Ano: 2009
Gravadora: Deconstruction
Produtor: Bionik (todas as faixas)
Participações: Bionik ( faixas 2, 4, 8 e 9) e Treasure Davis (3 e 7)
Aceyalone é daqueles tesouros escondidos do Hip-Hop. O cara tá na ativa desde o começo da década de 1990 e tem um catálogo de discos invejável. Fez parte também do influente grupo alternativo da Costa Oeste Freestyle Fellowship, um dos primeiros a misturar o jazz e o rap por aquelas bandas. Apesar de tudo isso, nosso amigo Acey raramente é lembrado entre os grandes ícones do rap. Sua levada descontraída, suas letras complexas e o carisma estampado em cada sílaba pronunciada não foram suficientes nesta máquina de Lil'Waynes e The Games que se tornou a indústria do Hip-Hop.
Além de tudo, Aceyalone é inquieto. Seu mais novo projeto consiste em revisitar os gêneros-pais do rap. O primeiro disco da série foi "Lightning Strikes", no qual o emcee californiano fez uma viagem sonora à Jamaica do ragga e dancehall. O segundo volume é um pouco mais tradicional: o R&B dos anos 1960 é o escolhido para esta regressão musical. Para tanto, Acey chamou a banda The Lonely Ones para a empreitada. O resultado é o disco homônimo: "Aceyalone & The Lonely Ones", e já dá para ver que a missão foi incorporada inclusive no título da parada.
O interessante é que, para se adaptar ao conceito do álbum, Aceyalone precisa mudar um pouco seu estilo. As rimas complexas supracitadas, cheias de duplo significado e com malabarismos líricos, ficam para trás, em favor de uma escrita mais simples, mais direta. Podem argumentar que Acey teve de fazer concessões à sua arte, mas a verdade é que, se ele quer revisitar antigos gêneros e emulá-los numa roupagem Hip-Hop, isto é necessário. De alguma maneira, porém, o rapper compensa com o flow característico, que faz a arte de rimar parecer tão fácil e simples, a ponto de qualquer um querer ser um emcee nos dias de hoje. Não, amiguinhos, o que o senhor Aceyalone faz não é tão simples quanto parece; a capacidade de enfatizar a palavra certa na linha, o controle de respiração, o ar blasé de quem sabe que rima muito bem, tudo isso é algo inerente a Acey.
Mas não se pode cravar que não há boas letras no disco. Existem, e são diversas. Podem tratar de uma mulher que, ao tentar consertar o carro quebrado na estrada, encontra com Aceyalone e é cortejada pelo rapper em "The Lonely Ones", ou até mesmo reivindicar o "poder de volta ao povo" em "Power to the People". Na verdade, parece que Acey se empolga um pouco, porque, na verdade, na verdade, o poder nunca esteve com o povo, não é mesmo? Ainda assim, a mensagem da faixa é bem efetiva e representa uma mudança de marchas no disco. E pode funcionar também como o paralelo para clássicas músicas políticas que o soul norte-americano presenciou em fins da década de 60 e início da de 70.
O que se pode cravar, por outro lado, é que este é um projeto voltado quase exclusivamente para o groove. A já decantada habilidade de Aceyalone no microfone transforma a voz do rapper em mais um eficiente instrumento na banda The Lonely Ones. Um verdadeiro caldeirão tradicional de ritmos negros norte-americanos, o grupo mistura jazz, funk e soul com uma facilidade que só um ianque nativo poderia. O resultado são instrumentais deliciosos, cheios de suíngue e capazes de se intrometerem em qualquer festa black de gêneros antigos sem serem "descobertos" como atuais e, imaginem!, rap. Destaque para o saxofone mortal de "On The One", a apresentação, instrumento por instrumento, dos músicos em "Can't Hold Back", numa atmosfera de improviso e show ao vivo bastante bem-vinda. "The Way It Was" não nega o nome e é uma das mais efetivas na proposta de voltar algumas décadas no mosaico musical dos EUA. Ainda temos a talentosa Treasure Davis dando uma canja em "Step Up" como se tivesse saído diretamente de algum rádio do sul norte-americano de 40 anos atrás.
