Alguns grupos são realmente notáveis por sua capacidade de manter-se consistente ao longo da carreira e nunca deixar de agradar a seus fãs. Mais notável ainda é quando estes grupos conseguem desenvolver uma sonoridade própria, uma identidade. No rap, o maior exemplo disso é o Wu-Tang - na questão do som próprio, é bom destacar. Entretanto, outro grupo já merece há tempos esse reconhecimento: o Jedi Mind Tricks, dos emcees Vinnie Paz e Jus Allah e o produtor Stoupe, um dos mais talentosos beatmakers a usar uma MPC.
Em History of Violence, o sexto álbum do grupo, este som próprio se confirma ainda mais. Estão lá as rimas raivosas de Vinnie Paz, brutais tanto em conteúdo quanto na forma como o emcee as canta. Jus Allah, embora o elo mais fraco do grupo, acaba não sendo muito exposto, graças aos instrumentais surreais de Stoupe. Como nos outros trabalhos, ele incorpora um sem-número de samples das mais variadas fontes, empilhando-os em batidas invariavelmente pesadas, criando praticamente uma orquestra de samples. Quando eu digo que o Jedi tem um som próprio, as pessoas podem ver pelo lado ruim e dizer que é sempre "mais do mesmo". No caso do Jedi, a afirmação não procede. É um mais do mesmo sempre com inovações, mas ainda assim mantendo as raízes, a idéia original. Ou alguém já viu uma música do grupo ou de qualquer outro sampleando uma cantora grega?
Embora os beats de Stoupe sejam a grande estrela do grupo, não se pode subestimar Vinnie Paz. No começo da carreira, ele chamou a atenção pelas rimas extremamente violentas, que falavam até em enforcar o papa com um rosário. Ao longo do tempo, ele foi incorporando novos elementos à sua escrita: escreveu rimas mais introspectivas, tornou-se mais político e até executou conceitos bem criativos, tudo isso sem descuidar da parte técnica, sempre com metáforas inteligentes e rimas multi-silábicas inesperadas. No novo álbum, toda esta evolução pode ser notada: há versos para todos os gostos, desde os já tradicionais battle raps até outros mais pessoais, passando por rimas politizadas.
Entre os destaques, pode-se citar os dois singles. Monolith, a tal faixa que sampleia uma cantora grega, traz rimas de batalha de Paz e Jus Allah em alto nível, com linhas como "você não pode compreender a força que eu trago /eu sou tipo Rocky Marciano quando ele entra no ringue". Godflesh traz em seu gene a tradição Jedi de samples inusitados bem articulados, com um ótimo refrão de Block McCloud e grande verso do convidado King Magnetic. Mas não são só os singles que se destacam. Embora falte aquela faixa que cause frisson entre os fãs, ainda há boas opções, como a engajada Trail of Lies, com Paz conclamando o ouvinte: "Desligue a televisão, mano". Terror, com o já tradicional excerto de música clássica, tem o nome perfeito para as rimas de Paz e Allah. Já Butcher Knife Bloodbath tem um sample que parece saído da trilha sonora incidental de algum filme obscuro, além de um Jus Allah pronto para torcer o pescoço de alguém.
Na verdade, o disco inteiro é muito bom, sem nenhuma falha. Talvez, como já dito, falte aquela faixa clássica que ajuda a aumentar a visibilidade do disco, como aconteceu com os outros álbuns, mas ainda assim é um trabalho sensacional. O grupo continua afiadíssimo, fiel à sua base de fãs, e sempre buscando coisas novas que se encaixem no estilo do Jedi. Rimas perfeitas, instrumentais perfeitos e uma abordagem de trabalho invejável. O Jedi caminha para o rol dos grupos mais importantes da história do rap, não só do underground.
Em History of Violence, o sexto álbum do grupo, este som próprio se confirma ainda mais. Estão lá as rimas raivosas de Vinnie Paz, brutais tanto em conteúdo quanto na forma como o emcee as canta. Jus Allah, embora o elo mais fraco do grupo, acaba não sendo muito exposto, graças aos instrumentais surreais de Stoupe. Como nos outros trabalhos, ele incorpora um sem-número de samples das mais variadas fontes, empilhando-os em batidas invariavelmente pesadas, criando praticamente uma orquestra de samples. Quando eu digo que o Jedi tem um som próprio, as pessoas podem ver pelo lado ruim e dizer que é sempre "mais do mesmo". No caso do Jedi, a afirmação não procede. É um mais do mesmo sempre com inovações, mas ainda assim mantendo as raízes, a idéia original. Ou alguém já viu uma música do grupo ou de qualquer outro sampleando uma cantora grega?
