Ano: 2001
Gravadora: Triple Threat Productions
Produtores: Emmai Alaquiva (faixas 2,6 e 15), 88 Keys (3,4,12 e 17), David Kennedy (4,15,17 e 18), Grap Luva (5 e 7), Elliott Thomas (7), Pete Rock (8), Prince Paul (9), Chris Catalyst (10 e 11), Probe.dms (10 e 11), DJ Spinna (13 e 14), DJ Premier (16).
Participações: Ike and Swave of CVEES (faixa 4), Probe.dms (8), Asheru (8), Understanding Allah (13), Takhim Allah (13).
Aproveitando a passagem de J-Live pelo Brasil - amanhã ele estará na festa Blends, aqui no Rio -, o Boom Bap apresenta o álbum de estreia do emcee/produtor/deejay nova-iorquino. "The Best Part" tem, particularmente, uma história curiosa. Começou a ser produzido em 1995, seria lançado em 1999, mas, graças a problemas com a gravadora, só viu a luz do dia em 2001, não sem antes uma versão "pirata" atingir as ruas. Àquela altura, a expectativa pelo disco já era grande, devido aos singles de qualidade - "Braggin' Writes" e "Longevity" que Live tinha lançado.
E a espera valeu a pena. "The Best Part" é aquele típico álbum de estreia que toma tudo de assalto e define um padrão de qualidade dificílimo de ser alcançado pelo emcee nos trabalhos posteriores. Seja pela produção - que recruta nomes como Pete Rock, DJ Premier, Prince Paul e DJ Spinna - ou pela escrita impecável, o disco é um dos bons trabalhos do começo do milênio, uma mistura azeitada entre a velha e a nova escola que começava a despontar na época.
Para conseguir equilibrar bem tantos conceitos, nada melhor do que uma mente bastante criativa. Um dos grandes méritos de J-Live é trazer algo surpreendente mesmo na faixa mais tradicional. Uma infinidade de conceitos emerge durante o disco, graças à capacidade de Justice Allah de brincar com as palavras e o flow. São vários os exemplos: a brasileira "Don't Play" - que sampleia "Canto de Ossanha" e traz um refrão cantado que o ouvinte mais desligado vai pensar ser em português - traz Live usando um mesmo conjunto de rimas para finalizar suas linhas, mudando apenas a ordem delas. Já no single "Them That's Not", Live ajusta flow e métrica de acordo com a velocidade da batida, que começa aceleradíssima e vai decaindo até alcançar a entonação tradicional do emcee.
Mesmo as faixas menos inventivas são executadas com maestria. "Kick It To The Beat" é uma cortesia de Pete Rock, que mantém os samples elegantes, mas abdica das caixas pesadas para dar o espaço necessário para Live e seus parceiros Asheru e Probe.dms destilar destreza lírica. "Yes!" vai até as raízes do boom bap nova-iorquino, com scratches, bateria suja, sample discreto para permitir que Live exiba rimas multissilábicas de batalha à vontade, não sem antes cutucar o rap em geral:
"O que você quer, algo na moda ou algo bom?
Do que você precisa, liberdade ou justiça?
Do que você gosta, pele branca ou negra?
(...)
Respeito nas ruas ou venda de discos?"
Ainda tem storytelling criminal na ótima "Wax Paper", a mistura de filosofia e autobiografia na jazzy "Timeless", relacionamentos em "Get The Third" e a exibição de habilidade incomum em "Braggin' Writes Revisited", na qual ele rima e manipula o vinil ao mesmo tempo e ainda arruma espaço para lançar uma frase clássica - "Tá todo mundo rimando, mas poucos têm flow". Mas é a faixa título, abençoada por um beat de DJ Premier, que fecha o disco com chave de ouro, numa letra que mistura referências à crença Five Percenter, experiências pessoais na indústria musical e conselhos para o rap:
"De uma forma de arte até se espalhar da costa leste para a oeste
para a costa, o hemisfério, veja como o hip hop cresceu
mas ainda é o proverbial bobo da corte da música
explorado por muitos, entendido por poucos
(...)
porque a força de uma nação sempre foi suas crianças
deixe-as aprenderem com os anciões que foram fortes e espertos
então o hip hop será a música que não irá embora
quando a próxima leva de MC's provar ser assim"
Assim, depois de uma hora e 16 minutos de bom rap nos ouvidos, "The Best Part" se consolida como um trabalho essencial para todo fã de rap, especialmente aqueles procurando por criatividade e um quê de Nova Iorque nos beats. Para quem ainda não conhece J-Live, o disco é a porta de entrada para a obra de um cara multifuncional, que ainda se mantém firme e forte na penosa arte de fazer música por amor.
J-Live - The Best PartGravadora: Triple Threat Productions
Produtores: Emmai Alaquiva (faixas 2,6 e 15), 88 Keys (3,4,12 e 17), David Kennedy (4,15,17 e 18), Grap Luva (5 e 7), Elliott Thomas (7), Pete Rock (8), Prince Paul (9), Chris Catalyst (10 e 11), Probe.dms (10 e 11), DJ Spinna (13 e 14), DJ Premier (16).
