Superstar Quamallah é um DJ/emcee do Brooklyn e está na correria desde o início da cultura, primeiro como fã e estudante, e agora fazendo parte do lado artístico da parada. Além disso, o cara ainda é ator, escritor, filho do músico de jazz Big John Patton e, por fim, professor de universidade, na cadeira de "Cultura Hip Hop e apropriação da mídia". Ocupado, né? Pois bem, ele ainda encontrou tempo para lançar seu quinto projeto, intitulado "Invisible Man".
Segundo o próprio Quamallah, o conceito do disco é baseado em três vértices: o primeiro é o romance de mesmo nome escrito por Ralph Ellison, que conta a história de um jovem negro que se muda do Sul dos EUA para o Harlem; a segunda explicação é a ideia de todos nós termos uma força interior que não conhecemos e que é nossa essência; por fim, Quame acredita que o underground é, de certa forma, invísivel para o mainstream, o que possibilita aos artistas subterrâneos criarem obras verdadeiras, sem precisarem se curvar ao capitalismo.
Dito tudo isto, vamos à música propriamente dita. A primeira coisa que se percebe é o clima golden age presente por todo o álbum. Esta dominância vai desde a estética dos beats - sujos, simples, pesados - até as colagens, quase sempre de ícones da velha escola norte-americana. Para acabar com qualquer dúvida, a terceira faixa do disco, "88 Soul", dissipa tudo. Sobre um instrumental seguindo o padrão descrito acima, Quamallah fala sobre ser um cara ligado à old school, cita clássicos da mesma e, claro, dá uma cutucada no estado atual da cultura: "A MTV é igual à BET, igual a tudo o que eu vi nos shows de menestréis / (...) eu mudo o canal".
Com bastante ênfase nas letras, Quame usa uma levada lenta, fria, quase calculista, para se certificar de que o ouvinte vai entender cada palavra que ele cuspir. Isso pode ser prejudicial para o álbum como um todo, porque às vezes o tom de voz do cara e a falta de variação do flow tendem a desviar a atenção de qualquer um. Quem fica ligado, entretanto, é recompensado. Faixas como "You Need Knowledge" e "For My People...It's Spiritual" trazem uma carga forte - talvez até exagerada - de afrocentrismo, enquanto "Purity" trata novamente da época dourada do rap. Doses esporádicas de ensinamentos dos Five Percenters também podem ser encontradas por todo o disco.
De qualquer forma, o carro chefe do álbum é, sem dúvidas, a sua parte instrumental. As caixas pesadas são onipresentes, e o samples, muitíssimo bem escolhidos e executados, oriundos basicamente do jazz e do soul. "Plots" é uma slow jam jazzy típica de sábados ensolarados nas praias cariocas, tamanha a delicadeza dos excertos usados. "California Dreamin" segue o mesmo caminho, contando ainda com uma sessão louvável de scratches. As pancadas também têm seu lugar: "You Need Knowledge" é uma pletora de samples em prol de uma bateria simples e pesada, enquanto "88 Soul" conta com o melhor loop de todo o disco, um piano que dá a impressão de que nunca vai parar de ser ouvido.
No fim das contas, "Invisible Man" é um trabalho muito bem produzido, que vai agradar em cheio qualquer fã de rap que conheceu o gênero no começo dos anos 90. O discurso de Quamallah pode ser um pouco exagerado ou repetitivo, mas ainda assim garante bons momentos, sem contar no groove de primeira linha. Nada como o bom e velho boom bap nova-iorquino da década passada...
Superstar Quamallah - Invisible ManSegundo o próprio Quamallah, o conceito do disco é baseado em três vértices: o primeiro é o romance de mesmo nome escrito por Ralph Ellison, que conta a história de um jovem negro que se muda do Sul dos EUA para o Harlem; a segunda explicação é a ideia de todos nós termos uma força interior que não conhecemos e que é nossa essência; por fim, Quame acredita que o underground é, de certa forma, invísivel para o mainstream, o que possibilita aos artistas subterrâneos criarem obras verdadeiras, sem precisarem se curvar ao capitalismo.
Dito tudo isto, vamos à música propriamente dita. A primeira coisa que se percebe é o clima golden age presente por todo o álbum. Esta dominância vai desde a estética dos beats - sujos, simples, pesados - até as colagens, quase sempre de ícones da velha escola norte-americana. Para acabar com qualquer dúvida, a terceira faixa do disco, "88 Soul", dissipa tudo. Sobre um instrumental seguindo o padrão descrito acima, Quamallah fala sobre ser um cara ligado à old school, cita clássicos da mesma e, claro, dá uma cutucada no estado atual da cultura: "A MTV é igual à BET, igual a tudo o que eu vi nos shows de menestréis / (...) eu mudo o canal".
Com bastante ênfase nas letras, Quame usa uma levada lenta, fria, quase calculista, para se certificar de que o ouvinte vai entender cada palavra que ele cuspir. Isso pode ser prejudicial para o álbum como um todo, porque às vezes o tom de voz do cara e a falta de variação do flow tendem a desviar a atenção de qualquer um. Quem fica ligado, entretanto, é recompensado. Faixas como "You Need Knowledge" e "For My People...It's Spiritual" trazem uma carga forte - talvez até exagerada - de afrocentrismo, enquanto "Purity" trata novamente da época dourada do rap. Doses esporádicas de ensinamentos dos Five Percenters também podem ser encontradas por todo o disco.
De qualquer forma, o carro chefe do álbum é, sem dúvidas, a sua parte instrumental. As caixas pesadas são onipresentes, e o samples, muitíssimo bem escolhidos e executados, oriundos basicamente do jazz e do soul. "Plots" é uma slow jam jazzy típica de sábados ensolarados nas praias cariocas, tamanha a delicadeza dos excertos usados. "California Dreamin" segue o mesmo caminho, contando ainda com uma sessão louvável de scratches. As pancadas também têm seu lugar: "You Need Knowledge" é uma pletora de samples em prol de uma bateria simples e pesada, enquanto "88 Soul" conta com o melhor loop de todo o disco, um piano que dá a impressão de que nunca vai parar de ser ouvido.
No fim das contas, "Invisible Man" é um trabalho muito bem produzido, que vai agradar em cheio qualquer fã de rap que conheceu o gênero no começo dos anos 90. O discurso de Quamallah pode ser um pouco exagerado ou repetitivo, mas ainda assim garante bons momentos, sem contar no groove de primeira linha. Nada como o bom e velho boom bap nova-iorquino da década passada...
01 - Mr. Righteous (Intro)
02 - You Need Knowledge
03 - 88 Soul
04 - Black Shakespeare
05 - For My People…Its Spiritual
06 - Lonely At The Top
07 - Just Listen
08 - California Dreamin’
09 - Purity
10 - Kunta Kente
11 - 1993 Shit
12 - We Got Plots
13 - Do Win-Dis
14 - Hope She Remembers Me
Vídeo da faixa "California Dreamin":
3 comentários:
Está forte, parece ser bom, vou já baixar.
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ganha($) Entrando no Grupo dos uploaders em:
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Coloquei este disco lá no rapevolusom os produtores do disco mandaram um comunicado pedindo pra tirar...rs
paz.
Eu vi isso lá no Rapevolusom!
Por acaso, eles me mandaram hoje um e-mail também, pedindo pra tirar. Engraçado que o link do Hip Hop Bootleggers continua lá.
Abraço!
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