sexta-feira, 22 de maio de 2009

Superstar Quamallah: Invisible Man

Superstar Quamallah é um DJ/emcee do Brooklyn e está na correria desde o início da cultura, primeiro como fã e estudante, e agora fazendo parte do lado artístico da parada. Além disso, o cara ainda é ator, escritor, filho do músico de jazz Big John Patton e, por fim, professor de universidade, na cadeira de "Cultura Hip Hop e apropriação da mídia". Ocupado, né? Pois bem, ele ainda encontrou tempo para lançar seu quinto projeto, intitulado "Invisible Man".

Segundo o próprio Quamallah, o conceito do disco é baseado em três vértices: o primeiro é o romance de mesmo nome escrito por Ralph Ellison, que conta a história de um jovem negro que se muda do Sul dos EUA para o Harlem; a segunda explicação é a ideia de todos nós termos uma força interior que não conhecemos e que é nossa essência; por fim, Quame acredita que o underground é, de certa forma, invísivel para o mainstream, o que possibilita aos artistas subterrâneos criarem obras verdadeiras, sem precisarem se curvar ao capitalismo.

Dito tudo isto, vamos à música propriamente dita. A primeira coisa que se percebe é o clima golden age presente por todo o álbum. Esta dominância vai desde a estética dos beats - sujos, simples, pesados - até as colagens, quase sempre de ícones da velha escola norte-americana. Para acabar com qualquer dúvida, a terceira faixa do disco, "88 Soul", dissipa tudo. Sobre um instrumental seguindo o padrão descrito acima, Quamallah fala sobre ser um cara ligado à old school, cita clássicos da mesma e, claro, dá uma cutucada no estado atual da cultura: "A MTV é igual à BET, igual a tudo o que eu vi nos shows de menestréis / (...) eu mudo o canal".

Com bastante ênfase nas letras, Quame usa uma levada lenta, fria, quase calculista, para se certificar de que o ouvinte vai entender cada palavra que ele cuspir. Isso pode ser prejudicial para o álbum como um todo, porque às vezes o tom de voz do cara e a falta de variação do flow tendem a desviar a atenção de qualquer um. Quem fica ligado, entretanto, é recompensado. Faixas como "You Need Knowledge" e "For My People...It's Spiritual" trazem uma carga forte - talvez até exagerada - de afrocentrismo, enquanto "Purity" trata novamente da época dourada do rap. Doses esporádicas de ensinamentos dos Five Percenters também podem ser encontradas por todo o disco.

De qualquer forma, o carro chefe do álbum é, sem dúvidas, a sua parte instrumental. As caixas pesadas são onipresentes, e o samples, muitíssimo bem escolhidos e executados, oriundos basicamente do jazz e do soul. "Plots" é uma slow jam jazzy típica de sábados ensolarados nas praias cariocas, tamanha a delicadeza dos excertos usados. "California Dreamin" segue o mesmo caminho, contando ainda com uma sessão louvável de scratches. As pancadas também têm seu lugar: "You Need Knowledge" é uma pletora de samples em prol de uma bateria simples e pesada, enquanto "88 Soul" conta com o melhor loop de todo o disco, um piano que dá a impressão de que nunca vai parar de ser ouvido.

No fim das contas, "Invisible Man" é um trabalho muito bem produzido, que vai agradar em cheio qualquer fã de rap que conheceu o gênero no começo dos anos 90. O discurso de Quamallah pode ser um pouco exagerado ou repetitivo, mas ainda assim garante bons momentos, sem contar no groove de primeira linha. Nada como o bom e velho boom bap nova-iorquino da década passada...

Superstar Quamallah - Invisible Man
01 - Mr. Righteous (Intro)
02 - You Need Knowledge
03 - 88 Soul
04 - Black Shakespeare
05 - For My People…Its Spiritual
06 - Lonely At The Top
07 - Just Listen
08 - California Dreamin’
09 - Purity
10 - Kunta Kente
11 - 1993 Shit
12 - We Got Plots
13 - Do Win-Dis
14 - Hope She Remembers Me

Vídeo da faixa "California Dreamin":

3 comentários:

bdup disse...

Está forte, parece ser bom, vou já baixar.
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Anônimo disse...

Coloquei este disco lá no rapevolusom os produtores do disco mandaram um comunicado pedindo pra tirar...rs

paz.

Felipe Schmidt disse...

Eu vi isso lá no Rapevolusom!

Por acaso, eles me mandaram hoje um e-mail também, pedindo pra tirar. Engraçado que o link do Hip Hop Bootleggers continua lá.

Abraço!