Embora os beats de Stoupe sejam a grande estrela do grupo, não se pode subestimar Vinnie Paz. No começo da carreira, ele chamou a atenção pelas rimas extremamente violentas, que falavam até em enforcar o papa com um rosário. Ao longo do tempo, ele foi incorporando novos elementos à sua escrita: escreveu rimas mais introspectivas, tornou-se mais político e até executou conceitos bem criativos, tudo isso sem descuidar da parte técnica, sempre com metáforas inteligentes e rimas multi-silábicas inesperadas. No novo álbum, toda esta evolução pode ser notada: há versos para todos os gostos, desde os já tradicionais battle raps até outros mais pessoais, passando por rimas politizadas.
Entre os destaques, pode-se citar os dois singles. Monolith, a tal faixa que sampleia uma cantora grega, traz rimas de batalha de Paz e Jus Allah em alto nível, com linhas como "você não pode compreender a força que eu trago /eu sou tipo Rocky Marciano quando ele entra no ringue". Godflesh traz em seu gene a tradição Jedi de samples inusitados bem articulados, com um ótimo refrão de Block McCloud e grande verso do convidado King Magnetic. Mas não são só os singles que se destacam. Embora falte aquela faixa que cause frisson entre os fãs, ainda há boas opções, como a engajada Trail of Lies, com Paz conclamando o ouvinte: "Desligue a televisão, mano". Terror, com o já tradicional excerto de música clássica, tem o nome perfeito para as rimas de Paz e Allah. Já Butcher Knife Bloodbath tem um sample que parece saído da trilha sonora incidental de algum filme obscuro, além de um Jus Allah pronto para torcer o pescoço de alguém.
Na verdade, o disco inteiro é muito bom, sem nenhuma falha. Talvez, como já dito, falte aquela faixa clássica que ajuda a aumentar a visibilidade do disco, como aconteceu com os outros álbuns, mas ainda assim é um trabalho sensacional. O grupo continua afiadíssimo, fiel à sua base de fãs, e sempre buscando coisas novas que se encaixem no estilo do Jedi. Rimas perfeitas, instrumentais perfeitos e uma abordagem de trabalho invejável. O Jedi caminha para o rol dos grupos mais importantes da história do rap, não só do underground.
Jedi Mind Tricks - A History of Violence
1. “Intro”
2. “Deathbed Doctrine”
3. “Deadly Melody” (feat. Block McCloud & Demoz)
4. “Monolith”
5. “Those With No Eyes (Interlude)”
6. “Trail of Lies”
7. “Heavy Artillery”
8. “Seance of Shamans” (feat. Outerspace & Doap Nixon)
9. “Geometry in Static (Interlude)”
10. “Godflesh” (feat. King Magnetic & Block McCloud)
11. “Terror” (feat. Demoz)
12. “Butcher Knife Bloodbath”
13. “The Sixth Gate Shines No More (Interlude)”
14. “Death Messiah”
Download
PS: Este é o link com a versão retail, sem aquelas propagandas no meio da música.
PS 2: O Vinnie Paz deu uma entrevista para um site alemão e disse coisas bem interessantes:
- O DVD do grupo, "The Divine Fire DVD", está sendo filmado como se fosse um documentário e contém imagens de 1992 a 2008. "De todas as coisas que eu fiz na minha carreira, sinceramente, este DVD é o que mais me orgulha", disse Paz.
- Jus Allah está no DVD;
- Paz é o produtor-executivo do novo disco do Jus Allah, chamado "The Colossus", e que já está sendo feito. O único artista a participar no disco será o próprio Paz.
