segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Resenha: Big Pun - Capital Punishment

Muitos álbuns de rap foram aclamados pela crítica pela música, pelo requinte nos beats, a incrível fusão de ritmos que só o rap pode oferecer, como misturar uma linha de baixo de um reggae com guitarras funkeadas, tudo sobre uma bateria eletrônica hipnotizante. Mas também existem álbuns que alcançaram um entrondoso sucesso graças à outra magia do rap: as rimas. Um destes trabalhos é Capital Punishment, do super-letrista Big Punisher, o primeiro emcee latino a alcançar status de platina.

Vindo diretamente do Brooklyn e de ascendência porto-riquenha, Big Pun mostrou-se um letrista excelente, pegando a fórmula de rimas multi-silábicas e internas, que explodiram com o Illmatic de Nas, e levando ao extremo. Com esquemas de rimas extremamente complexos, aliados a um grande carisma e quase 150 quilos, Big Punisher explodiu como um dos grandes nomes do rap nova-iorquino no começo do novo milênio, tomando de assalto o underground e logo conseguindo um contrato com uma grande gravadora.

Capital Punishment preza exatamente por saber que a grande força é o talento na escrita de Big Pun, e todos os esforços são feitos para evidenciar o lirismo do emcee, e ele não desaponta. São vários os emcees de destaque convidados para o álbum - Black Thought, Inspectah Deck, Prodigy - e Pun devora todos eles, sem piedade. Seus companheiros de Terror Squad, como Fat Joe, Cuban Link e Triple Seis, são engolidos ainda mais facilmente pelo apetite lírico do emcee latino.

No geral, a fúria de Pun é razoavelmente versátil. A predileção é pelos raps de batalha, como em Beware, Super Lyrical e Twinz; mas também há espaço para hinos cafajestes como Still Not A Player, crônicas sobre relacionamentos em Punish Me, exaltação da vida de novo rico em Glamour Life. Como dá para notar, Big Pun não é um emcee com músicas que façam o ouvinte refletir, mas sua habilidade lírica é impecável e sua abordagem é agressiva, crua, o que torna sua música um prato cheio para os fãs do rap hardcore nova-iorquino. Para não ser injusto, em alguns momentos Pun abre seu coração, como em You Came Up, quando ele se recorda da infância e dos momentos difíceis.

Musicalmente, o álbum é diversificado, talvez reflexo da grande variedade de produtores envolvidos. O que predomina são os batidões pesados, bem dosados com faixas mais lentas ou orientadas para boates. Mesmo quando alguns beats soam pouco inspirados, Pun resolve tudo com as rimas. Logo, quando o instrumental é bom, temos um clássico. Alguns destaques: o beat pesado e caótico, estilo Mobb Deep, de Beware; a colagem sensacional do refrão de Super Lyrical; o suíngue de Still Not A Player, ideal para as boates; o toque latino de Caribbean Connection e You Came Up; o batidão, no melhor estilo RZA, de Triboro; e, é claro, o remake sensacional e ainda mais agressivo do clássico Deep Cover, de Dr. Dre e Snoop Dogg, em Twinz.

Entretanto, o grande atrativo do álbum é o flow perfeito e o lirismo impecável de Big Punisher. Capital Punishment elevou Pun ao seleto grupo dos grandes letristas da história do rap, inspirou vários novos emcees e mostrou que um latino conseguiu dominar melhor a língua inglesa do que muitos outros rappers genuinamente americanos.

Um comentário:

Anônimo disse...

porra cara, mt bom o review ai, big pun era um monstro, p mim ele eh melhor do q o "outro gordo" da east side, hehehe...

junto c nas, immortal tech e os caras do wu ele eh hourconcours na east coast, flow cruel

flw cara, belo blog