quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

3º: Little Brother - Getback

Produtores: Illmind(faixas 1,2,4 e 9), 9th Wonder(3), Khrysis(5), Mr. Porter(6), Hi-Tek(7), Nottz(8), Rashid Hadee(10), Zo!(11)
Participações: Carlitta Durand, Lil Wayne, Darien Brockington, Jozeemo

Depois de dois álbuns clássicos e um novo estilo de produção surgindo pelas mãos(e o Fruity Loops) de 9th Wonder, todos os fãs de rap estavam se perguntando como seria o terceiro álbum do Little Brother, sem os beats de 9th. O fato de terem assinado contrato com uma grande gravadora, além da presença de Lil Wayne no disco, ajudou a colocar uma pulga atrás da orelha dos fãs mais ortodoxos. Temiam perder mais um grupo para o mainstream. Felizmente, se enganaram.

Getback ainda não é considerado um clássico como os outros dois álbuns do grupo, mas em alguns anos vai poder receber esta honra. Este trabalho mostra Phonte e Big Pooh muito mais maduros e conscientes, com letras inteligentes e flows bem trabalhados. Esta maturidade também se reflete nos beats escolhidos: embora haja uma grande variedade de produtores, o clima é o mesmo, o que contribui decisivamente para a consistência do álbum.

Muitos emcees são aclamados por público e crítica por terem letras complexas, com diversos truques linguísticos. Porém, as mensagens nestas letras acabam, às vezes, sendo sacrificadas. Com Phonte e Big Pooh, acontece o contrário. Tecnicamente, as letras são simples, sem ser infantis, e a mensagem é claríssima em cada faixa. Tal simplicidade ainda casa perfeitamente com o flow dos emcees.

Phonte, particularmente, está no topo aqui, se consolidando definitivamente como um dos emcees linha-de-frente da nova geração. Com o parceiro brilhando a cada verso, Big Pooh também mostra claros sinais de evolução e faz um trabalho muito bom. Uma das principais forças do álbum é a variedade de temas tratados: "Sirens" abre o álbum com alto teor político; "Can't Win For Losing" e "Dreams" trata da indústria do rap; "Breakin My Heart" e "Good Clothes" diminuem a tensão, com letras mais leves. Em "After The Party", o verso de Big Pooh tentando convencer uma garota a sair com ele pode começar a fazer aquele fã ortodoxo a temer pelo álbum depois de duas faixas de conteúdo leve. Mas Phonte assume o microfone e acaba com as dúvidas, cuspindo um dos melhores versos do álbum:

"A bebida acabou, as abelhas voltaram para o Sul / as mulheres foram embora e os pássaros estão cantando / eles não estão mais pelas ruas porque precisam trabalhar / um tem uma filha, o outro tem de ir à igreja / eu acho q eu preciso trabalhar em mim porque isso dói / ver todo fim de semana eu comer meu salário/ sempre tentando impressionar os outros/com bebidas caras q eu nem mesmo gosto do sabor / eu acho que isso é degradante / as coisas que vemos na cena / nós parecemos que gostamos disso / mas ficamos perdidos quando a luz apaga / nós sentamos e sempre nos perguntamos qual o sentido disso / é como se ninguém quisesse viver a própria vida / eles só querem reencenar a mesma cena toda noite / todo mundo vendendo fantasias, não importa o preço / tipo: "eu te amo para sempre", mas o para sempre acaba esta noite"

Esta abordagem mais crítica em temas aparentemente leves também está presente em "Step It Up", que fala sobre maturidade no relacionamento, e "That Ain't Love", que questiona o uso excessivo da palavra amor pelas pessoas, quando estas não têm atitudes condizentes.

Em termos de beats, a seleção foi muito bem feita. Os beats encaixam perfeitamente no estilo do grupo e ainda assim trazem um "algo a mais" por se tratar de outros produtores, em vez de 9th Wonder, que inclusive assina uma faixa, a classuda "Breakin My Heart", com um bateria e piano sensacionais. Outros destaques são "Good Clothes", com um sample de metais muito bom; "When Everything Is New", com ótimos strings. Mas é "ExtraHard", produzida por Mr. Porter, o grande destaque, sendo, na minha opinião, um dos melhores beats de 2007, com strings perfeitos e um sample vocal classudo cortados no melhor estilo DJ Premier, porém bem mais lento.

Por falar em sample vocal, é preciso ressaltar as ótimas aparições de cantores como Carlitta Durand, Darien Brockington e Dion. Sem os vocais melosos providos pelos beats de 9th Wonder, os três foram ótimos substitutos, dando um sabor especial às faixas que participaram.

Enfim, apesar de todas as desconfianças, mais uma vez a dupla da Carolina do Norte lançou um trabalho de grande qualidade, pavimentando um caminho rumo aos grandes nomes da história do rap. Nem mesmo a ausência de um dos produtores mais renomados nos últimos anos foi capaz de subjugar a qualidade de Phonte e Big Pooh.

Little Brother - Getback
1. Sirens feat. Carlitta Durand
2. Can't Win For Losing
3. Breakin My Heart feat. Lil' Wayne
4. Good Clothes
5. After the Party feat. Carlitta Durand
6. ExtraHard
7. Step It Up feat. Dion
8. Two Step Blues feat. Darien Brockington
9. That Ain't Love feat. Jozeemo
10. Dreams
11. When Everything Is New

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Baixe quatro letras traduzidas do álbum

3 comentários:

Anônimo disse...

Se eu não estou enganado, o Ministrel Show já tinha sido pela Atlantic. Mas isso que você disse é verdade, quando eu bati o olho na tracklist e vi Lil' Wayne, eu fiquei de cara. Mas o álbum é primoroso, aliás, não só esse, mas os três. Desde que eu ouvi o The Listening, já virei fã dos caras. O Lil' Bro não só é um dos melhores grupos da atualidade, como está fazendo história. O Phonte realmente é um dos melhores emcees no jogo, e o gordinho também não fica atrás. Perder um produtor do calibre do 9th Wonder e mesmo assim lançar um álbum desse não é pra cada um. Vida longa ao Little Brother!

Anônimo disse...

...não é pra QUALQUER um. Hehehe, deu pra entender, né?

Felipe Schmidt disse...

hehe, eae james,entendi sim

realmente, o minstrel show foi pela atlantic, erro meu

little brother tá se tornando um dos melhores grupos da cena, com certeza, nem senti talto a falta do 9th Wonder nesse álbum, os caras, principalmente o Phonte, souberam compensar...

abraço!