- Ao ser perguntando por que Stoupe não produz outros artistas, Paz disse: "Para ser honesto, ele simplesmente não está interessado nisso. Ele é uma pessoa bastante introvertida, praticamente nunca sai de casa. Ele fuma, bebe e faz seus beats. Ele é uma daquelas pessoas que não quer conhecer novas pessoas. Ele não está interessado em trabalhar cm outras pessoas. Nós o obrigamos a fazer um álbum de produtor. Agora, finalmente você irá ouvir pessoas diferentes nos beats dele. O álbum deve sair no final deste ano ou no começo de 2009, e vocês irão ouvir nomes sonantes nos beats dele".
- Quanto ao relacionamento entre Bahamadia, Virtuoso e o coletivo Army of the Pharaohs, Paz disse: "Eles ainda estão no grupo, de longe. Só porque eles não apareceram nas faixas recentes não significa que eles não estão conosco. Apathy não esteve no último disco, mas isso não significa nada. Nós gravamos toneladas de músicas, algumas delas devem ser lançadas mais tarde ou em outros projetos. Kwestion fez o último single e também está para lançar um álbum de produtor no futuro, assim como Stoupe.
- Um novo álbum do Army of the Pharaohs está sendo feito.
- O álbum colaborativo de Ill Bill e Vinnie Paz - chamado "Heavy Metal Kings" será lançado no começo de 2009. Eles já têm beats de DJ Lethal, La Coka Nostra, DJ Muggs, DJ Kwestion e Madlib.
14 comentários:
Podem falar o que for. Mas é o melhor álbum de 2008. E pronto, fim de discussão.
Tenho que concordar com o campagnoli... Muito foda...
Valeu por disponibilizar.
Disco muito porradão!!!
quando der vc podia por a tradução de "monolith"??
Fiquei bolado nesse som, porra o sample da mina cantando atrás meu Deus!
Se conseguir ficarei muito grato!
Disco foda, pancado do começo ao fim. Essa última faixa Death Messiah é sacanagem, já ouvi umas 200 vezes.
Talvez aquela tal faixa que cause frisson entre os fãs, que vc comentou, seja a faixa 3 "Deadly melody", presta atenção nessa porrada... enfim, o disco é foda !
Só pra completar meu próprio comentário acima, escuta a faixa 3 "deadly melody" 3 vezes, na terceira vez o refrão já não sai da sua cabeça..
E ae Felipe, essa entrevista foi boa, hein. Vários lançamentos a mais, isso é muito bom. O que não é bom é uns moleques que eu tenho visto ouvindo JMT achando que JMT é um gordinho ae!!!! E o que também não é muito bom pro AOTP é o que o Chief Kamachi falou nessa entrevista aqui, se liga: http://www.hiphopgame.com/index2.php3?page=chiefkamachi2
Porra, o Kamachi explanou geral nessa entrevista haha
Mas é sempre assim, um grupo com mtas pessoas sem terá problemas, não tem jeito, e o AOTP não é diferente disso. O foda é nêgo se virar contra o Vinnie Paz, sendo que foi ele q colocou os caras no mapa...
JMT, um gordinho ae? rs
Abraço, e valeu pela entrevista!
Jedi Mind, baby!!
Tu achou graça "dum gordinho ae"?
É porque tu num ouviu um FDP sexta-feira falando que gostava de JEDI MATRIX que nem eu ouvi!!!!!!
HAHAHAHAHA PQP!
boa felipe, mando bem... agora eu que ja li cara escrevendo Gedi (com G mesmo) ?!?!?!?!?!... Informacao é essencial mas tem muita gente que nao se preocupa em saber antes de falar...
Prabéns pelo blog, cara. Queria pedir a tradução da 'Trail of Lies' se possível.
Abraços
rachando o bico com os comentários do campagnoli aqui...kkkkkkkkk tem muito o que falar não..album muito foda, me lembrei de quando eu morava em SP...e na primeira vez em que eu ouví 'animal rap'..os caras continuam pesados como sempre, foda!
Escuto Jedi desde 1998 1999...
escuto todo dia! sem k-ô.
acho só que o jus allah deveria gravar mais perto do mic.. não eh nem cantar mais alto ... eh chegar mais perto mesmo... repara só se não parece isso... que grava meio de longe...
fora isso só dá genialidade auditiva nas trick do JMT.
paz!
blog adicionadaço!
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