Participações: Ike and Swave of CVEES (faixa 4), Probe.dms (8), Asheru (8), Understanding Allah (13), Takhim Allah (13).
Aproveitando a passagem de J-Live pelo Brasil - amanhã ele estará na festa Blends, aqui no Rio -, o Boom Bap apresenta o álbum de estreia do emcee/produtor/deejay nova-iorquino. "The Best Part" tem, particularmente, uma história curiosa. Começou a ser produzido em 1995, seria lançado em 1999, mas, graças a problemas com a gravadora, só viu a luz do dia em 2001, não sem antes uma versão "pirata" atingir as ruas. Àquela altura, a expectativa pelo disco já era grande, devido aos singles de qualidade - "Braggin' Writes" e "Longevity" que Live tinha lançado.
E a espera valeu a pena. "The Best Part" é aquele típico álbum de estreia que toma tudo de assalto e define um padrão de qualidade dificílimo de ser alcançado pelo emcee nos trabalhos posteriores. Seja pela produção - que recruta nomes como Pete Rock, DJ Premier, Prince Paul e DJ Spinna - ou pela escrita impecável, o disco é um dos bons trabalhos do começo do milênio, uma mistura azeitada entre a velha e a nova escola que começava a despontar na época.
Para conseguir equilibrar bem tantos conceitos, nada melhor do que uma mente bastante criativa. Um dos grandes méritos de J-Live é trazer algo surpreendente mesmo na faixa mais tradicional. Uma infinidade de conceitos emerge durante o disco, graças à capacidade de Justice Allah de brincar com as palavras e o flow. São vários os exemplos: a brasileira "Don't Play" - que sampleia "Canto de Ossanha" e traz um refrão cantado que o ouvinte mais desligado vai pensar ser em português - traz Live usando um mesmo conjunto de rimas para finalizar suas linhas, mudando apenas a ordem delas. Já no single "Them That's Not", Live ajusta flow e métrica de acordo com a velocidade da batida, que começa aceleradíssima e vai decaindo até alcançar a entonação tradicional do emcee.
Mesmo as faixas menos inventivas são executadas com maestria. "Kick It To The Beat" é uma cortesia de Pete Rock, que mantém os samples elegantes, mas abdica das caixas pesadas para dar o espaço necessário para Live e seus parceiros Asheru e Probe.dms destilar destreza lírica. "Yes!" vai até as raízes do boom bap nova-iorquino, com scratches, bateria suja, sample discreto para permitir que Live exiba rimas multissilábicas de batalha à vontade, não sem antes cutucar o rap em geral:
"O que você quer, algo na moda ou algo bom?
Do que você precisa, liberdade ou justiça?
Do que você gosta, pele branca ou negra?
(...)
Respeito nas ruas ou venda de discos?"
Ainda tem storytelling criminal na ótima "Wax Paper", a mistura de filosofia e autobiografia na jazzy "Timeless", relacionamentos em "Get The Third" e a exibição de habilidade incomum em "Braggin' Writes Revisited", na qual ele rima e manipula o vinil ao mesmo tempo e ainda arruma espaço para lançar uma frase clássica - "Tá todo mundo rimando, mas poucos têm flow". Mas é a faixa título, abençoada por um beat de DJ Premier, que fecha o disco com chave de ouro, numa letra que mistura referências à crença Five Percenter, experiências pessoais na indústria musical e conselhos para o rap:
"De uma forma de arte até se espalhar da costa leste para a oeste
para a costa, o hemisfério, veja como o hip hop cresceu
mas ainda é o proverbial bobo da corte da música
explorado por muitos, entendido por poucos
(...)
porque a força de uma nação sempre foi suas crianças
deixe-as aprenderem com os anciões que foram fortes e espertos
então o hip hop será a música que não irá embora
quando a próxima leva de MC's provar ser assim"
Assim, depois de uma hora e 16 minutos de bom rap nos ouvidos, "The Best Part" se consolida como um trabalho essencial para todo fã de rap, especialmente aqueles procurando por criatividade e um quê de Nova Iorque nos beats. Para quem ainda não conhece J-Live, o disco é a porta de entrada para a obra de um cara multifuncional, que ainda se mantém firme e forte na penosa arte de fazer música por amor.
1 Outside Looking
2 Intro
3 Got What It Takes
4 Don't Play
5 Vampire Hunter J
6 YES!
7 Them That's Not
8 Kick It to the Beat
9 Wax Paper
10 Timeless
11 Get the Third
12 School's In (Remix)
13 R.A.G.E.
14 True School Anthem
15 Inside Looking Outro
16 The Best Part
17 Play
18 Braggin' Writes Revisited
19 Epilogue
Mais informações sobre a passagem de J-Live no Brasil
Resenha de "Then What Happened" no Boom Bap
J-Live cantando ao vivo a faixa "Braggin' Writes":
3 comentários:
Os 5 jurássicos que também samplearam a Canto de Ossanha, original de Baden Powell e Vinícius de Moraes, dando o mesmo nome, inclusive.
Vai no show?
massa esse texto.....passo direto aqui parabens man pela dixavada nos discos, abraço!
great collection dude I really like this
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