No fim desta regressão, a impressão que se tem é que Aceyalone é um artista completo, e muito, muito injustiçado. O cara tem êxito tanto nos seus discos "normais" como em projetos conceituais como "Aceyalone & The Lonely Ones". É inegável, porém, que ele está bem mais confortável sobre o R&B deste álbum do que no ragga de "Lightning Strikes". Agora, só nos resta aguardar qual vai ser o próximo gênero revisitado por esse ás esquecido da Costa Oeste. O que mais ele terá de fazer para chamar a atenção e ganhar o respeito da comunidade Hip-Hop?
Aceyalone - Aceyalone & The Lonely Ones
1. Firehouse Intro
2. Lonely Ones
3. Can't Hold Back
4. What It Wuz
5. On The 1
6. Step Up
7. To The Top [Remix]
8. Workin' Man's Blues
9. Power To The People
10. Push N' Pull
11. OutroGravadora: Deconstruction
Produtor: Bionik (todas as faixas)
Participações: Bionik ( faixas 2, 4, 8 e 9) e Treasure Davis (3 e 7)
Aceyalone é daqueles tesouros escondidos do Hip-Hop. O cara tá na ativa desde o começo da década de 1990 e tem um catálogo de discos invejável. Fez parte também do influente grupo alternativo da Costa Oeste Freestyle Fellowship, um dos primeiros a misturar o jazz e o rap por aquelas bandas. Apesar de tudo isso, nosso amigo Acey raramente é lembrado entre os grandes ícones do rap. Sua levada descontraída, suas letras complexas e o carisma estampado em cada sílaba pronunciada não foram suficientes nesta máquina de Lil'Waynes e The Games que se tornou a indústria do Hip-Hop.
Além de tudo, Aceyalone é inquieto. Seu mais novo projeto consiste em revisitar os gêneros-pais do rap. O primeiro disco da série foi "Lightning Strikes", no qual o emcee californiano fez uma viagem sonora à Jamaica do ragga e dancehall. O segundo volume é um pouco mais tradicional: o R&B dos anos 1960 é o escolhido para esta regressão musical. Para tanto, Acey chamou a banda The Lonely Ones para a empreitada. O resultado é o disco homônimo: "Aceyalone & The Lonely Ones", e já dá para ver que a missão foi incorporada inclusive no título da parada.
O interessante é que, para se adaptar ao conceito do álbum, Aceyalone precisa mudar um pouco seu estilo. As rimas complexas supracitadas, cheias de duplo significado e com malabarismos líricos, ficam para trás, em favor de uma escrita mais simples, mais direta. Podem argumentar que Acey teve de fazer concessões à sua arte, mas a verdade é que, se ele quer revisitar antigos gêneros e emulá-los numa roupagem Hip-Hop, isto é necessário. De alguma maneira, porém, o rapper compensa com o flow característico, que faz a arte de rimar parecer tão fácil e simples, a ponto de qualquer um querer ser um emcee nos dias de hoje. Não, amiguinhos, o que o senhor Aceyalone faz não é tão simples quanto parece; a capacidade de enfatizar a palavra certa na linha, o controle de respiração, o ar blasé de quem sabe que rima muito bem, tudo isso é algo inerente a Acey.
Mas não se pode cravar que não há boas letras no disco. Existem, e são diversas. Podem tratar de uma mulher que, ao tentar consertar o carro quebrado na estrada, encontra com Aceyalone e é cortejada pelo rapper em "The Lonely Ones", ou até mesmo reivindicar o "poder de volta ao povo" em "Power to the People". Na verdade, parece que Acey se empolga um pouco, porque, na verdade, na verdade, o poder nunca esteve com o povo, não é mesmo? Ainda assim, a mensagem da faixa é bem efetiva e representa uma mudança de marchas no disco. E pode funcionar também como o paralelo para clássicas músicas políticas que o soul norte-americano presenciou em fins da década de 60 e início da de 70.
