritando palavras de guerra à la Torae para o seu vizinho que está ouvindo pagode.
1. Intro f/DJ Premier
2. Double Barrel featuring cuts by DJ Revolution
3. Smoke f/Lil Fame of M.O.P.
4. Party Crashers
5. But Wait
6. Lifetime featuring cuts by DJ Revolution
7. Rah Rah Shit
8. Danger
9. Stomp f/Guilty Simpson
10. World Play
11. Hold Up f/Masta Ace & Sean Price
12. Coney Island
13. Get It
14. Crashing Down f/Saukrates & S-Roc
Download
As inscrições para o Concurso Boom Bap de Beats estão chegando ao fim! O último dia para mandar a sua batida é no próximo domingo, 31 de maio.
5 comentários:
É, rapaz... DuckDown está crescendo para fora dos limites BCC e daqui a pouco vai dominar o mundo, hein?
Álbum muito bom mesmo. Menção também ao DJ Revolution, que scratchiou bonito.
Felipe, ta ae o album do J Dilla, Jay Stay Paid, vazou, http://rs29.rapidshare.com/files/238381352/J_Dilla-Jay_Stay_Paid-2009-WHOA.rar
Torae e Marcopolo tão violento nesse album! Só pancada! Vlw o post!
como o Eduardo disse, duckdown cresceu muito, e hj é o melhor selo independente de hip hop nos EUA, alguem discorda ??????
e vamos esperar tb pelo BUCK & KRS...
f-zero
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