O que se pode cravar, por outro lado, é que este é um projeto voltado quase exclusivamente para o groove. A já decantada habilidade de Aceyalone no microfone transforma a voz do rapper em mais um eficiente instrumento na banda The Lonely Ones. Um verdadeiro caldeirão tradicional de ritmos negros norte-americanos, o grupo mistura jazz, funk e soul com uma facilidade que só um ianque nativo poderia. O resultado são instrumentais deliciosos, cheios de suíngue e capazes de se intrometerem em qualquer festa black de gêneros antigos sem serem "descobertos" como atuais e, imaginem!, rap. Destaque para o saxofone mortal de "On The One", a apresentação, instrumento por instrumento, dos músicos em "Can't Hold Back", numa atmosfera de improviso e show ao vivo bastante bem-vinda. "The Way It Was" não nega o nome e é uma das mais efetivas na proposta de voltar algumas décadas no mosaico musical dos EUA. Ainda temos a talentosa Treasure Davis dando uma canja em "Step Up" como se tivesse saído diretamente de algum rádio do sul norte-americano de 40 anos atrás.
No fim desta regressão, a impressão que se tem é que Aceyalone é um artista completo, e muito, muito injustiçado. O cara tem êxito tanto nos seus discos "normais" como em projetos conceituais como "Aceyalone & The Lonely Ones". É inegável, porém, que ele está bem mais confortável sobre o R&B deste álbum do que no ragga de "Lightning Strikes". Agora, só nos resta aguardar qual vai ser o próximo gênero revisitado por esse ás esquecido da Costa Oeste. O que mais ele terá de fazer para chamar a atenção e ganhar o respeito da comunidade Hip-Hop?
Aceyalone - Aceyalone & The Lonely Ones
1. Firehouse Intro
2. Lonely Ones
3. Can't Hold Back
4. What It Wuz
5. On The 1
6. Step Up
7. To The Top [Remix]
8. Workin' Man's Blues
9. Power To The People
10. Push N' Pull
Vídeo de "Can't Hold Back":
8 comentários:
A sonoridade ta do caralho!!!
aew mano... procurei pela net toda um link pra esse cd, mas não achei nenhum;;; se tu conseguiu esse cd baxando, tem como passa o link aew??
pelo vídeo ali, deve se muito foda esse cd, to na mó vontade de ouvi...
vlw, parabéns pelo blog...!
valeu xara!
muito obrigado pelas palavras,o rap precisa de mais pessoas com vc
muito obrigado mesmo de coraçao.
muito axe e vitoria na sua caminhada!
f.i.n.o
Rubens, eu baixei o álbum no antigo blog do Hip-Hop Bootleggers, mas a polícia do blogger já tratou de deixar o site fora do ar novamente. E o disco ja tinha saído há um bom tempo, mas só foi vazar recentemente.
Fino, fico feliz que tenha gostado. Qualquer novidade, só dar um toque.
já ouviu o do Rakim ??? :D
po mano... de boa, eu fucei mais um poko e consegui acha um link (meio suspeito, diga-se de passagem) desse cd... vo baxa ainda pra ve se realmente é desse cd;;
parabéns pelo blog mano, realmente a cada post o blog melhora, parabéns mesmo...!
e aí felipe, blza? fazia um tempo q nao dava uma banda aqui, continuam foda os trabalhos...fiquei na fome de ouvir esse disco, entao achei um link
http://rapidshare.com/files/211063998/Aceyalone-The_Lonely_Ones-Promo_2009_.zip
o produto digestivo foi deletado naquela leva de blogs, tamos c/blog novo la, voltado às raizes, uma hora dessas passa la p/conferir man, abraço!
http://purediggin.blogspot.com/
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